América do Sul

Investimento cai e Bolívia pode não ter gás suficiente

Valor Econômico
26/09/2006 03:00
Visualizações: 282 (0) (0) (0) (0)

Com uma drástica queda do investimento e a produção estagnada, a Bolívia já não tem como cumprir seus contratos de exportação de gás, afirmou ontem a Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos. Isso significa que o país pode não ter o gás que se comprometeu a fornecer para o Brasil e a Argentina.

Segundo a Câmara, entidade que representa as empresas de gás e petróleo no país, há um déficit de 5 milhões de metros cúbicos diários entre o contratado (incluindo aí a demanda interna) e a capacidade de produção. A entidade diz que só com investimentos na prospecção de novos campos será possível aumentar a produção.

O problema é que os projetos de prospecção foram suspensos até que se definam os novos contratos entre governo e empresas. Para a Câmara, porém, o investimento em prospecção será zero este ano.

"Há mais contratos de fornecimento firmados do que capacidade de produção", afirma Yussef Akly, porta-voz e diretor de Estratégia da Câmara. Os investimentos em 2006 devem ficar entre US$ 60 milhões e US$ 80 milhões, voltados todos para a produção dos campos já existentes, "pois as petroleiras têm contratos a cumprir". A Câmara diz que nada deve ser aplicado na prospecção de novos campos. Em 2005, os investimentos foram no total de pouco mais de US$ 200 milhões, sendo cerca de metade em prospecção.

Os contratos firmados de exportação prevêem o envio de 40,2 milhões de metros cúbicos diários de gás - cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários para o Brasil, de acordo com o contrato de suprimento entre os dois governos; 2,5 milhões para a térmica de Cuiabá, num acordo privado de fornecimento; outros 7,7 milhões vão para a Argentina. O mercado interno boliviano absorve 5 milhões de metros cúbicos. Isso eleva o total comprometido a mais de 45 milhões de metros cúbicos diários.

Mas a produção deve chegar este ano a apenas 41,1 milhões. "Estamos no topo da capacidade de produção", afirma Akly.

Os contratos firmados com o Brasil têm cláusulas prevendo preferência nas exportações. Com isso, os executivos da Petrobras esperam que o fornecimento ao país prevaleça sobre contratos posteriores, como o feito entre Bolívia e Argentina, e até mesmo sobre a demanda interna boliviana.

Porém o presidente da Bolívia, Evo Morales, criaria para si um problema caso desse preferência às exportações em detrimento ao consumo interno, já que um dos principais pontos de sua plataforma nacionalista é a promessa de primeiro dar gás aos bolivianos. O decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos, assinado por Morales em maio, é um desdobramento dessa política de "recuperação das riquezas naturais".

Yussef Akly diz que o país precisa de ao menos dois anos para aumentar sua produção - e mesmo assim, se houver aumento exponencial dos investimentos. "Numa situação de insegurança jurídica, isso não acontecerá", pondera.

A análise conjuntural e de perspectivas para 2006 da Câmara, divulgada ontem, prevê que os investimentos na produção de hidrocarbonetos fiquem em seu menor patamar desde 1996. "Infelizmente é um recorde de baixa de investimentos e não vejo como as empresas teriam disposição para aumentar seus aportes, com toda a incerteza que ronda o processo de nacionalização", diz Pedro Correa, estrategista de investimentos da assessoria Correa & Associados.

Executivos das petroleiras internacionais dizem, pedindo para não serem identificados, que não pretendem investir na Bolívia nada fora o necessário para a continuidade das operações.

O governo boliviano não se pronunciou sobre as estimativas da Câmara de Hidrocarbonetos, dizendo apenas que tem dados diferentes dos apresentados pela entidade e que as exportações do país estão garantidas. O Ministério dos Hidrocarbonetos entretanto não apresentou sua estimativa.

Uma comissão de técnicos da Petrobras retoma hoje as discussões sobre a indenização pelas duas refinarias da empresa no país, avaliadas em US$ 105 milhões, e sobre o reajuste de preço dos contratos de gás natural.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
DECOMBR SPE BRAZIL
Descomissionamento sustentável é prioritário
17/06/25
ANP
Acontece hoje (17/06) o 5º Ciclo da Oferta Permanente de...
17/06/25
E&P
Desafios do descomissionamento no Brasil
16/06/25
Fiscalização
ANP divulga resultados de ações de fiscalização em nove ...
16/06/25
Firjan
Macaé Energy 2025 debate o futuro do offshore e a integr...
16/06/25
Competição
Competição reúne equipes universitárias do Rio de Janeir...
16/06/25
Mato Grosso do Sul
Gás Natural: ANP assina acordo com agência reguladora do...
16/06/25
Petrol Industrial
Petrol Industrial aposta em tecnologia e forjamento para...
16/06/25
Petrobras
Relatório de Sustentabilidade mostra investimento de US$...
16/06/25
Resultado
Vendas de etanol totalizam 3 bilhões de litros em maio
16/06/25
Etanol
Anidro registra queda de 1,45% e hidratado recua 0,35%
16/06/25
Eólica Offshore
Primeiro projeto piloto de energia eólica offshore flutu...
16/06/25
Descarbonização
EPE lança análise sobre a Descarbonização do E&P brasile...
13/06/25
Firjan
No lançamento do Anuário do Petróleo no Rio, empresários...
13/06/25
Oferta Permanente
ANP realiza 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão n...
13/06/25
Negócio
ANP fará consulta e audiência públicas sobre atualização...
12/06/25
RenovaBio
ANP aprova nova norma para certificação de biocombustíveis
12/06/25
E&P
ANP aprova resolução com requisitos para cumprimento do ...
12/06/25
Bahiagás
Luiz Gavazza destaca expansão da Bahiagás e protagonismo...
12/06/25
Evento
SP Offshore 2025: segunda edição impulsiona nova fase da...
12/06/25
ANP
PRH-ANP: resultado final da edição 2025 será divulgado e...
12/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22