Diário do Nordeste
A Companhia Energética do Ceará (Coelce) está pagando atualmente R$ 163,58 pelo Gigawatt/hora/ano à Central Geradora Térmica Fortaleza (CGTF) — empresa do próprio grupo Endesa, proprietária da Companhia. Esse preço é 15,57% superior aos R$ 141,54, que a Coelce pagava à CGTF, pela GWh/ano, no período de julho de 2007 a dezembro do ano passado.
Motivo de questionamentos pelo setor produtivo e por parlamentares cearenses, os valores pagos pela energia térmica — muito superiores ao da energia hidrelétrica — foram revelados no fim da tarde de ontem, pelo gerente de Regulação e Mercado da Coelce, José Caminha Alencar Araripe Júnior, após debate sobre o último reajuste de 11,25%, nas tarifas de energia elétrica do Ceará. Realizado na Câmara Municipal de Fortaleza (CMF), o encontro reuniu vereadores, representantes da OAB-CE, do Decon-CE, da Defensoria Pública e populares de vários bairros da capital cearense.
Após uma ´saraivada´ de perguntas e críticas à evolução das tarifas, ao contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado com a Coelce e ao próprio modelo energético brasileiro, Caminha tentou justificar o percentual do reajuste aplicado e porque a Coelce compra energia mais cara da CGTF, que não gera energia, por falta de gás natural para alimentá-la. ´As térmicas existem para funcionar o ano inteiro, quando houver necessidade. Elas (as do Ceará) não estão funcionando, mas nós estamos pagando por isso´, tentou justificar o gerente, enquanto expunha os investimentos e a composição tarifária da companhia no Estado.
Ele reconhece que o preço da energia térmica paga pela Coelce à CGTF é superior ao preço médio da energia adquirida no mercado comum, mas não revela em quanto. Disse apenas que entre julho de 2007 e dezembro de 2008 o preço do GWhora/ano, no mercado ´spot´, era de R$ 140,82. Revelou ainda, que a Coelce pagou R$ 449 milhões por 61% da energia adquirida nas hidrelétricas e R$ 560 milhões, nos 39% restantes, comprados de termelétricas e usinas eólicas, em todo o País.
Caminha disse ainda, que 100% da energia necessária para alimentar o Ceará nos próximos cinco anos, cerca de 8,5 mil GWhora/ano, já foram contratados. Quanto ao preço, ele disse que é variável, ´menor no início do ano — quando os reservatórios hídricos estão cheios — e maior no segundo semestre do ano´, explica.
Reação
´O Ceará não suporta continuar pagando esses preços pela energia´, reagiu o deputado estadual Lula Morais. A OAB-CE aguarda resposta da 4ª Vara da Justiça Federal, ao pedido de redução do reajuste para 6,06%.
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