Opinião

O país esquecido

Redação / Assessoria
12/05/2015 13:39
O país esquecido Imagem: Divulgação / Luiz Augusto Pereira, diretor da Fiabci/Brasil Visualizações: 605

A crise hídrica e a possibilidade de falta de energia, devido ao problema do baixo regime pluvial, revelam algo que tem permeado a trajetória do Brasil neste século e no passado: ausência de planejamento de longo prazo para a sustentabilidade dos sistemas essenciais à vida das pessoas, à economia, à produção e ao desenvolvimento. É inadmissível que o país com a maior reserva hídrica e o maior potencial hidrelétrico do planeta submeta sua população a riscos de fornecimento devido ao fato de ter chovido menos.

Nossa cultura, infelizmente, parece ter consolidado o improviso, as soluções paliativas de curto prazo e o desgastado jeitinho, que se adotam sob crises já deflagradas, no ritmo da pressão da mídia e de algumas poucas manifestações sérias da sociedade. Passado o momento agudo do problema, tudo é relegado e se retorna à rotina do não planejado.

Tais características sugerem que o Brasil é um país esquecido por todos. Privilegiam-se, aqui, os interesses individuais e de grupos. A sociedade reage apenas sob a pressão de situações iminentes de crises. Essa peculiaridade de comportamento atingiu sua condição superlativa no exercício da política. Inverteu-se a lógica filosófica do conceito de Estado: este, ao invés de servir à população, como se supõe nas democracias, parece colocar-se a serviço dos partidos.

Tal distorção reforça a tendência do improviso e a visão de curto prazo, norteadas sempre pelo horizonte das eleições, a cada dois anos. As propostas à sociedade, na disputa pelo voto, são sempre focadas nas situações prementes. Ninguém mostra ao eleitor como se pretende construir uma nação desenvolvida, com infraestrutura moderna e eficiente, oferta de energia e água não suscetíveis às variações climáticas e sustentável sob os aspectos econômico, social e ambiental.

Uma das consequências mais graves da falta de planejamento, já que medidas paliativas e o improviso não resistem às mudanças conjunturais, é a ausência de regras consistentes para a indústria, o comércio, os serviços, a construção civil, a incorporação imobiliária, o sistema financeiro e até o agronegócio, que tem sido o salvador de nossa balança comercial. Advém daí a insegurança jurídica tão reclamada por todos, acentuada, muitas vezes, por atitudes exageradas na interpretação e aplicação das leis. Exemplo disso é a constatação de numerosos embargos, por motivos relativos ao licenciamento ambiental, de empreendimentos dos setores público e privado que já foram aprovados nesse quesito. Assim, enquanto o risco de falta de energia afugenta investimentos, bloqueiam-se obras de grandes hidrelétricas.

A história mostra que sem metas definidas e planejamento não se vai a lugar algum. Hoje, mais do que nunca, estamos sentindo isto na pele: inflação, desemprego aumentando, índice de confiança baixo, tanto do empresário como do consumidor, corrupção, impunidade e uma frustração generalizada.   Está na hora de o Brasil saber, de fato, o que deseja ser. Para isso, é preciso, nas instâncias federal, municipal e estadual, colocar o Estado a serviço da sociedade e não dos partidos e do governo. A este cabe exatamente fazer com que a máquina pública sirva à Nação. A prioridade, definitivamente, é o país, que não pode continuar esquecido, como se não fosse a terra de todos nós.

* Luiz Augusto Pereira, diretor da Fiabci/Brasil

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Combustíveis
Postos Petrobras mantêm liderança em confiança com progr...
21/10/25
Petrobras
Perfuração é liberada na Margem Equatorial
21/10/25
Etanol
Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa a...
21/10/25
Projeto
Parceria entre Neoenergia e Estaleiro Atlântico Sul most...
21/10/25
OTC Brasil 2025
PPSA realiza evento sobre Leilão de Áreas Não Contratada...
21/10/25
ANP
Transmissão do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha...
21/10/25
Combustíveis
Petrobras reduz preços da Gasolina A em 4,9% para distri...
21/10/25
Pré-Sal
União recebe R$ 1,54 bilhão por acordo celebrado entre P...
21/10/25
Margem Equatorial
Concessão de licença para perfuração na Margem Equatoria...
20/10/25
Margem Equatorial
Manifestação da ABESPetro sobre o licenciamento da Marge...
20/10/25
Combustíveis
Fiscalização do abastecimento: ANP firma acordo com o Ip...
20/10/25
Negócio
Transpetro lança licitação para aquisição de barcaças e ...
20/10/25
Etanol
Anidro recua 0,15%, e hidratado sobe 0,77%
20/10/25
Exportação
Petrobras irá vender seis milhões de barris de petróleo ...
17/10/25
COP30
IBP e Câmara Brasil-Texas debatem papel estratégico do B...
17/10/25
Bacia de Campos
ANP autoriza retorno da produção do FPSO Peregrino
17/10/25
OTC Brasil 2025
Equinor marca presença na OTC Brasil 2025 e apresenta so...
17/10/25
Firjan
Em reunião do Conselho de Petróleo e Gás da Firjan, pres...
16/10/25
Parceria
Nexio fecha parceria com Porto do Açu para projetos de i...
16/10/25
Pernambuco
Petrobras e Tenenge avançam na construção de nova unidad...
16/10/25
Bacia de Santos
Bacalhau, maior campo internacional da Equinor, inicia o...
16/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23