A HRT, companhia brasileira independente de exploração e produção de petróleo, concluiu a compra de oito sondas que serão utilizadas na campanha exploratória da Bacia de Solimões, em Coari (AM), afirmou o diretor-presidente da empresa, Márcio Rocha Mello. O executivo, que não revelou quanto será investido na aquisição dos ativos, informou que os equipamentos deverão chegar entregues em aproximadamente sete meses. Segundo Mello, a aquisição estava prestes a ser finalizada, quando a crise nos mercados norte-americano e europeu estourou, dando à companhia a oportunidade de barganhar com as fabricantes.
"Voltamos atrás e pedimos às empresas que haviam participado da licitação para apresentar novas propostas e, assim, conseguimos uma economia de quase 35% no valor a ser desembolsado pelo pacote de equipamentos", explicou o diretor, em teleconferência para comentar o balanço trimestral da HRT. No intervalo de abril a junho, o prejuízo líquido da petroleira, que está em fase pré-operacional, subiu 176%, para R$ 53,1 milhões, ante igual período do ano passado. Já a receita líquida da empresa avançou 45%, para R$ 7,3 milhões, as despesas operacionais tiveram crescimento de 163%, para R$ 52,9 milhões, na mesma base de comparação.
Mello disse que o pedido das sondas foi divido entre duas fabricantes, cujos nomes também não foram divulgados, uma ficará responsável pela entrega de quatro a seis unidades e outra se encarregará de produzir o restante. "O ideal seria contratar uma só empresa para construir as sondas, mas decidimos dividir a encomenda, já que temos urgência em avançar na campanha exploratória da região", disse, destacando que a empresa que obteve o maior contrato se comprometeu a instalar uma planta no Amazonas, de onde prestará serviços de manutenção. Além dos equipamentos comprados, a companhia arrendou outra sonda para dar mais gás ao plano de exploração no Norte do país.
A HRT é responsável por 55% de participação em 21 blocos exploratórios na Bacia do Solimões, cobrindo aproximadamente 48,5 mil quilômetros quadrados onde foram mapeados e certificados 52 prospectos e 11 descobertas classificadas como recursos contingentes.
Na quinta-feira (11), a empresa iniciou a perfuração de seu quarto poço exploratório na região, o 1-HRT-4-AM.
Namíbia
Mello disse ainda que a empresa pretende fazer o farm out (venda parcial ou total dos direitos de concessão) de suas reservas na costa da Namíbia, (África), após finalizar o mapeamento dos prospectos da região. "Sabemos que o valor dos prospectos será maior quando o processo for concluído", disse, ressaltando que a HRT pretende perfurar quatro poços na localidade. O executivo disse acreditar que a companhia não terá dificuldades em encontrar parceiros para tocar os projetos na localidade e afirmou já ter sido sondado por companhias interessadas em explorar a área. "Estamos sendo procurados por empresas que se dizem dispostas a perfurar poços e a pagar pelo direito de participar antecipadamente", destacou.
A HRT tem participação em 12 blocos de exploração na Namíbia, cobrindo uma área total aproximada de 68,8 mil quilômetros quadrados. A companhia atua como operadora em dois blocos na Sub-Bacia de Walvis e em oito blocos na SubBacia de Orange. Além disso, possui ainda participação de 2,85%, como não operadora, em dois blocos da Sub-Bacia de Lüderitz.
Mello lembrou que a companhia aumentou suas projeções de investimento para incluir os blocos exploratórios, que entraram para seu portfólio após a aquisição da canadense UNX e da africana Vienna, ambas concluídas no segundo trimestre.
De acordo com os novos cálculos, a petroleira pretende investir US$ 3,1 bilhões em seus projetos até 2014. Do total, US$ 2,6 bilhões financiarão os projetos da empresa na Bacia do Solimões, enquanto os US$ 459 milhões restantes serão destinados ao plano exploratório que está em andamento na Namíbia. Ao longo deste ano, serão desembolsados US$ 464 milhões.
O executivo frisou que os R$ 2,2 bilhões que a empresa acumula em caixa serão suficientes para que a companhia consiga executar seus planos de exploração na Bacia do Solimões e na Namíbia, sem precisar buscar financiamento no mercado.
Mello ressaltou, ainda, que a HRT está se valendo da crise para se tornar mais eficiente. "Estamos cortando despesas que sejam absolutamente necessárias e defendendo nossa posição de caixa", afirmou.
O executivo fez um apelo aos acionistas da companhia para que não cedam ao impulso de vender ações da companhia, diante do clima de pessimismo que tem prejudicado o desempenho dos papéis na Bolsa de Valores de São Paulo. "Temos um agressivo plano de exploração, que renderá resultados no médio e longo prazos", disse.
Como a empresa ainda está em fase de maturação, seus ativos integram a lista dos mais penalizados com a atual aversão a risco, acumulando perda de 25,31% em agosto.
TNK-BP
O executivo não quis dar detalhes sobre as negociações relativas à venda da parcela de 45% de sua parceira a Petra para a russo-britânica TNKBP.
"Não queremos prejudicar o andamento da negociação, que está em fase final, mas posso garantir que nosso foco é atender aos interesses dos acionistas e do board", disse. A petroleira brasileira detém 55% de participação na Petra e, por contrato, tem o direito de exercer a opção de compra ou de obrigar a companhia a vender sua fatia a terceiros.