O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fez ontem (22) uma operação em uma das maiores siderúrgicas do Pará para embargar carvão ilegal, produzido a partir de madeira nativa, utilizado na produção de ferro-gusa.
O primeiro alvo do embargo é a Siderúrgica do Pará S.A. (Sidepar), em Marabá. A Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) e a Siderúrgica Ibérica também terão o carvão ilegal apreendido.
Uma investigação do Ibama comprovou que as maiores siderúrgicas do Pará utilizam carvão ilegal, feito com madeira de árvores nativas da Amazônia, derrubadas sem autorização. Pelos cálculos do instituto, nos últimos quatro anos, três grandes siderúrgicas do sudeste do estado foram responsáveis pelo desmatamento de mais de 27 mil hectares de floresta, que resultaram em 947 mil metros cúbicos de carvão ilegal.
O rastreamento foi feito a partir das carvoarias, que vendem o carvão para as siderúrgicas. De 25 fiscalizadas pelo Ibama durante a Operação Saldo Negro, 11 eram fantasmas e 14 empresas de fachada, que produziam além da capacidade instalada. As empresas utilizam planos de manejo falsos para justificar a origem da madeira derrubada ilegalmente.
De acordo com a investigação, a maior parte das árvores que virou carvão vinha de invasões, pequenas propriedades na região das siderúrgicas e até de assentamentos da reforma agrária.
Além do embargo, as três siderúrgicas serão autuadas pela compra do carvão de desmatamento irregular e terão que passar a utilizar somente carvão mineral ou produzido a partir de madeira de reflorestamento.