Estaleiros

Ishibrás vai se reestruturar com entrada de novos sócios

<P>O Ishibrás, estaleiro surgido de um projeto japonês aprovado em novembro de 1958, ocupa 400 mil metros quadrados no bairro do Caju, na zona portuária do Rio. Ali funcionários da Sermetal, empresa que arrenda parte das instalações, fazem reparos em navios nos dois diques secos, um deles cons...

Valor Econômico - SP
08/03/2007 00:00
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O Ishibrás, estaleiro surgido de um projeto japonês aprovado em novembro de 1958, ocupa 400 mil metros quadrados no bairro do Caju, na zona portuária do Rio. Ali funcionários da Sermetal, empresa que arrenda parte das instalações, fazem reparos em navios nos dois diques secos, um deles considerado o maior da América do Sul. Com isso, a Sermetal faturou cerca de R$ 80 milhões em 2006, pouco se comparado ao período em que o estaleiro construiu embarcações de até 300 mil toneladas.

Mas a sorte do antigo Ishibrás, que era a subsidiária brasileira da japonesa Ishikawajima-Harima Heavy Industries, pode estar mudando a partir de uma operação de venda das instalações, fechada no início do ano. No negócio, a Indústrias Verolme Ishibrás S.A. (IVI), empresa de Nelson Tanure, desfez-se de 100% das ações da Companhia Brasileira de Diques (CBD), dona das instalações do estaleiro, para a sociedade de propósito específico GFS Premium Administração e Participações S.A.

A GFS tem como sócios a Inepar Administração e Participações (IAP), com 33%, e investidores financeiros e estratégicos. A IAP é a holding que controla a Inepar Indústria e Construções. A Fator Empreendimentos, do mesmo grupo do Banco Fator, também detém 33% da GFS, uma participação transitória que deverá ser alienada. Os demais sócios não tiveram os nomes revelados por cláusulas de confidencialidade nos contratos.

Atilano de Oms Sobrinho, presidente da Inepar Indústria e Construções, disse ao Valor que a compra da CBD foi feita por cerca de R$ 300 milhões e será paga em 20 anos. Fontes próximas das negociações disseram que o valor da operação foi de US$ 140 milhões. Wellington Pinho, sócio de Tanure na Companhia Docas, disse que o pagamento será feito em 240 mensalidades. O valor da prestação começa baixo e vai subindo, informou. A IVI, que controlava a CBD, surgiu em 1994 da fusão dos estaleiros Emaq, Verolme e Ishikawajima do Brasil (Ishibrás).

Segundo as fontes, o contrato entre IVI e GFS incluiria cláusula segundo a qual os compradores, se não tiverem resultados, poderiam devolver a área do estaleiro ao fim de cinco anos perdendo o dinheiro que colocaram. Oms nem pensa nisso. Diz que a CBD conclui planejamento estratégico que prevê investimentos em diferentes áreas de atuação no estaleiro. A CBD fará arrendamentos para operações de áreas do estaleiro com empresas de diferentes setores. A lista inclui construção de navios e plataformas de petróleo, reparos navais e montagem de equipamentos para a exploração de petróleo e gás, além de apoio às atividades offshore.

Quem acompanha os acertos diz que o estaleiro funcionará como um condomínio. A idéia é que a Sermetal, que há dez anos arrenda 100 mil dos seus 400 mil metros quadrados, continue a fazer reparos de navios no dique menor. A Sermetal, que era a empresa de engenharia civil da Ishibrás, foi incorporada por funcionários quando o estaleiro entrou em dificuldades. Hoje são cinco sócios.

Carlos Henrique Moreira Gomes, presidente da Sermetal, afirma que a empresa tem a opção de adquirir participação acionária na CBD, o que lhe permitiria passar de arrendatária a sócia do estaleiro. Outra área do antigo Ishibrás deverá ser ocupada pela Iesa Óleo e Gás, que utilizará parte do estaleiro para agregar valor a equipamentos para a indústria de petróleo e gás produzidos pela sua controladora, a Iesa Projetos, Equipamentos e Serviços, com fábrica em Araraquara (SP).

A Iesa é subsidiária integral da Inepar. Nas negociações para a compra da CBD, a Iesa foi uma peça importante porque, como fornecedora da Petrobras, a empresa precisava de uma área com saída para o mar. O estaleiro tem cais na Baía de Guanabara. De acordo com Oms, um dos ativos da CBD é a Poliportos Terminais que irá sublocar áreas no estaleiro para empresas interessadas em desenvolver atividades que tenham sinergia com a construção naval e a indústria de petróleo e gás.

A maior parte do antigo Ishibrás continuará dedicada à construção naval por meio do consórcio Rio Naval, que ganhou o direito de construir nove navios para a Transpetro por US$ 866 milhões ainda não assinado. O Rio Naval investirá entre US$ 16 milhões e US$ 20 milhões na modernização do estaleiro. O consórcio, formado por MPE (80%), Sermetal (10%) e Iesa (10%), passa por mudanças. Fontes da indústria disseram ao Valor que o consórcio mudou sua constituição face às dificuldades de receber financiamento do BNDES para a construção dos navios. Agora, o consórcio ficou com MPE (90%) e Sermetal (10%). Oms nega que a Iesa tenha saído do consórcio.

Renato Ribeiro Abreu, presidente do MPE, diz que o grupo tem a opção de comprar participação na CBD, mas primeiro quer assinar os contratos para construção dos navios com a Transpetro e o BNDES. A compra do estaleiro só faz sentido se houverem novas encomendas de navios, diz Abreu.

Segundo fontes do setor, o BNDES resistia em dar financiamento ao Rio Naval em função de dívidas de R$ 420 milhões que a Inepar, controladora da Iesa, tem com o banco. Oms disse que fez uma oferta final de acerto com o BNDES, segundo a qual 75% da dívida seriam pagos com ações da distribuidora elétrica Cemat, da qual a Inepar tem 35% do capital votante. O saldo da dívida seria pago em um plano de amortização.

O BNDES, segundo apurou o Valor, ficou preocupado com a operação entre IVI e CBD e quer conhecer os detalhes do contrato para saber que são os novos controladores. Apesar de o BNDES não ter hipoteca do estaleiro, há discussões jurídicas entre o banco e a IVI, assim como também existem disputas entre a IVI e a Petrobras. Em relação ao Rio Naval, o BNDES aguarda, antes da assinatura, que o consórcio se constitua como empresa. O MPE também precisaria regularizar pendências cadastrais referentes a operações na área de agronegócio para viabilizar o empréstimo. Abreu, do MPE, disse que a renovação do cadastro junto ao banco é um procedimento normal, realizado todo ano.

Fonte: Valor Econômico - SP

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