Conferência

Lula ataca álcool de milho na FAO

Jornal do Commercio
04/06/2008 11:55
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Em sua cruzada em favor do etanol da cana de açúcar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem na Organização das Nações Unidas para Agricultura e alimentos (FAO) o seu primeiro ataque direto ao álcool produzido a partir do milho para uma platéia de chefes de estado. "Não sou favorável que se produza etanol a partir de alimentos, como milho e outros. (...). Etanol é como colesterol: há o bom e o mau. O bom etanol ajuda a despoluir o planeta e é competitivo. O mau etanol depende das gorduras dos subsídios", afirmou o presidente, provocando aplausos na platéia da Conferência de Alto Nivel da FAO sobre Segurança alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia.

 

Foi um dos discursos mais esperados da Conferência da FAO. E também o mais longo da manhã de ontem. Lula falou por 30 minutos, ao ponto de fazer o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, reclamar ao final, pedindo que os demais palestrantes não se demorassem mais do que cinco minutos.

 

Na sua fala, o presidente usou palavras fortes, como "indignação, desolação, e espanto" para se referir ao lobby das grandes empresas de petróleo contra pó etanol e aos subsídios agrícolas. "Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão", disse o presidente, para emendar: "Vejo com desolação que muitos dos que responsabilizam o etanol de cana de açúcar pelo alto preço dos alimentos são os mesmos que há décadas mantêm políticas protecionistas, em prejuízo dos agricultores dos países mais pobres e dos consumidores de todo o mundo", afirmou Lula, que tinha na platéia timoneiros de países com as políticas consideradas as mais protecionistas do mundo, caso do francês Nicolai Sarkozy,

 

O "espanto" de Lula se referiu ás tentativas de "lobbies poderosos", de colocar o etanol como o vilão na alta do preço dos alimentos. "é uma burla que não resiste a uma discussão séria". E tentou refutar um a um os argumentos. Usando dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos "para que não se alegue que estou usando apenas estatísticas brasileiras" __ Lula lembrou que o etanol ocupa apenas 1% dos 63 milhões de hectares de terra que o Brasil destina á lavoura. Há ainda outros 200 milhões de hectares destinados ás pastagens.

 

Ele citou ainda o crescimento da produção de grãos, de 142% de 1990 para cá, segundo ele. "Assim, não se sustenta a afirmação de que o crescimento da ´produção de etanol no Brasil se faz às expensas da produção de alimentos", comentou. Ele se referiu ainda ao que considera um argumento "sem pé nem cabeça", o de que os canaviais brasileiros estão invadindo a Amazônia. "quem fala uma bobagem dessas não conhece o Brasil", disse Lula. E dê-lhe números: "a Região Norte, onde fica quase toda a floresta amazônica, tem apenas 21 mil hectares de cana, ou seja, 0,3% do total da cana. Ou seja, 99,7% estão a pelo menos 2 mil quilômetros de distância da floresta. Isto é, a distância dos nosso canaviais da Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e Kremlim", disse Lula. E mais aplausos na sala dos políticos.

 

O discurso foi distribuído de forma a contemplar os três temas da conferência, segurança alimentar, mudanças climáticas e bioenergia aos benefícios do etanol de cana de açúcar e aos "intoleráveis" subsídios agrícolas. No quesito mudanças climáticas, Lula lembrou que os carros movidos a gasolina poluem oito vezes e meia mais do que um movido a etanol. "o etanol não é apenas um combustível limpo, é um que limpa enquanto está sendo produzido", disse ele, convidando todos os presentes para a conferência científica internacional que fará em novembro, em São Paulo, para discutir os biocombustíveis.

 

Lula lembrou que há pelo menos 100 países que podem adotar a bioenergia e, a partir daí, promover desenvolvimento, gerar empregos. "é preciso reconhecer que se a agricultura dos países em desenvolvimento tivesse sido estimulada por um mercado livre, talvez não estivéssemos vivendo essa crise de alimentos", comentou ele, quase no final do discurso. A idéia do presidente é reformular visões e reciclar idéias. E ele saiu do plenário com a certeza de que, alguma cabeça, ele mexeu.

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