Redação TN Petróleo/Assessoria IBP
No último dia da Rio Oil & Gas 2020, o painel “Vencendo nos anos 20: criando valor por meio da resposta às mudanças climáticas” apresentou desafios e oportunidades da transição energética. Segundo Michel Frédeau, Managing Director, Senior Partner e Head da BCG Global Climate Leadership Team, o momento é de otimismo, por conta da conscientização pública, movimentos políticos globais – eleições americanas e entrada da China no Acordo de Paris – e oportunidades para crescimento econômico. “A transição energética, nesta geração, deve gerar bilhões, até trilhões, em investimentos para diminuir emissões e alcançar objetivos sustentáveis”, disse, Michel. Os desafios destacados seguem sendo a redução das emissões de carbono em 50% até 2030, para que os objetivos do acordo sejam alcançados.
Mahendra Singhi, CEO da Dalmia Cement, é um exemplo de executivo que enxergou oportunidade na transição energética e se consagrou como early adopter. Após implementar estratégias de eficiência energética, um mindset de negócio progressivo e metas ousadas de sustentabilidade, sua empresa se tornou referência na produção de cimento. “Esse movimento começou em 2018, quando definimos que seríamos carbono neutro até 2040. Realizamos uma série de mudanças estruturais, mantendo a lucratividade da companhia, consumindo menos e produzindo mais. Percebemos que, com a pegada de carbono menor, podemos nos tornar uma das empresas mais lucrativas da Índia”, disse o executivo.
Andrew Gould, ex-CEO da Schlumberger, lembrou das peculiaridades do setor de energia. “Cerca de 84% da energia global vem de combustíveis fósseis. Os sistemas de energia são altamente complexos e integrados. Para que as empresas especializadas nas matrizes atuais possam fazer essa transição, será preciso tempo”, disse Andrew. Nesse sentido, ele lembra das energias de transição, exemplificando o gás natural como uma matriz que pode preencher esse gap entre fósseis e renováveis. Andrew vê com otimismo objetivos ambiciosos de sustentabilidade de empresas do setor, como Total e Equinor.
O timing da transição energética se mostra urgente e progressivo. “Não é mais um debate sobre quem acredita ou não nas mudanças climáticas. Já passamos disso. O ponto é que haverá regulações mais duras e consumidores demandarão mais das companhias. O debate acabou. Nós veremos a transição acontecer”, disse Mark Wiseman, ex-VP da Blackrock. Ele lembra os desafios atuais dos CEOs de grandes empresas de energia, cada vez mais pressionados por investidores para que tenham portfólios mais sustentáveis. “Além disso, outra dificuldade para investidores e executivos é a falta de padronização de indicadores e métricas divulgáveis em relatórios com resultados de uma agenda ESG. Precisamos de modelo padronizável e auditável”, lembrou Mark.
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