Um dos pioneiros na pesquisa sobre combustíveis renováveis no país morreu ontem (25) à noite em São Carlos (a 230 km de São Paulo). O professor Romeu Corsini, que tinha 93 anos, foi diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
RedaçãoUm dos pioneiros na pesquisa sobre combustíveis renováveis no país morreu ontem à noite em São Carlos (a 230 km de São Paulo). O professor Romeu Corsini, que tinha 93 anos, foi diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
“O país perde um grande pesquisador da área aeronáutica e de energia”, disse o prefeito Oswaldo Barba (PT). “A maior expressão do trabalho do professor Corsini é o desenvolvimento do motor a álcool, que revolucionou o mercado automobilístico brasileiro e mundial”, completou o prefeito.
Entre as inúmeras contribuições que sua atuação trouxe para São Carlos, está a vinda do curso de Engenharia Aeronáutica, o primeiro curso civil da área no país, instalado no Campus 2 da USP e que formou a primeira turma em dezembro de 2006.
Romeu Corsini graduou-se pela Escola Politécnica da USP em engenharia elétrica, em 1942, e em engenharia aeronáutica em 1946, no IPT. Integrou-se profissionalmente à USP em 1936, onde fez toda sua carreira de pesquisa e acadêmica, sempre nas áreas de aeronáutica e energia. Corsini iniciou ainda projeto das Mini Usinas de Álcool Integradas, para a produção de etanol combustível de alta qualidade e baixo custo.
No IPT, onde trabalhou em cerca de 20 projetos aeronáuticos, ingressou em 1938, e em 1941, juntamente com Adonis Maitin, desenvolveu o avião Paulistinha. Também em 1941, participou diretamente da criação da Cidade Universitária da USP.
Reproduzimos aqui mensagem postada por Luiz Horacio d Almeida Geribello no Blog do jornalista Luiz Nassif sobre o mestre Romeu Corsini :
"Os usineiros, a indústria automobilística brasileira, o governo e a economia brasileira têm demonstrado pouca ou nenhuma gratidão e reconhecimento ao professor Romeu Corsini, pioneiro no estudo e na pesquisa do álcool como alternativa viável para a gasolina.
Minha mãe e outra professora eram assessoras dele, no Instituto de Pesquisa. Sem nenhuma verba, completamente esquecidos, sem poder desenvolver nenhuma atividade de vulto ou de porte, ficaram praticamente paralizados, durante anos, aqui em São Carlos.
Ao mesmo tempo, não se chegou a respeitar e dar ao professor e ao seu gabinete de trabalho o nível de recursos e a categoria de estudos que toda a sua trajetória acadêmica atesta, desde a Politécnica, o IPT e a consolidação da Cidade Universitária em São Paulo e da Escola de Engenharia de São Carlos, que se tornaram modelos máximos na produção de tecnologia.
Totalmente desprestigiados, chegou-se a dizer, como se fosse maior feito, que ele foi o “inventor do avião Paulistinha”, para negar a importância gigantesca do seu trabalho pioneiro na indústria atual do álcool. Suas assessoras foram desvinculadas do gabinete e tentou-se dar a elas destinos também pouco dignos. Minha mãe chegou a ser demitida da Prefeitura, depois de ter feito renascer o Teatro Municipal de São Carlos, que passou a despertar a cobiça de outros setores e administrações, entre outras atuações sempre destacadas, em nossa cidade. Entrou com processo contra a Prefeitura e ganhou, em primeira instância. O processo agora está com recurso em instância superior. Ela não quis ser reintegrada, pois durante anos ficou afastada de suas funções regulares, como Chefe de Seção da Prefeitura, na área cultural.
Disseram que foi porque ela se aposentou, mas agora já há pareceres suficientes dizendo que aposentadoria não é razão para demitir ninguém. Então, como é que fica? Vamos ter de aguentar cara feia de administradores que estão chegando agora em São Carlos, quando nós estamos aqui há muito e muito tempo, desde os primórdios da cidade?
Fica o apelo aos usineiros, à sociedade brasileira, para que valorizem e reconheçam com o devido mérito, e na devida proporção o professor Romeu Corsini, e o que sucedeu com seu gabinete e com suas assessoras. Hoje pode-se falar em bilhões e bilhões de dólares, que não acabam mais, em milhões de famílias sendo diretamente beneficiadas, em populações inteiras usufruindo desses estudos, e o que receberam em troca essas pessoas? E não são eles que estão cobrando. Sou eu, que assisti de perto, e tenho de ficar vendo cara feia, quando saio na rua.
O setor brasileiro do álcool tem de continuar monstrando sua grande capacidade de aprender e se aperfeiçoar, e de mudar seus padrões arcaicos para os modernos, e estender essa visão abrangente para todo o ciclo produtivo, para as pessoas que ajudaram-nos a produzir tantas riquezas, para hoje e para amanhã".
Aqui o link original para a postagem.
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