A previsão era para o domingo passado, mas a conclusão da dragagem emergencial do Trecho 1 do canal de navegação do Porto de Santos só deve ocorrer nos próximos dias, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária. A estatal não esclareceu os motivos da demora. Mas informou que os exames de verificação da nova profundidade (batimetria) da área, que fica entre a Barra de Santos e o Entreposto de Santos, estão previstos para o início desta semana.
A falta da dragagem de manutenção no canal de navegação (a calha central do estuário) fez com que sedimentos se depositassem no leito do estuário, o que diminuiu sua profundidade. Como resultado, no Trecho 1, somente embarcações com até 12,3 metros de calado (distância vertical da parte do navio que permanece submersa) – ou até 13,3 metros com a maré alta – podem trafegar.
Antes da redução do calado máximo das embarcações, o limite era de 13,2 metros (ou 14,2 metros na maré alta).
A diminuição na profundidade só foi detectada no Trecho 1. Mas como ele fica na entrada do canal de navegação – ou seja, para acessar qualquer ponto do complexo marítimo, um navio tem de passar por essa área –, a alteração no limite do calado dessa área afeta todos os navios com destino a Santos.
Diante do problema, a Codesp fez um aditivo no contrato que já mantinha com a Van Oord Operações Marítimas. A empresa é responsável pela dragagem de aprofundamento dos acessos aos berços (regiões do estuário entre a calha central e os locais de atracação) da Brasil Terminal Portuário (BTP), que fica na Alemoa, e dos novos berços da Ilha Barnabé.
A empresa destacou a draga Lelystad para o serviço no último dia 25 de janeiro. A estimativa da Codesp era de 15 dias para a realização do serviço.
Após o fim da dragagem, será feita uma nova batimetria, que será encaminhada à Marinha. Então, uma reunião entre a Codesp e a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) definirá se o calado máximo permitido voltará a ser de 13,2 metros - e um metro a mais com a maré alta.
Ao limitar o calado máximo das embarcações que trafegam no Porto, a Docas acaba reduzindo a quantidade de cargas que podem ser embarcadas em um navio. Consequentemente, diminui a competitividade do cais santista.
Segundo especialistas, a cada 10 centímetros de aumento no calado máximo de um navio, a embarcação consegue carregar mais 70 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) ou 3 mil toneladas. Com a redução de 13,2 para 12,3 metros na maré baixa, cada cargueiro teve sua capacidade de transporte reduzida em 630 TEUs ou 27 mil toneladas, ao escalar em Santos.
Edital em breve
Também nesta semana, deve ser publicado o edital para a contratação da empresa responsável pela dragagem de manutenção do canal do Porto, dos berços de atracação e de seus acessos (as bacias de evolução). Esta é a previsão da Secretaria de Portos (SEP), que estima iniciar a abertura das propostas na primeira quinzena do próximo mês.
Após a rescisão do contrato com o consórcio Draga Brasil (que cuidava do serviço de manutenção da profundidade do canal de Santos) no final do ano passado, a SEP reafirmou sua intenção de unificar todos os contratos de dragagem no complexo santista. Assim, uma única empresa será contratada por R$ 550 milhões para executar os serviços por três anos.