Combustível

Etanol: uma janela que se abre

Redação TN Petróleo/Assessoria UNICA
24/05/2022 09:32
Etanol: uma janela que se abre Imagem: Divulgação Visualizações: 1925 (0) (0) (0) (0)

Mais uma vez, o etanol passa a ser percebido como uma grande alternativa de descarbonização para o mundo. A primeira onda ocorreu na primeira década deste século, entre 2005 e 2010, quando, além do Brasil, as duas maiores potências globais de então, os Estados Unidos e a Europa, lançaram ambiciosos programas de etanol com implementação prevista para os anos seguintes. Na época, o biocombustível produzido a partir de diversas matérias-primas, como a cana-de-açúcar no Brasil, o milho nos EUA e a beterraba na Europa, era visto como uma importante alternativa de descarbonização e redução da dependência do petróleo, fonte cara e poluente. A partir de então, os EUA foram gradativamente ampliando o nível de mistura do etanol à gasolina, até atingir 10% em todo o país, o que corresponde a quase o dobro do consumo atual brasileiro. A Europa, por sua vez, também adotou uma mistura crescente e em distintos níveis dependendo da estratégia de cada país.

Porém, o que se observou é que, em ambos os casos, os volumes ficaram aquém daqueles previstos originalmente. Nos EUA, poderosos lobbies associados principalmente à indústria do petróleo dificultaram o atingimento da mistura de até 15%, nível almejado pelo programa de biocombustíveis norte-americano na sua concepção. Já no caso europeu, houve, também, uma grande pressão por parte de grupos contrários ao programa, trazendo uma discussão, muitas vezes pouco fundamentada e turbinada por interesses protecionistas, que superestimou a competição dos biocombustíveis com alimentos e o impacto da sua produção para o desmatamento.

Some-se a esses lobbies a queda das cotações internacionais do petróleo entre 2015 e 2020, o que ajudou a desestimular o consumo do seu substituto renovável, além das promessas da meteórica substituição dos motores a combustão por veículos elétricos a bateria. Como resultado, o consumo de etanol permaneceu relativamente estável ao longo de toda a década passada, em volumes próximos a 100 bilhões de litros anuais.

No entanto, as peças do xadrez voltaram, recentemente, a se mexer e o cenário do jogo começou a mudar. De um lado, voltamos a conviver, nos anos recentes, com níveis de petróleo mais elevados, situação intensificada por uma guerra que nos evidencia a necessidade da diversificação de fontes e origens da energia consumida. De outro lado, a urgência climática também sinaliza que não há mais como adiar as medidas de mitigação, sob o risco de problemas irreversíveis para o Planeta. Fica, também, cada vez mais evidente que as soluções tecnológicas para a descarbonização dos transportes serão múltiplas e que temos o etanol como uma alternativa importante nesse conjunto de soluções.

A solução do carro elétrico a bateria já deixa de ser vista como a grande e única alternativa, dados os custos econômicos associados às mudanças de infraestrutura e de distribuição da energia, bem como os custos ambientais de produção e descarte das baterias. Híbridos flex e hidrogênio, extraído do próprio etanol a partir da tecnologia de célula a combustível, passam a ser soluções que envolvem o biocombustível e atendem o objetivo maior da descarbonização.

A grande diferença é que os grandes movimentos passam a ocorrer não mais no Ocidente, mas na região da Ásia, hoje seguramente a mais dinâmica do Planeta. De fato, como resultado de uma produtiva parceria entre os governos e os setores privados do Brasil e da Índia, o país asiático decidiu aprovar a mistura de 20% de etanol à gasolina até 2025, além da adoção de veículos flex, que, assim como no Brasil, podem rodar indistintamente com gasolina ou etanol. Outros países asiáticos, como a Tailândia, a Indonésia e Filipinas, também enxergam um forte potencial no biocombustível, e o tema já tem sido objeto de discussões e cooperação com o Brasil.

Nesse sentido, a UNICA, com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), tem investido fortemente na promoção de etanol mundo afora, buscando exatamente aproveitar essa nova janela de oportunidade e garantir que o etanol seja efetivamente reconhecido pela sua qualidade e pelos benefícios ambientais e econômicos que gera, fundamentados em argumentos técnico-científicos. A janela abre-se novamente, e esta é a hora de agir... antes que ela volte a se fechar!

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Contratos
Oil States consegue novos contratos com a Petrobras
01/08/25
Santa Catarina
SCGÁS garante fornecimento de gás natural em Santa Catarina
01/08/25
Gás Natural
Algás amplia a interiorização do Gás Natural com rede pi...
01/08/25
Energia Elétrica
ONS divulga resultado do 2º Mecanismo Competitivo para c...
01/08/25
Gás Natural
Gasmig reduz tarifas de gás natural para indústrias e ve...
01/08/25
Evento
O principal congresso de END & Inspeção da América Latin...
01/08/25
Brasil
Governo Trump isenta petróleo e derivados de nova tarifa...
01/08/25
Combustíveis
ANP retoma Programa de Monitoramento da Qualidade dos Co...
01/08/25
Evento
Conferência Internacional de Energias Inteligentes acont...
01/08/25
Pré-Sal
MODEC celebra 15 e 10 anos dos FPSOs MV20 e MV26
31/07/25
Biodiesel
Produção de biodiesel em MT sobe 4,64% em junho no compa...
31/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Sergipe Oil & Gas 2025 reforça protagonismo do estado na...
31/07/25
Acordo
Assinado acordo de leniência com empresas de energia e i...
31/07/25
Evento
Congresso da FIEE debate segurança energética em cenário...
31/07/25
Rio Grande do Sul
Sindienergia-RS e Países Baixos fortalecem conexões para...
30/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Comquality é destaque em Painel sobre segurança de Proce...
30/07/25
Evento
Fenasucro & Agrocana promove debates sobre o futuro da m...
30/07/25
Resultado
Produção de petróleo e gás natural da Petrobras aumenta 5%
30/07/25
Refino
Com investimento de R$ 490 milhões, Refinaria de Cubatão...
30/07/25
Firjan
Em Brasília para tratar do tarifaço, Firjan se reúne com...
30/07/25
Descarbonização
Comerc chega a 500 Jornadas de Descarbonização e amplia ...
29/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22