A presidente da empresa defende exploração em novas fronteiras e ações para alcançar o net zero em 2050.
Redação TN Petróleo, Assessoria IBPA presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou no encerramento da ROG.e 2024, nesta quinta-feira (26), que a empresa e o Brasil precisam continuar a explorar novas fronteiras e repor reservas para desenvolver o setor trazendo benefícios para o mercado e a sociedade. A executiva lembrou ainda que o país está na vanguarda da transição por ter uma matriz energética altamente renovável. "Entendemos a importância dessa energia (petróleo) para a economia, o país. Precisamos e não há contradição em explorar novas áreas. Esse ritmo que buscamos não é conflitante com a transição energética. É também mais uma fonte para garantir emprego e renda para o Brasil".
Chambriard reforçou o compromisso da empresa com o net zero, que, segundo a executiva, pode ser antecipado. "Nosso petróleo tem a menor pegada de carbono do mundo. Ninguém do mundo tem etanol, gasolina e bunker de navegação tão renovável. Reafirmamos nosso compromisso do net zero em 2050, que, acredito, será antecipado".
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, encerrou a edição da ROG.e ressaltando a troca de conhecimento, os encontros entres grandes empresas, fornecedores que ajudam a fortalecer ainda mais a indústria de óleo, gás e energia. "Esses quatro dias foram uma jornada de sucesso, de resposta e conhecimento".
A edição deste ano da ROG.e bateu recordes e contou com 76 mil participantes, 6 mil congressistas, mais de 600 horas de conteúdo, 630 empresas e 778 trabalhos técnicos apresentados. A ROG.e 2024 também foi um grande exemplo de acessibilidade com o Kit livre, Libras em 100% do conteúdo, sala de apoio à amamentação, assentos adaptados e elevadores exclusivos.
Na cerimônia de encerramento foi entregue o Prêmio Leopoldo Aurélio Miguez de Mello para Carlos Mastrangelo, diretor de operações offshore da Brava Energia, em reconhecimento ao seu trabalho de excelência realizado ao longo de seus 40 anos de carreira no setor de óleo e gás.
Os trabalhos técnicos de destaque em cada um dos sete eixos também foram premiados:
Eixo 1- Upstream: "Modelagem de permeabilidade relativa de rochas carbonáticas heterogêneas do laboratório ao campo: um caso do pré-sal" para José Cavalcante, da Petrobras; Eixo 2 - Midstream/Downstream: "Ajuste contínuo da condição de queima de gases em tochas industriais apoiado por inteligência artificial", para Marcelo Cardoso (Petrobras); Eixo 3 - Gás natural: "Solução de conflitos no setor de gás", para Marcello Lobo (Pinheiro Neto Advogados); Eixo 4 - Soluções de baixo carbono: "A jornada do projeto H2R para navios de perfuração mais sustentáveis com produção embarcada de hidrogênio", para Cristiano Henrique Brito (Ocyan); Eixo 5 - Pessoas, cultura e sociedade: "Tecnologias sociais para mediação de conflitos e construção colaborativa para o desenvolvimento territorial", para Karen Joyce Aragão (Transpetro); Eixo 6 - Financiabilidade da transição: "Mercado de carbono: teoria econômica, prática internacional e expectativas para o Brasil", para Lucas Antoun (Eneva) e Eixo 7 - Transformação Digital e Inovação: Process Safety Management in oil and gas operating units through digital twin plataform: a digital approach for safety control and process intervention", para Janaina Albino (Vidyatec)
Recuperação de campos maduros é alternativa para aumentar a produção de petróleo no Brasil
A produção de petróleo no Brasil pode crescer nos próximos anos por meio do investimento na recuperação de campos maduros e exploração de áreas adjacentes offshore. Essa é a visão do CEO da Brava Energia, Décio Oddone. O executivo participou do Strategic Talks. "Eu costumo dizer que o petróleo mais barato é o já descoberto. O Brasil tem um espaço gigantesco para aumento da produção em campos maduros, em terra. A fração de recuperação no país é muito abaixo da média global, e isso é uma oportunidade", disse.
Na visão do executivo, a exploração de áreas adjacentes também seria uma alternativa para aumentar a produção de petróleo no país, considerando um cenário de declínio no pré-sal no fim da próxima década. "Quando se tem ativos em produção, é mais fácil [explorar as áreas do entorno]. Mas, aqui, temos que avançar em questões regulatórias que permitam, por exemplo, o acesso de terceiros às instalações, entre outras medidas", completou.
Desenvolvimento de biocombustíveis
O desenvolvimento de biocombustíveis no processo de evolução energética da indústria ganhou evidência em painel desta quinta-feira. O programa BioRefino, da Petrobras, foi apresentado pela gerente executiva do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação (Cenpes), Maíza Pimenta Goulart, como uma iniciativa bem-sucedida, com investimento de US$ 1,5 bilhão na produção de combustíveis mais sustentáveis voltados para setores com alto índice de emissões de CO₂, como o rodoviário para veículos pesados, aéreo e marítimo.
"O desenvolvimento de novas tecnologias e biocombustíveis no Cenpes, maior centro de pesquisas da América Latina, se deve principalmente à capacidade de mais de 9 mil pesquisadores a serviço de produtos de baixo carbono", afirmou a executiva. De acordo com ela, em 2023, a Petrobras investiu R$ 145 milhões em parcerias com universidades e centros de pesquisa e empresas e outros R$ 522 milhões em atividades de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em produtos de baixo carbono.
Destaque para o Eteno Verde, cujos testes em escala industrial para produzir uma corrente de Hidrocarbonetos Leves de Refinaria (HLR), rica em eteno, com conteúdo renovável, foram concluídos este ano. Realizado em parceria com a Braskem, o projeto desenvolveu uma potencial matéria-prima renovável para a indústria química.
Outro destaque foi a primeira operação de FCC com carga 100% renovável da Biorrefinaria Riograndense, com tecnologia do Cenpes/Petrobras. "Nosso projeto materializa o conceito da transição energética. Na primeira fase (até 2025), na produção de químicos sustentáveis (bio-GLP, óleo leve, óleo clarificado, bio-BTX); na segunda fase (até 2028), com biocombustíveis avançados (SAF – combustível sustentável de aviação; diesel renovável e nafta verde); e na terceira fase (potencial para futuro), com biocombustíveis sintéticos (e-SAF e e-methanol)", detalhou Felipe Jorge, diretor superintendente da Riograndense.
"O petróleo nos trouxe a capacidade científica e tecnológica para chegar neste estágio de evolução", afirmou o professor titular da Unicamp, Gonçalo Pereira, que fez a moderação do painel. Luiz Mendonça, CEO da Acelen, destacou os projetos de biorrefinaria na Bahia e em Minas Gerais, com produção de biocombustíveis a partir da macaúba, planta nativa e de alto valor energético (96%). "Não basta ser renovável. É preciso ser competitivo", disse o executivo.
O projeto de biorrefino da Acelen tem investimento de mais R$ 12 bilhões, com previsão de plantar macaúba em 180 mil hectares e produção de 1 bilhão de litros de diesel renovável e querosene de aviação sustentável por ano.
Diversidade e inclusão na Petrobras
A Petrobras projeta ter, até 2030, 25% dos seus cargos de liderança ocupados por mulheres e negros. A afirmação foi feita por Thais Pessanha, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da empresa, durante o painel "Transformando o ambiente de trabalho – o impacto das lideranças inclusivas", realizado no Fórum DE&I.
Thaís compartilhou sua trajetória como pessoa com deficiência e listou três pontos essenciais para exercer uma liderança de maneira inclusiva: estudar, para que a escuta ativa seja uma ferramenta de mudança; agir, considerando que o exemplo transforma realidades; e expandir, para ampliar o alcance do seu trabalho para outras localidades ou áreas.
A Petrobras realiza também, conforme explicou a gerente, sensibilizações em escolas de ensino fundamental e médio e em universidades, informando sobre as oportunidades da empresa. Atualmente, os programas de estágio e jovens aprendizes contam, também, com reservas de vagas.
Formação profissional na indústria de energia
De que forma as novas tecnologias, como a inteligência artificial, por exemplo, podem ser exploradas para a formação profissional? "Enfrentamos mudanças muito rápidas. Na área de capacitação precisamos fazer com que elas venham ao encontro do plano estratégico. É importante entender e avaliar como a tecnologia pode potencializar os negócios", respondeu o gerente geral da Universidade Petrobras, Robson Leite, no painel "Formação de Recursos Humanos na área de Energia".
Breno Medeiros, vice-presidente executivo da ABESpetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), mostrou como o segmento de fornecedores vem trabalhando para aprimorar a formação de capital humano e formar novos talentos para as diferentes demandas do mercado. "Elaboramos uma pesquisa para diagnosticar as necessidades da indústria. Falamos com o IBP, a ANP e vamos finalizar a análise de dados".
Raphael Neves Moura, superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP, lembrou que a ANP tem como parte de sua atribuição ajudar a gerir os investimentos da cláusula de P&D, que atualmente é cerca de R$ 4 bilhões por ano para inovação e desenvolvimento e estimular a capacitação. "Temos nosso programa de recursos humanos para alimentar a academia com pesquisadores e também olhar para o empreendedorismo. Fazemos um trabalho colaborativo, de ouvir as empresas para auxiliar no desenho de tendências, modelos de programas de recursos humanos para lidar com os desafios do emprego no futuro".
Sobre a ROG.e - A ROG.e 2024 conta com patrocínio da Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, Galp, Origem, Brava, Petronas, Prio, bp, Chevron, ExxonMobil, Modec, Repsol Sinopec Brasil, SBM Offshore, Acelen, Eletrobras, Excelerate Energy, Ipiranga, Pan American Energy, Vibra, Dell, Nvidia, Naturgy, TechnipFMC, TBG, Trident Energy, ABB, Construtora Elevação, Compass, Foresea, Huawei, Karoon Energy, OceanPact, Perbras, Subsea7, TAG, Transpetro, Vallourec, Renave, além da participação do Governo Federal.
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