Valor Econômico
As elétricas já registraram ou ofertaram ao mercado mais de R$ 3,5 bilhões em títulos de dívida neste ano, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid). É mais do que foi emitido em todo o ano de 2008 e o montante sinaliza a volta aos níveis de emissões de 2007, quando juntas as elétricas captaram R$ 6,9 bilhões com lançamento de notas promissórias e debêntures. A próxima grande operação será da Cemig, que deve emitir R$ 2,5 bilhões nos próximos dois meses.
A crise, entretanto, fez os prazos dessas dívidas ficarem mais curtos. O diretor de finanças da Cemig, Luiz Fernando Rolla, diz que a emissão a ser feita pela companhia não deve superar o prazo de três anos. Isso porque os juros, segundo ele, não compensariam. A companhia mineira precisa fazer a emissão para efetivar a compra da Terna Participações. “Não queremos esgotar nosso caixa nessa operação”, diz Rolla. “E ainda não definimos se a emissão será feita no mercado interno ou externo.”
Depois de um período sem grandes emissões no mercado externo, o setor elétrico já começa a pensar novamente nessa possibilidade. O diretor de finanças da EDP, Carlos Andrade, diz que a captação externa voltou a ser uma boa opção, já que os investidores estrangeiros têm mostrado boa receptividade por papéis brasileiros. Isso em função da economia brasileira não ter sido tão afetada pela crise e também pelo grau de investimento obtido pelo país.
A maior parte das emissões é de distribuidoras de energia. Isso acontece porque, pelas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as distribuidoras não podem ter um retorno superior a 9,5%. Dessa forma, o ideal é que as empresas mantenham 50% de dívida para 50% de capital próprio, aproveitando os benefícios fiscais da captação. Como no ano passado o mercado estava fechado e caro, as distribuidoras usaram mais capital próprio.
Em meio à crise, a EDP tomou um empréstimo com o Bradesco no valor de R$ 250 milhões para pagar o direito de recesso na operação de troca de ativos que fez com o grupo Rede. O chamado de direito de recesso foi exercido pelos acionistas da companhia justamente porque o mercado passava por uma grande crise de liquidez. A EDP não pôde usar o caixa porque ele estava centrado nas controladas e a solução foi recorrer a um banco comercial. O custo ficou em 130% do CDI, com vencimento em um ano. As emissões agora chegam a 110% do CDI e o mercado já começa a negociar prazos de até dois anos.
Também as geradoras fizeram captações importantes. Caso da Tractebel, que emitiu debêntures com vencimento em dois anos, pagando 117% do CDI e captou R$ 600 milhões em fevereiro. Na fila das emissões, estão cerca de R$ 1,6 bilhões sendo preparadas. Uma das maiores é da CPFL Geração, de R$ 315 milhões.
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