O Peru vai consumir apenas 20% da energia que será gerada pelas cinco hidrelétricas que o governo brasileiro vai construir naquele país. A energia excedente, a exemplo do que ocorre na hidrelétrica binacional de Itaipu, será vendida ao Brasil, que poderá exportar parte da produção para países vizinhos da América do Sul.
Para evitar problemas como os que enfrenta com o Paraguai em Itaipu, representantes do Brasil têm se reunido sistematicamente com seus equivalentes peruanos para amarrar os acordos, explicou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na sexta-feira, após reunião, no Rio de Janeiro, com o ministro de Energia do Peru, Pedro Sánchez. Ao todo, serão construídas 15 usinas no país.
Os estudos iniciais de viabilidade econômica e de engenharia estão sendo feitos por um consórcio formado pela Eletrobrás, Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht e Enegevix, informou Lobão. O financiamento das obras, estimadas entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões, também ficará por conta das construtoras, da Eletrobrás e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social .
Segundo o ministro, as cinco primeiras usinas terão capacidade de gerar 6 mil megawatts e deverão entrar em operação em 2015. O governo brasileiro será responsável pelos estudos que viabilizarão a construção das 15 hidrelétricas, com capacidade total de geração de 20 mil megawatts.
"Estamos atendendo interesses geopolíticos que são também da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, do Peru e assim por diante", afirmou Lobão, lembrando que também está fechando com a Argentina a construção de uma hidrelétrica na fronteira dos dois países.
Segundo o ministro de Energia do Peru, existe uma grande expectativa no seu país em relação à construção das hidrelétricas, mas Pedro Sánchez reconheceu que ainda existe preocupação da sociedade a respeito dos projetos brasileiros. "Um dos temas que preocupa sempre a sociedade é a parte da energia que se produz no local e o tema ambiental. Com esses dois fatores cobertos, não vejo problema", disse Sanchez. Segundo o ministro peruano, apesar de as leis ambientais do Peru serem tão rígidas quanto as do Brasil, não haverá problemas para a aprovação da construção das usinas pelo Congresso do país.
ITAIPU. No mês passado, os governos brasileiro e paraguaio anunciaram que haviam chegado a um acordo sobre a energia que o Paraguai não consome de Itaipu. Até o momento, no entanto, nenhum documento foi assinado e o Paraguai continua vendendo a energia excedente para a Eletrobrás, que a revende para as distribuidoras brasileiras.
Edison Lobão afirmou que não existem problemas nas relações do Brasil com o Paraguai e disse que, em relação a Itaipu, houve uma concessão do governo brasileiro.