Gazeta Mercantil
Empresas de prospecção de gás natural, que vão desde a Devon Energy Corp. à XTO Energy Inc., estão desativando sondas e deixando-as ociosas ao ritmo mais acelerado desde 2002. Isso prepara o caminho para que o gás natural, a commodity de pior desempenho deste ano, quase dobre de preço, uma vez que a oferta se retrairá de forma mais acelerada que a demanda.
Cerca de 45% das sondas norte-americanas foram retiradas de operação desde setembro, o que significa que a produção de gás do quarto trimestre vai despencar em 5,2%, mais rapidamente que a queda de 1,9 % do consumo de gás, previu o Departamento de Energia dos EUA. Os preços deverão subir para US$ 7 por milhão de BTUs (Unidades Térmicas Britânicas) até janeiro do ano que vem, em relação aos US$ 3,89 cobrados hoje na Bolsa Mercantil de Nova York, segundo pesquisa realizada pela “Bloomberg News” entre 20 analistas - uma valorização de 80%. Essa será a maior alta desde o primeiro semestre de 2008.
A última vez em que empresas de prospecção desativaram sondas a esse ritmo foi sete anos atrás, quando os contratos futuros subiram 86%. Os maiores fundos de hedge do mundo já começaram a fechar as apostas numa queda dos preços, segundo dados do governo norte-americano. O gás despencou 30% este ano, em seu pior início de ano desde 2006, com o desaquecimento das vendas motivado pela recessão. “Quando a recessão acabar e a economia começar a crescer aceleradamente, teremos menos gás natural do que hoje, e os preços vão tornar a dar um salto”, disse Larry Nichols, principal executivo da Devon Energy Corp., a maior produtora independente de petróleo e gás.
As norte-americanas Devon e a Chesapeake Energy Corp. cortaram seus orçamentos de prospecção para 2009 com a queda de mais de 70 % dos preços do gás natural em relação à sua alta máxima, registrada em julho do ano passado. Juntas as duas empresas tiveram um prejuízo de US$ 7,68 bilhões no quarto trimestre. “A queda da oferta será tão acentuada que poderá facilmente alcançar os níveis para os quais a demanda caiu antes de a recessão acabar”, disse Nichols, que não forneceu sua previsão para os preços.
O número de sondas de exploração atuantes nos Estados Unidos caiu para 884, a partir do recorde de 1.606 registrado em setembro do ano passado, segundo a Baker Hughes Inc., a terceira maior provedora de serviços para campos de petróleo, com base em dados de até 13 de março.
A também norte-americana XTO pretende reduzir seu número de sondas a 60 até o final deste mês, em comparação às 73 operantes no quarto trimestre do ano passado.
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