Oriente Médio

Infraestrutura limita petróleo do Iraque

Valor Econômico
25/04/2011 13:05
Visualizações: 198 (0) (0) (0) (0)
Com o barril de petróleo cotado a bem mais de US$ 100, um gargalo nas exportações no Iraque vem impedindo que parte da produção do país, ampliada recentemente, chegue a um mercado sedento.
 

Devastada por anos de guerra e sanções internacionais, a infraestrutura no sul do Iraque não consegue dar conta da crescente produção em campos da região, onde BP PLC, Exxon Mobil Corp, Eni SpA e Royal Dutch Shell PLC conseguiram aumentar a produção entre 10% e 20% com a modernização de poços existentes e a perfuração de novos poços.
 
 
A mais de US$ 112 o barril, a cotação do petróleo está pouco abaixo do recorde recente - graças à instabilidade política no Oriente Médio e ao cessar das exportações da Líbia. O petróleo adicional do Iraque poderia atenuar um pouco a pressão sobre os preços.
 

Hoje, o Iraque exporta 2,1 milhões de barris de petróleo por dia. Só que portos no sul do país podem processar apenas 1,8 milhão de barris por dia para exportação. O restante da produção de petróleo é exportado por oleodutos que atravessam a Turquia e vão dar no Mar Mediterrâneo.
 

Até o fim do ano que vem, o Iraque quer aumentar esse volume para 4,5 milhões de barris. A menos que dê para aumentar a capacidade nos portos do sul, devastadados 30 anos atrás durante a guerra Irã-Iraque e nunca reconstruídos, muito desse petróleo não terá como sair dali. Se pudesse escoar tudo o que produz, o Iraque seria o terceiro maior exportador de petróleo bruto do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, que exporta mais de 6 milhões de barris por dia, e da Rússia, que exporta 4,8 milhões de barris por dia.
 

O Iraque está correndo para construir novos oleodutos e instalações de armazenagem de petróleo para que a capacidade de exportação siga o ritmo do aumento da produção.
 

"Nesse momento, mais importante do que aumentar a produção de petróleo bruto é saber como armazenar e exportar esse petróleo", diz Dhiaa Jaafar, presidente da estatal South Oil Co., que supervisiona as exportações iraquianas de petróleo dos campos do sul.
 

Segundo Jaafar, a BP e a South Oil foram obrigadas há pouco tempo a reduzir a produção do campo de Rumaila devido à capacidade insuficiente de instalações portuárias no sul.
 
 
Faw - cidade peninsular do Golfo Pérsico onde o petróleo bruto fica esperando para ser transportado, por dutos, a petroleiros no mar - ainda traz as marcas da devastação sofrida durante a guerra travada entre 1980 e 1988 pelo governo de Saddam Hussein com o Irã. Durante a guerra, a península foi ocupada por tropas iranianas.
 

A reconstrução foi adiada pela invasão e ocupação do Kuait em 1990 e 1991, por anos de sanções que se seguiram e pela crise que se instalou após a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. Parte dos destroços de 64 imensas instalações de armazenagem de petróleo bombardeadas por aviões iranianos mais de 25 anos atrás ainda está à vista; o que restou de outros tanques de armazenagem foi vendido recentemente como sucata a empresas particulares de Basra, ali perto.
 

A expectativa é que Iraque e Arábia Saudita supram boa parte da capacidade adicional de produção de petróleo exigida para satisfazer a crescente demanda de mercados emergentes nos próximos 20 anos. Segundo projeções recentes da BP, o crescimento dos mercados emergentes vai aumentar a demanda por petróleo, biocombustíveis e outros combustíveis em 16,5 milhões de barris por dia até 2030. Boa parte dessa demanda adicional seria satisfeita por um acréscimo de 13 milhões de barris por dia na produção de países da Opep, sobretudo Arábia Saudita e Iraque.
 

"Sem o Iraque - com suas enormes reservas e oferta potencial -, o resto do mundo dificilmente vai dar conta da demanda projetada para o período de 2020 a 2030", diz Ann-Louise Hittle, diretora de análise do mercado petrolífero da Wood Mackenzie, de Boston. "Isso faria os preços do petróleo subirem muito e levaria a uma desaceleração do avanço na demanda, com implicações para o crescimento econômico mundial", acrescenta.
 

Depois de anos de dependência de uma rede de oleodutos que levam seu petróleo até a Turquia e dali para o resto do mundo, o Iraque agora pretende exportar o grosso do que produz de seu próprio território. A ideia é usar novos terminais de carga no extremo norte do Golfo Pérsico, na estreita faixa de território iraquiano entre o Kuait a oeste e o Irã a leste.
 

Já que os campos de Rumaila, Majnoon, Qurna Oeste e Zubair estão no sul do país, logisticamente é mais fácil exportar o petróleo pelo Golfo Pérsico. Foi o bombardeio dos terminais de exportação do sul e a subsequente tomada da península de Faw pelo Irã que obrigaram o Iraque a recorrer a novos oleodutos via Turquia e Arábia Saudita durante a guerra Irã-Iraque, o que desviou a exportação de petróleo iraquiano do Golfo Pérsico. O oleoduto saudita foi fechado quando o Iraque invadiu o Kuait em 1990. Nunca foi reaberto.
 

"Nossos terminais de exportação no golfo são os mais seguros, próximos e rápidos", diz Jaafar. Também são os mais baratos, pois com eles o Iraque não tem de pagar o pedágio à Turquia para levar seu petróleo até o Mediterrâneo. O projeto de US$ 1,4 bilhão para eliminar gargalos e aumentar a capacidade de exportação para 4,5 milhões de barris por dia envolve a construção de 16 novos tanques de armazenagem em Faw e de três novos oleodutos para levar o petróleo a quatro novos terminais flutuantes no golfo.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Revap
Parada de manutenção da Revap tem investimento de R$ 1 b...
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Evento recebeu cerca de 11 mil visitantes, um cresciment...
12/09/25
PD&I
RCGI-USP avança em célula a combustível que opera direto...
12/09/25
São Paulo
Em seu terceiro dia, FIEE debate eficiência, flexibilida...
12/09/25
Energias Renováveis
Pela primeira vez, energia solar e eólica geram mais de ...
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Shape Digital apresenta ao setor de óleo e gás mais uma ...
12/09/25
Paraná
Compagas lidera avanços no mercado livre de gás
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Projetos offshore ampliar segurança energética no Brasil...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Mulheres no Midstream: painel reúne histórias inspirador...
11/09/25
PPSA
Com 176,5 mil bpd, produção de petróleo e gás natural da...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Exposição da Rio Pipeline 2025 destaca inovações em ener...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Tanacas comemora 25 anos com lançamento do Retificador I...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Brasil e Argentina estão próximos de acordo sobre comérc...
11/09/25
Combustíveis
Diesel fica mais caro em agosto na comparação com julho,...
11/09/25
São Paulo
FIEE 2025 mostra que mobilidade elétrica conecta indústr...
11/09/25
Refino
Petrobras produz SAF com conteúdo renovável na Revap
11/09/25
Produção
Produção de petróleo e gás natural da União alcançam nov...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Novo duto com 2 mil km para atender ao agronegócio do Ce...
11/09/25
Biocombustível
OceanPact e Vast Infraestrutura iniciam testes com bioco...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
ITP Brasil apresenta soluções de engenharia de alta perf...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Panorama dos investimentos em infraestrutura de dutos e ...
10/09/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23