Redação TN Petróleo/Assessoria Fapesp
Um novo dispositivo, que permite estudar em detalhes o que acontece durante reações eletroquímicas, foi desenvolvido por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) - um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e Shell, com sede na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - em colaboração com pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Sua finalidade é melhorar o desempenho de equipamentos como células a combustível, eletrolisadores, baterias e outros, utilizados na transformação de energia química em energia elétrica e vice-versa. Esses equipamentos têm sido intensamente pesquisados como alternativa para geração e armazenamento de energias renováveis.
O novo dispositivo é uma célula que permite monitorar experimentos eletroquímicos com vários instrumentos de análise espectroscópica. Operando em diferentes bandas de frequência do espectro eletromagnético - infravermelho, luz visível, raios X - esses instrumentos permitem compreender de forma multilateral o que acontece com os materiais envolvidos nas reações eletroquímicas - tanto as moléculas em solução nos eletrólitos quanto os eletrodos.
A pesquisa foi publicada como matéria de capa pela revista ChemElectroChem, junto com uma entrevista com o autor principal do artigo, o pesquisador Pablo Sebastián Fernández, do CINE.
"O grande diferencial e a principal vantagem do nosso dispositivo é que ele permite realizar com uma única célula diferentes tipos de análise", disse Fernández à Agência FAPESP.
"Para isso, ele dispõe de uma janela que pode ser trocada conforme a análise de interesse. Assim, é possível empregar janelas transparentes ao infravermelho, janelas transparentes à luz visível e janelas transparentes aos raios X, e obter, dentre outras, análises espectroscópicas em cada uma dessas bandas de frequência", disse o pesquisador.
Desse modo, uma única célula possibilita realizar in situ espectroscopia por infravermelho, espectroscopia Raman, que utiliza a luz visível, e absorção e difração de raios X, entre outros procedimentos.
No mais, o dispositivo contém todos os componentes normais de uma célula eletroquímica: o eletrodo de trabalho; o contraeletrodo; o eletrodo de referência e o eletrólito com os sais e as moléculas de interesse.
"Os feixes de radiação eletromagnética que passam pela janela interagem tanto com as moléculas de interesse, que estão no eletrólito, quanto com o catalisador, cuja eficiência está sendo estudada", disse Fernández.
Mais uma vantagem, segundo o pesquisador, é que a arquitetura da célula permite trocar uma solução eletrolítica por outra durante o próprio processo de análise, medida em fluxo.
O artigo Versatile Spectroelectrochemical Cell for In Situ Experiments: Development, Applications, and Electrochemical Behavior pode ser acessado em https://chemistry-europe.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/celc.202001242.
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