Reuters, 15/06/2021
A questão coloca frente a frente dois importantes apoiadores da atual administração: os executivos das refinarias e os fazendeiros que dependem de mandatos de biocombustíveis para sustentar um enorme mercado de milho.
O impasse pode provocar uma reviravolta no governo, que vinha revertendo o quadro de expansão das isenções ao programa Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS, na sigla em inglês), criado pelo presidente anterior, Donald Trump.
A princípio, a lei exige que as refinarias misturem bilhões de litros de etanol e outras opções renováveis em seu combustível a cada ano ou que comprem créditos daqueles que o fazem.
Os créditos, conhecidos como Números de Identificação de Renováveis (RINs), estão atualmente em seu preço mais alto dos 13 anos de história do programa. Consequentemente, os refinadores argumentam que o RFS ameaça falir fabricantes de combustível já atingidos pela queda na demanda vista durante a pandemia.
Os defensores dos biocombustíveis afirmam que as refinarias deveriam ter investido em instalações de mistura de biocombustíveis anos atrás e que podem repassar aos consumidores os custos com a compra de créditos.
O valor dos créditos de combustível renovável caiu 15% na manhã de sexta-feira, após a divulgação da notícia. Eles foram negociados a US$ 1,70 cada, ante US$ 2,00 na quinta-feira, disseram os traders. Posteriormente, os papéis foram vendidos a US$ 1,85.
Os senadores democratas Chris Coons e Tom Carper, de Delaware -- estado de Biden --, tiveram pelo menos duas reuniões nas últimas semanas com o chefe da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), Michael Regan, para discutir medidas de auxílio aos refinadores, de acordo com as três fontes.
Coons e Carper estavam tentando ajudar a única refinaria do estado, uma planta com capacidade de produção de cerca de 28,6 mil litros por dia. Estes pedidos se somaram a um coro de apelos de outros estados que possuem refinarias, incluindo Pensilvânia, Texas e Louisiana.
Nas reuniões, segundo duas das fontes consultadas, Regan e os senadores discutiram opções como: uma isenção geral nacional de algumas obrigações; a redução da quantidade de usinas de combustível renovável no futuro; a criação de um limite de preço para os créditos; e a emissão de uma declaração de emergência.
O porta-voz da EPA, Nick Conger, confirmou que Regan se reuniu com os senadores, mas não comentou as discussões ou confirmou se a agência está procurando maneiras de fornecer alívio aos refinadores.
Coons não respondeu a pedidos de comentário. Já um porta-voz de Carper disse que o senador conversou várias vezes com Regan sobre os altos custos dos RINs.
O assistente do presidente para questões trabalhistas e econômicas, Seth Harris, também se reuniu com representantes sindicais para ouvir suas queixas sobre os mandatos dos biocombustíveis, disseram as duas fontes. Harris não respondeu a um pedido de entrevista.
Refinarias como a PBF Energy, que opera a usina em Delaware, disseram que as leis de biocombustíveis podem fechar fábricas e acabar com milhares de empregos sindicalizados.
A empresa fechou recentemente a maior parte de sua refinaria em Nova Jersey após a mais recente de uma série de paralisações feitas ao longo da costa leste dos Estados Unidos.
A região, que enfrenta custos de refino mais elevados por causa de sua distância em relação aos campos de petróleo, viu a capacidade de produção de combustível cair cerca de 40% desde 2000.
Dados federais mostram que seguem em atividade apenas oito das 17 refinarias que operavam na costa leste dos EUA em 2000.
Além disso, pelo menos uma empresa já aposta que o governo vai acabar ajudando as refinarias. A Reuters relatou anteriormente que a Delta Air Lines Inc parou de comprar RINs, deixando sua refinaria na Pensilvânia com um passivo de US$ 346 milhões ao final do primeiro trimestre de 2021.
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