<P>Quase três meses depois das enchentes no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, a principal área portuária para transporte de cargas em contêineres de Santa Catarina continua com suas operações comprometidas. Os portos de Itajaí e Navegantes, localizados um de frente para o outro às margens ...
Valor EconômicoQuase três meses depois das enchentes no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, a principal área portuária para transporte de cargas em contêineres de Santa Catarina continua com suas operações comprometidas. Os portos de Itajaí e Navegantes, localizados um de frente para o outro às margens do rio Itajaí-Açu, estão operando apenas com 30% de sua capacidade.
Alguns armadores suspenderam parte das linhas que operavam na região, migrando suas operações para outros portos. Com a obra de dragagem ainda em andamento, a profundidade nessa região portuária está em 8,4 metros, quase três metros a menos do que as condições existentes antes das fortes enchentes que afetaram a região.
Se as obras não forem aceleradas, a empresa será forçada a suspender algumas operações, disse Wilson Roque, gerente para região sul da Aliança/Hamburg Süd, citando o fato de que a profundidade em que o porto se encontra limita as operações de alguns navios à metade das cargas que normalmente transportariam, prejudicando a rentabilidade da operação. A Aliança/Hamburg Süd é uma das poucas empresas de navegação que continuaram a operar na região mesmo após as enchentes.
Pela limitação da profundidade, alguns armadores focaram suas operações em outros portos, como foi o caso da CMA CGM. Diversas indústrias, que utilizavam os serviços de Itajaí para transporte dos seus produtos, como frigoríficos, também passaram a usar portos nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A obra de dragagem teve início no fim de dezembro, depois de licitação da Secretaria Especial de Portos. O consórcio Draga Brasil, que venceu a licitação com valor de R$ 17,5 milhões, é formado pelas empresas EIT, DTA Engenharia, Equipav e Chec Dredging.
A direção do porto de Itajaí chegou a estimar a conclusão das obras para o fim de janeiro, mas, segundo o diretor comercial Robert Grantham, naquele momento a direção não tinha conhecimento dos detalhes do contrato, que prevê até 90 dias para sua conclusão. Segundo ele, o porto também tinha uma visão mais otimista depois que viu uma draga de 13,5 mil m³ de capacidade chegar a Itajaí para o início dos trabalhos.
Depois fomos informados que essa draga foi usada em substituição a uma outra menor, que naquele momento não estava disponível. Assim que a draga menor ficou disponível, ela substituiu a de grande capacidade, comentou Grantham. Atualmente, duas dragas, uma de 3 mil m³ de capacidade e outra de 5 mil m³ trabalham na dragagem de Itajaí.
Apesar da preocupação do mercado com a agilidade, Labieno Mendonça, superintendente da Equipav, destacou que não há atraso em relação ao cronograma previsto nem se trabalha com essa hipótese. Pelo contrato, o consórcio tem prazo para entregar a dragagem concluída até 30 de março, mas pretende realizá-la no dia 15 de março.
Ele esclareceu que desde que foi assinado o contrato já estava previsto o uso de dragas de 3 mil m³ e 5 mil m³, confirmando a substituição da draga de 13,5 mil m³, que foi trazida em uma resposta rápida, enquanto a menor não estava disponível. Não houve má fé na retirada dessa draga, afirmou.
Para armadores como a Hamburg Süd, a data de 15 de março é muito tempo para esperar pela normalidade das operações. Houve até agora muita falha de informação. Não sabemos nem quando ao certo a profundidade chegará a 9,5 metros. Desde o dia 16 de janeiro a direção do porto fala que em uma semana as obras chegariam a isso, mas ainda não chegaram, reclamou Roque. Osmari Castilho, superintendente do Porto de Navegantes, reforçou dizendo que é necessário ter a condição firme sobre a profundidade permitida porque isso é fundamental para os armadores reprogramarem suas escalas.
Mendonça diz que entre os dias 17 e 18 de fevereiro devem conseguir chegar aos 9,5 metros. Apesar da saída de algumas empresas de navegação, Grantham acredita que o porto, assim que restabelecida a profundidade do rio, reconquistará sua importância comercial. Antes das enchentes, de janeiro a outubro do ano passado, Itajaí movimentou US$ 10 bilhões e era o principal do país em cargas refrigeradas.
Para voltar à condição anterior, precisará de um calado de 10,5 metros e profundidade de 11,3 metros, além de reconstruir dois berços de atracação, cujas obras ainda não foram iniciadas. A licitação, depois de refeita, envolveu 20 empresas e foi fechada com o consórcio Triunfo/Serveng/Constremac, que apresentou o valor de R$ 171,8 milhões. Já para a retroárea, a obra será da Construter, por R$ 28 milhões.
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