Valor Econômico
A crise econômica global mudou a estratégia da Sandvik, indústria multinacional sueca de equipamentos de mineração que inaugurou ontem sua fábrica em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, depois de um investimento de R$ 56 milhões. Inicialmente pensada para atender a demanda brasileira com sua capacidade de produção de 200 mil roletes, cavaletes e polias, a empresa deve agora destinar para a unidade nacional encomendas do exterior, enquanto o mercado brasileiro recupera o fôlego.
"A crise trouxe outra realidade. Começamos a operar com capacidade ociosa de 50% e nossa projeção é que a demanda daqui não ocupará 100% da nossa capacidade a curto prazo. Sobra assim espaço para as exportações", comentou o presidente da Sandvik brasileira, Glauco Teixeira.
O grupo está presente no Brasil desde a década de 60, mas a subsidiária produtora de equipamentos para mineração e construção, a Sandvik Mining Construction, tem apenas dez anos. Em São Paulo, deve ser desativada uma unidade fabril da Sandvik Ferramentas, com 50 funcionários, que produz equipamentos para perfuração. "Pela baixa demanda, é mais compensador importar este tipo de produto de nossas unidades na Europa ou na África do Sul", disse Teixeira.
O grupo sueco, presente em 130 países, faturou em 2008 cerca de US$ 11 bilhões. Segundo o presidente mundial da Sandvik Mining, Lars Josefsson, presente na inauguração da unidade brasileira, a crise fez com que a receita da Sandvik caísse de 30% a 40% no primeiro semestre de 2009, conforme o produto. "Mas a tendência de queda já parou. O ritmo de encomendas permite dizer que a área de mineração saiu do fundo do poço", afirmou.
Segundo o balanço da holding, o faturamento do grupo caiu de 46 bilhões de coroas suecas para 37 bilhões de coroas suecas nos dois primeiros trimestres deste ano, em comparação com o mesmo período no ano passado. Na Sandvik Mining houve um recuo de 18,1 bilhões de coroas suecas para 16,8 bilhões nestes intervalos de tempo. As vendas do grupo para a América do Sul no segundo trimestre de 2009 atingiram 5,8% do total, um recuo de 36% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O recuo foi mais severo na área de tecnologia de materiais, com queda de 58% e mais suave nos produtos da Sandvik Mining, com recuo de 27%. A Sandvik atualmente detém 60% do mercado de perfuratrizes no Brasil, 30% do mercado de britagem e 90% das ferramentas de perfuração.
O Estado de Minas Gerais concentra cerca de um terço das maiores minas brasileiras, mas a decisão da Sandvik de instalar-se no local teve motivação tributária. "Recebemos incentivos encorajadores do governo estadual", disse Josefsson. Os diretores da empresa evitaram entrar em detalhes. Segundo Luiz Cardoso, gerente da unidade de Vespasiano, o governo estadual concedeu, por quatro anos, uma redução na base de cálculo para a cobrança do ICMS.
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