Energia Elétrica

Indústria retoma consumo

Jornal do Commercio
25/03/2009 07:05
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O consumo de eletricidade no Brasil começa, aos poucos, a dar sinais de recuperação ao final do primeiro trimestre de 2009, isso apesar de a demanda ainda estar inferior ao patamar verificado em 2008 antes da crise econômica internacional. A retomada está acontecendo em alguns setores, sobretudo, aqueles mais focados no mercado interno.

 

Segundo informações apuradas pelas elétricas e comercializadoras independentes junto aos consumidores livres, que são basicamente grandes empresas, os segmentos que sinalizam melhoria na curva de consumo são: indústrias de alimentos, químico e petroquímico, papel e celulose, embalagens, farmacêutico e automobilístico.

 


Os dados mensurados pelas empresas de energia são confirmados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com base nas informações do ONS, nota-se uma trajetória de alta no consumo total de energia em todo o Brasil, levando-se em conta a carga do sistema. Em janeiro de 2009 ante igual mês de 2008, a retração na carga foi de 2,6%, no mês seguinte, fevereiro, já houve um ligeiro crescimento de 0,8% e no acumulado de março até o dia 19, a carga de energia em todo o Brasil cresceu 1,16% ante o mesmo período do ano passado.

 

Dois dos setores que agora apresentam melhora na demanda (automobilístico e químico), em janeiro passado tiveram retração, segundo os dados do ONS. Até pelos sinais de recuperação do mercado, as indústrias, de maneira geral, estão evitando reduzir a demanda contratual nos acordos de fornecimento com comercializadoras e geradoras.

 

“Nenhum de nossos clientes solicitou a redução da demanda. Nas conversas com os gestores das empresas, observamos um otimismo em relação à perspectiva da economia a partir do segundo trimestre de 2009″, diz o diretor da Enertrade, Renato Volponi, braço de comercialização para o mercado livre do grupo Energias do Brasil.

 

“Os clientes industriais não se sentem confortáveis em reduzir a demanda prevista em contrato neste momento e depois, no futuro, ter que comprar novamente, pagando provavelmente mais caro”, explica o gerente de Relações com Investidores da Tractebel Energia, Antonio Previtali Junior, companhia que é a maior geradora privada do Brasil.

 

comparação. Os dados apurados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) até agora demonstram o tamanho do impacto da crise internacional na atividade das indústrias. Em fevereiro de 2009 frente igual intervalo de 2008, a retração do consumo industrial foi de 12,2%. No acumulado do ano até o mês passado, a diminuição verificada foi de 13,5%. Apesar disso, a própria EPE avalia em sua resenha mensal do mercado de energia elétrica, divulgada na última sexta-feira, que a demanda industrial em fevereiro deste ano superou em 3% o valor projetado para o período.

 

“O consumo de energia teve uma queda forte em novembro e dezembro. No global, verificamos uma recuperação da demanda neste início de ano”, afirma o diretor vice-presidente de Gestão de Energia da CPFL, Paulo Cezar Tavares. “O consumo de energia no mês de janeiro superou dezembro; fevereiro superou janeiro; e março está sendo melhor que fevereiro”, acrescenta o executivo.

 

Em condições normais, Tavares afirma que o mercado total da CPFL Energia estaria crescendo acima de 4,5%. Diante da crise, porém, o comportamento do consumo tem sido estável no acumulado do ano até março, com ligeiro crescimento em relação ao patamar de 2008. A recuperação, no entanto, não é generalizada e tem sido maior nos setores voltados para o mercado interno.

 

Na CPFL Energia, por exemplo, no acumulado de quatro semanas até 15 de fevereiro deste ano ante igual intervalo de 2008, a demanda de clientes livres do setor de alimentos localizados nas áreas de concessão da CPFL Paulista e Piratininga cresceu 7%. A empresa tinha registrado uma queda de 1% em dezembro de 2008 frente o último mês de 2007.

 

Também expandiram o consumo os setores de papel, celulose e embalagens. No acumulado de quatro semanas até 15 de fevereiro deste ano, a demanda por energia dos clientes livres desses segmentos cresceu 2% na comparação com o mesmo período de 2008. Em dezembro de 2008 ante o mesmo mês de 2007, a queda tinha sido de 13%.

 

enertrade. A Enertrade, por sua vez, obteve alta de 5% nas vendas de janeiro de 2009 ante o mesmo mês de 2008 para o setor de alimentos. Em fevereiro, houve um ligeiro recuo de 1%. “Projetamos um aumento de 2% na demanda por eletricidade para este segmento”, afirma Volponi. A comercializadora também apurou desempenho positivo nas vendas de energia para o setor farmacêutico neste início de ano. “O consumo cresceu 6% em janeiro e 3% em fevereiro. Pelos dados atuais, projetamos alta da demanda desses clientes entre 7% e 8% este mês”, estima Volponi.

 

Na comercializadora independente Comerc, o destaque positivo foi o segmento químico e petroquímico, cuja demanda por eletricidade cresceu 14,9% em fevereiro de 2009 ante igual intervalo de 2008. Prova de recuperação desta atividade econômica é que a Comerc havia apurado uma redução de 12,68% na demanda desse segmento em janeiro passado.

 

Ponto importante de recuperação vem também da indústria automobilística, uma das mais afetadas no primeiro momento pela crise internacional em razão da restrição de crédito para a compra de veículos. Em janeiro passado na comparação com igual mês de 2008, a Enertrade registrou queda de 28% no consumo de energia desses consumidores. Em fevereiro, porém, a retração foi de 20%. Para março, a expectativa é uma queda de 14%. “O setor automotivo tem se mostrado uma surpresa boa”, afirma Volponi.

 

Trajetória semelhante também se verifica na CPFL Energia. Em dezembro do ano passado ante igual mês de 2007, a queda da demanda do setor automotivo foi de 50% para os clientes livres localizados na área de concessão da CPFL Paulista e CPFL Piratininga. No acumulado de quatro semanas até 15 de fevereiro de 2009, a redução foi de 16% frente o mesmo período de 2008. A melhora se explica pela retomada das vendas de veículos, impulsionada pela isenção de IPI.

 

Na Tractebel, o início de 2009 foi melhor do que o término de 2008. Em dezembro passado ante igual mês de 2007, a companhia apurou queda de 17,9% nas vendas gerais para os grandes consumidores livres. Em janeiro de 2009, o patamar caiu para 13,5%. “Para 2009, projetamos uma queda de 10% nas vendas para o mercado livre em relação ao ano passado”, comenta o presidente da Tractebel, Manoel Zaroni.

 

O gerente de RI da companhia, porém, ressalta que o percentual de 10% é uma expectativa da geradora, não se traduzindo em manifestações oficiais do segmento industrial. Os dados disponíveis até o momento também permitem concluir que a recuperação mais forte do consumo de energia daqui para frente dependerá do desempenho das indústrias voltadas ao mercado externo.

 

ibge. A tese é comprovada por dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro de 2009 ante igual mês de 2008, a instituição apurou retração de 18,5% no chamado “índice de intensidade exportadora” das empresas altamente exportadoras - este indicador mede a relação entre o valor das exportações e a receita das indústrias. Nas empresas com baixa exposição ao mercado externo, a redução do índice foi de 15,7%.

 

Esse cenário tem reflexo direto no mercado de energia brasileiro, já que as grandes exportadoras são, em geral, as maiores consumidoras de eletricidade do País, como as mineradoras, siderúrgicas e metalúrgicas. Também em janeiro, o IBGE identificou queda de 23,3% no chamado “índice de intensidade do gasto com energia elétrica” nas empresas eletrointensivas - este indicador traça a relação entre os gastos com a compra de eletricidade e o valor da transformação industrial.

 

Nas companhias com baixo consumo de energia, a redução foi de 11,9%. Na abertura dessa última categoria, a retração dos setores de semiduráveis e não-duráveis foi de 6,3%. Ou seja, se a economia brasileira crescer mais do que o mercado internacional, a tendência é que os setores ligados ao mercado interno apresentem maiores níveis de consumo de energia do que segmentos exportadores.

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