A usina nuclear de Angra 3 “possivelmente” entrará em operação apenas em 2016. A afirmação foi feita pelo assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. Entretanto, o executivo frisou que o cronograma final só poderá ser divulgado com exatidão em maio, data estimada para o término da licitação que define o consócio que fará a montagem eletromecânica da usina. Oficialmente, a previsão é de que Angra 3 entre em operação em dezembro de 2015.
“Qualquer mudança no cronograma agora é especulação”, frisou Guimarães. "Quando [o consórcio] estiver no canteiro, o dia que ele estiver, a gente atualiza e dá uma nova estimativa de início da operação comercial".
Angra 3, que começou a ser construída em 2010, será a terceira usina da central nuclear de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, e terá potência de 1.405 MW. A usina tem financiamento de R$ 10 bilhões, 70% de moeda nacional e 30% em euro. Da moeda nacional, 70% serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Guimarães negou que o cronograma das obras, que estão ainda na parte civil, tenha sido atrasado pela greve realizada pelos trabalhadores da última quinta-feira até ontem. “Isso causa sem dúvida algum prejuízo para a construtora, mas é um prejuízo dela, alguns dias parado, uma obra que está trabalhando em um regime direto de 24 horas”, disse. De acordo com ele, os 4 mil funcionários que trabalham na obra aderiram à paralisação.
O assessor da presidência da Eletronuclear explicou que os trabalhadores se queixaram que três funcionários da Andrade Gutierrez eram “excessivamente rígidos” e tratavam mal os operários da obra, além de algumas reivindicações relacionadas à alimentação no canteiro. “A direção da empresa no canteiro chegou a um acordo”, disse. “A experiência para nós foi um pouco assustadora, porque nunca lidamos com uma greve desse porte”, destacou Guimarães.
O executivo voltou a afirmar que o atlas do potencial nuclear no Brasil seria apresentado no início do ano passado. “Certamente o ambiente não ficou muito favorável, dada toda a comoção que o terremoto no Japão e o acidente de Fukushima trouxeram”, disse. Segundo ele, o Plano Nacional de Energia 2035 pode ser divulgado este ano e trazer novidades para a energia nuclear. “O horizonte de expansão da hidroeletricidade [principal fonte brasileira] para lá de 2025 é limitado”, disse. “E depois disso?”, questionou, ressaltando a necessidade de aumentar a oferta de energia no país. "Vai ter que continuar crescendo a base térmica" concluiu.
Guimarães afirmou que o acidente da usina nuclear de Fukushima trouxe a reflexão sobre a utilização da energia nuclear e a importância de investir em segurança, mas não inviabilizou a continuidade da exploração da fonte no mundo. A Eletronuclear planeja investir R$ 300 milhões, nos próximos cinco anos, em ações de prevenção de acidentes e segurança do sistema.