<P>Nos últimos dois anos, os exportadores potiguares vêm assistindo à queda do dólar com preocupação, mas tentam não deixar a peteca da produção cair. Para isso, representantes de setores importantes da economia potiguar, como indústria e carcinicultura, estão buscando o mercado interno e...
Tribuna do Norte - RNNos últimos dois anos, os exportadores potiguares vêm assistindo à queda do dólar com preocupação, mas tentam não deixar a peteca da produção cair. Para isso, representantes de setores importantes da economia potiguar, como indústria e carcinicultura, estão buscando o mercado interno e novas alternativas, como prestação de serviços a grandes companhias mundiais e novos compradores lá fora. A fabricante de balas Simas, por exemplo, está na contramão dos resultados negativos na pauta de exportações e registra aumento de quase 50% nas vendas para outros países.
No fim de 2003, os exportadores sorriam com os quase R$ 4 que o dólar alcançou. Mas, no início de 2004, a moeda americana começou a dar sinais de desaceleração e fechou o ano em menos de R$ 3. A situação foi piorando e a cotação passou por volta dos R$ 2,30, R$ 2,05 (maio deste ano), até ficar em torno dos R$ 2,15 atualmente. O bom desempenho dos mercados internacionais e o ingresso de recursos no país permitem que o dólar mantenha a trajetória de declínio.
Essa descida atinge em cheio quem depende da cotação do dólar para fazer negócios. De acordo com informações do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do RN (Sift), as exportações do setor deste ano devem registrar uma queda em torno de 18,7%, com US$ 26 milhões (R$ 55,6 milhões) em vendas. O mau desempenho foi amenizado somente pela entrada de novos produtos na pauta, mas quando se fala em itens já consolidados, como roupas de cama, camisetas e tecidos - que, graças aos contratos de 2004, contabilizaram aumento em 2005 - o resultado deste ano é desanimador, com reduções de até 28%.
A Coteminas, a maior representante da área têxtil no estado e 7ª colocada no ranking das empresas exportadoras do RN, está apenas cumprindo contratos e mantendo-se presente no seu maior mercado, os EUA. Continuamos exportando por inércia, declara o diretor da companhia no RN, João Lima. Ele diz que as vendas para o mercado interno estão mantendo a produção, que teria caído se dependesse apenas das vendas para outros países.
Na Simas, fabricante de confeitos, pirulitos e chicletes, a situação desconfortável poderia ser a mesma da Coteminas, e nem o mercado interno seguraria as quatro mil toneladas mensais de produção, pois as vendas dentro do Brasil não absorveriam este volume. A saída para o furacão que se formava veio em forma de dois contratos, fechados no ano passado, para fabricação de produtos para a Hershey's (chocolates) e para a Spangler (pirulitos). São negócios que dão resultados seja qual for a variação cambial. O saldo deles influenciou diretamente na variação positiva de 47,3% que a Simas teve, até novembro, nas exportações deste ano.
Hoje, esses contratos representam metade das exportações da Simas, as quais giram em torno de 1,6 mil toneladas mensais, e vão permitir que a fábrica não precise dar férias coletivas. Além disso, os bons ventos trazem planos de ampliação da produção, em 12,5%, e contratação de 100 novos funcionários em 2007.
Para a indústria potiguar, tornar-se o fabricante destas marcas mundiais foi o resultado da manutenção de sua presença no mercado americano, mesmo diante das quedas do dólar. A estratégia foi a mesma usada no início do Plano Real, quando a moeda brasileira tinha valor paritário ao da divisa norte-americana: sair de mercados emergentes, como os da África e do Oriente Médio, e manter-se no mais forte, o dos EUA.
Embora aposte mais nas vendas que tem feito a duas grandes marcas mundiais e saiba que o mercado interno não consegue consumir além do que já compra, a Simas quer fortalecer a marca e, em 2007, vai investir R$ 1 milhão em mídia para os estados do RN, Pernambuco, Ceará e Paraíba. Já a Coteminas, segundo João Lima segurou a produção com as vendas dentro do Brasil. E, na carcinicultura, os compradores brasileiros significaram uma virada no setor: se em 2004, cerca de 70% da produção era volta para a exportação, hoje esse percentual pertence ao mercado interno.
O vice-presidente da Associação Norte-rio-grandense dos Criadores de Camarão (ANCC), Antón Safieh, diz que os planos do setor para 2007 são de agregar cada vez mais valor ao camarão oferecido ao consumidor brasileiro, tornando o produto disponível de forma mais variada. Ele explica que, diante das dificuldades trazidas pelo câmbio, o consumo interno foi a melhor saída encontrada.
Mas não foi possível evitar a redução na produção diante da queda nas exportações. Segundo estimativas da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), a quantidade do crustáceo produzida no RN caiu 18% em 2005 (para este ano ainda não há previsão), percentual maior do que a queda no volume nacional, de aproximadamente 14%.
Fonte: Tribuna do Norte - RN
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