Golfo do México 3

Mercado mais apreensivo pressiona as ações da BP

Valor Online / The Wall Street Journal
02/06/2010 14:00
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As ações da BP PLC despencaram 15% ontem em Nova York por causa do pânico dos investidores com o fracasso da tentativa de conter o vazamento de petróleo no Golfo do México e a crescente preocupação com a disparada nos custos da limpeza.

 

A onda de vendas, que reduziu o valor de mercado da BP em cerca de US$ 20 bilhões, reflete o receio cada vez maior dos investidores em relação ao futuro da empresa, que tem que lidar com o maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos e com desavenças políticas cada vez mais acirradas por causa do desastre.

 

Os acionistas temem que o custo final do vazamento, que já chega a US$ 990 milhões, possa se provar desastroso para a BP, enfraquecendo fatalmente a empresa, que faz parte da maioria das carteiras dos grandes fundos de investimento de Londres.

 

A pressão sobre a petrolífera aumentou também no fim da tarde, quando o Departamento de Justiça americano anunciou o início de uma investigação criminal sobre o desastre.

 

Também um reflexo do nervosisimo do mercado, o custo do seguro da dívida da BP atingiu um recorde na terça-feira, disparando 75%. Hoje, o custo médio para segurar US$ 10 milhões em dívida emitida pela BP está em US$ 178.000 anuais.

 

A petrolífera já enfrenta uma monumental onda de ações judiciais e pedidos de indenização de pessoas cujo meio de vida foi afetado pelo vazamento - de pescadores, incluindo os que vivem do camarão, a donos de restaurantes. Os custos financeiros vão crescer à medida que o derramamento de petróleo se expande, especialmente se os investigadores conseguirem provar negligência criminal.

 

As ações de prestadoras de serviços para o setor petrolífero também sofreram no pregão em Nova York. Os papéis da Halliburton Co., que cimentou o poço da BP antes do vazamento, caíram 14,8%, e os da Schlumberger perderam 7,8%. As açoes da Anadarko Petroleum Corp., sócia da BP no poço Macondo, caíram 19,6%.

 

Depois do fracasso da operação em que tentou fechar o poço com a injeção de líquidos pesados e detritos, durante o fim de semana, a BP afirma agora que sua única esperança para paralisar completamente o fluxo é um poço de alívio, que não vai alcançar a profundidade necessária até agosto. A perspectiva de que o petróleo continue sendo despejado no golfo por mais dois meses assombrou a Casa Branca, os moradores da região e os investidores.

 

"Quanto mais isso se estende, mais problemas traz para a BP, tanto para as finanças quanto para a reputação da empresa", diz Simon Murphy, gestor de fundos da Old Mutual Asset Managers e acionista da BP. Segundo ele, os dividendos da petrolífera estão sob mais pressão do que se pensava.

 

Embora a maioria dos analistas diga que o balanço da BP é robusto o suficiente para absorver o custo do vazamento, qualquer que seja o tamanho que venha a ter, alguns alegam que a BP corre o risco de ficar tão enfraquecida pela conta final da limpeza e pelo golpe contra a sua marca nos EUA que pode acabar se tornando um alvo de compra.

 

"Se as ações continuarem em queda nas próximas semanas, as pessoas vão começar a ver a empresa como uma pechincha, independentemente do passivo que a limpeza venha a criar", disse Dougie Youngson, analista do setor petrolífero da Arbuthnot Securities. Ele também especulou que o presidente da BP, Tony Hayward, possa ter que deixar a empresa por conta da crise.

 

Existem também preocupações com o futuro da BP no Golfo do México, que é uma área-chave no seu esforço de exploração global.

 

De acordo com analistas do Deutsche Bank, o golfo vai representar cerca de 14% da produção estimada da empresa em 2010.

 

"Quanto mais essa situação se prolonga, maiores os riscos para os negócios da BP nos EUA e para o acesso a novas licenças", diz Will Riley, co-gestor do Guinness Atkinson Global Energy Fund e acionista da BP.

 

Os esforços da empresa, antes voltados para fechar o poço danificado, agora estão concentrados na captura do fluxo e na canalização dele para a superfície.

 

O plano mais recente envolve o uso de robôs submarinos para cortar o tubo que está vazando e que sai do equipamento de prevenção de explosões, a grande pilha de válvulas acima do poço no leito do mar. Os engenheiros da BP colocariam, então, uma tampa no vazamento que drenaria o petróleo e o gás para uma tubulação de cerca de 1,6 km até um navio.

 

Mas há dúvidas sobre se o procedimento, que nunca foi tentando a essa profundidade, vai funcionar.

 

A apreensão com os enormes custos do vazamento criou o temor de que a BP possa ser forçada a cortar dividendos, algo que não acontece desde 1992 e pode ter um grande efeito em sua posição na Bolsa de Londres. Muitos grandes fundos contam pesadamente com o fluxo de capital que vem de pagamentos feitos por algumas grandes empresas, e a BP é uma das maiores delas.

 

Mas a política de dividendos da petrolífera pode ter que ser alterada diante da crescente irritação popular com a forma como a empresa está lidando com o vazamento. "A direção vai estar sob pressão para não distribuir muito dinheiro aos acionistas" enquantos os residentes da costa do Golfo do México estiverem sofrendo, disse Murphy.

 

(Colaborou Michael Wilson)
 

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