Folha de S.Paulo
A Petrobras está negociando com um grupo de quatro países novos contratos para captação de recursos internacionais. A operação servirá para bancar parte dos investimentos de US$ 174,4 bilhões para os próximos cinco anos previstos no novo plano da companhia. É a primeira vez em que a estatal irá recorrer a esse tipo de negociação para financiar os próprios investimentos, situação que será viabilizada com a condição de ser um produtor com excedente para negociação no mercado mundial.
A informação foi dada ontem pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que esteve na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para apresentar o plano de negócios para o quinquênio 2009-2013. Gabrielli não detalhou as bases dessa operação, mas explicou que, pelo modelo de negociação, a estatal tomaria os recursos equivalentes a um volume determinado de petróleo e pagaria o financiamento com a própria produção de novos campos que entrarão em produção nos próximos anos, como os da camada pré-sal.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa, a negociação está sendo tocada com grandes consumidores mundiais de petróleo. Ele não antecipou os países alvos da Petrobras para viabilizar essas operações, mas há rumores de que isso possa ser feito com a China, uma das grandes consumidoras de petróleo do mundo.
Os novos recursos eventualmente negociados com esses importadores de petróleo podem ajudar a estatal a fechar a conta de investimento em 2010, que tem ainda -diante das premissas de investimento de US$ 35 bilhões ao preço médio de US$ 40 o barril- um valor em aberto de US$ 9 bilhões.
Para 2009, a direção da estatal garante que os US$ 28,6 bilhões de investimentos previstos para o ano já possuem fontes definidas, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), geração própria de caixa e recursos no mercado financeiro. A estatal já obteve, por exemplo, êxito na captação de US$ 1,5 bilhão em títulos de 10 anos.
FIESP - Aos empresários paulistas, Gabrielli lembrou que foi o plano de negócios mais difícil de ser elaborado, em razão das incertezas com a crise global. Também negou que a decisão de ampliar em US$ 47 bilhões o volume de investimentos em relação ao plano anterior tenha respeitado apenas uma determinação política do governo. Segundo ele, a estatal considerou as oportunidades de novos negócios. "No plano anterior não havia o pré-sal, que vai consumir US$ 28,9 bilhões."
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