América do Sul

Gasto social da PDVSA supera lucro e investimentos

Valor Econômico
06/10/2006 03:00
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A estatal de energia da Venezuela, PDVSA, investiu no ano passado mais em programas sociais estatais do que no desenvolvimento da própria empresa, seguindo uma tendência iniciada em 2004 e que tem sido condenada por especialistas. Os recursos destinados a áreas sociais somaram US$ 6,9 bilhões, enquanto os investimentos nas operações nas áreas de gás e petróleo totalizaram US$ 3,9 bilhões. Segundo a empresa, o lucro registrado em 2005 foi de US$ 6,5 bilhões.

"Isso é pura loucura. O gasto social é maior que os investimentos e maior do que o lucro", disse Alberto Quirós, analista da área de petróleo e ex-presidente da Shell na Venezuela. "O impacto já é aparente. A produção está caindo e há uma falta de profissionalismo na empresa."

A Petrobras, segunda maior empresa de petróleo da América do Sul, atrás apenas da PDVSA, também investe pesado em atividades sociais, como educação, cultura, saúde e esporte. Mas nada comparável à estatal venezuelana. Em 2005, foram R$ 473.702 milhões, ante R$ 312.634 de 2004.

Diferentemente da PDVSA, a Petrobras é uma SA e, pelo estatuto interno, não pode fazer doações. Os investimentos em área social são sempre investimentos em promoção de imagem da empresa ou baseados em benefícios fiscais, disse ao Valor o gerente-executivo de relações com investidores, Raul Campos. Em 2005, a empresa brasileira teve um faturamento de R$ 179 bilhões.

Hugo Chávez, o presidente da Venezuela - quinta maior exportador de petróleo do mundo - , tem usado a PDVSA para custear os programas sociais do governo, um dos principais pilares de sua popularidade entre os eleitores venezuelanos de baixa renda.

Com isso, tenta se distanciar de governos passados acusados de negligenciar o desenvolvimento social durante períodos de alta nos preços do petróleo.

Em relação a 2004, o total investido em programas para os mais pobres teve cresceu seis vezes. Há dois anos a cifra era de US$ 1,2 bilhão. De acordo com o site da empresa, em 2005 os recursos para programas sociais abasteceram, entre outras campanhas, as chamadas Missões Bairro Adentro, Identidade, Milagre, e Ciência e Tecnologia, que atendem a moradores de favelas e bairros carentes do país.

Mas críticos sustentam que a alegada falta de investimentos no negócio principal da estatal tem levado a uma série de acidentes sérios nas refinarias. Em meados deste ano, por exemplo, dois funcionários morreram durante trabalhos de manutenção na refinaria de Amuary. Um dia antes, uma explosão em outra refinaria, a de Cardon, fora relatada por importadores, embora não confirmada

Além dos acidentes, a suposta falta de investimentos estaria também estancando a produção em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, segundo analistas do setor. O governo rebate. E diz que a produção diária de barris em 2005 foi de 3,3 milhões. Segundo o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, a empresa ampliou a produção ao ritmo de ano 100 mil barris por dia entre 2004 e 2005. "Os resultados operacionais, financeiros e sociais evidenciam a eficiente gestão e o pleno compromisso social da Petróleos de Venezuela durante 2005", disse.

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