Etanol

Demanda chinesa por etanol já anima usineiros

DCI - Comércio, Indústria e Serviços
16/01/2008 06:00
Visualizações: 583 (0) (0) (0) (0)

Enquanto a China sinaliza o interesse pelo o álcool brasileiro e, conseqüentemente, a redução do consumo de petróleo, a União Européia ameaça adiar os planos de reduzir as emissões de gases poluentes por meio da mistura de biocombustíveis na gasolina.

Na China, a alta no preço dos grãos e o barril do petróleo na casa dos US$ 100 serão fatores fundamentais para o início das vendas externas de álcool do Brasil ao mercado chinês. Com isso, pode acabar o impasse que acontece entre os dois países. De um lado, as distribuidoras chinesas alegam que não há interesse por parte das tradings brasileiras de exportar regularmente o álcool à China. Já a indústria sucroalcooleira nacional acusa o governo chinês de proteger seu mercado, pois o país produz álcool de milho, cujo custo de produção é muito superior ao do álcool de cana produzido no Brasil.

A China produz hoje 2 bilhões de litros de álcool - de milho e de outras fontes como a mandioca -, mas em apenas cinco províncias, que estão habilitadas a adicionar até 10% de etanol à gasolina e que respondem por 16% da frota chinesa, o potencial de consumo é de 4,5 bilhões de litros do biocombustível por ano.

Com a abertura do mercado chinês, o setor acredita que haja um adicional nos embarques em torno de 2 bilhões de litros de álcool combustível. Em receita, o acréscimo seria de aproximadamente US$ 1 bilhão.

"Se todo o país resolver adotar a mistura, a demanda será ainda maior", prevê Alfred Szwarc, consultor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

Até 2005, o Brasil exportava álcool industrial à China, mas há quase três anos não faz embarques para aquele mercado.

Dados oficiais da China indicam que o consumo de petróleo é de 9 milhões de barris. No Brasil, o consumo é de 2 milhões de barris. "Esses dados mostram o tamanho do mercado e o potencial de consumo de álcool se a China inteira resolver adicionar o biocombustível", afirma Paul Liu.

De acordo com dados da Unica, na última safra de cana o Brasil exportou cerca de 3,4 bilhões de litros de álcool.

"Há pouco mais de um ano, com a alta do petróleo, grupos privados têm demonstrado interesse em comprar álcool do Brasil", afirma Paul Liu, presidente executivo da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico. Mas, segundo o executivo, as empresas chinesas estão tendo dificuldade em assinar contratos de médio e longo prazo. "Não existem tradings fazendo operações com a China", afirma Liu.

Entretanto, o representante da Unica afirma que as missões chinesas que estiveram no Brasil no último ano informavam que não tinham interesse de importar o produto brasileiro, e sim de investir em suas indústrias. "Mas nesse momento, com os grãos e o petróleo em alta, o governo deve rever sua posição e abrir uma grande oportunidade para o Brasil", explica Szwarc.

De olho no potencial do mercado asiático, que concentra dois grandes potenciais mercados para o etanol - Japão e China - a Unica vai instalar um escritório representante na Ásia. "Ainda não está definido o local, mas será estratégico para a promoção do etanol no continente asiático", segundo o executivo, que avisou que o escritório será montado no primeiro semestre de 2008. A Unica já conta com duas representações fora do País, uma unidade em Bruxelas, focada no mercado europeu, e uma nos Estados Unidos, o maior produtor e consumidor mundial de etanol.

Assim como a demanda por alimentos no país asiático cresceu - existe déficit de 1 milhão de toneladas na produção de açúcar -, a demanda por combustíveis também cresceu. Segundo Liu, a frota chinesa aumenta em 1 milhão de carros por ano. "Hoje, existem entre 6 e 7 milhões de veículos rodando na China."

O país asiático, que já foi fornecedor de petróleo ao Brasil, hoje importa o produto por meio da Petrobras, sendo esse o terceiro produto mais vendido pelo País ao mercado chinês, ficando atrás apenas da soja e do minério.

União Européia

A Academia Real de Ciências do Reino Unido, conhecida como Royal Society, alerta de que as metas existentes do uso do etanol na Europa não ajudarão a cortar as emissões de CO2 no continente e pede que mais 20 anos sejam dados para que o continente se ajuste aos novos combustíveis. Ontem, a União Européia anunciou que poderá rever a meta de ter 10% de seus carros movidos a etanol até 2020.

A notícia foi vista com certa desconfiança pelo setor sucroalcooleiro brasileiro, que acredita ter questões políticas envolvidas na decisão. "Os produtores deverão ficar atentos ao mercado internacional de álcool, mas o adiamento, se ocorrer, não terá grande impacto para as usinas brasileiras", explica o executivo da Unica. Segundo Szwarc, os produtores estão focados no mercado interno e, no caso das exportações, os países asiáticos devem compensar qualquer tipo de perda com a decisão da Europa.

De janeiro a novembro de 2007, o Brasil embarcou cerca de 800 milhões de litros de álcool para a União Européia, principalmente para a Holanda, que serve de distribuidor para o continente.

Nos últimos meses, uma série de organizações não-governamentais vêm questionando o uso do etanol na Europa. O estudo da academia britânica foi encomendado pelos dirigentes europeus, que queriam uma palavra final sobre o impacto que o etanol teria para o meio ambiente.

Segundo o estudo, esforços dos governos para introduzir o etanol não conseguirão reverter as emissões de CO2 . Na Inglaterra, o plano era de ter 5% do consumo alimentado por biocombustíveis até 2010. Mas a estratégia pode acabar exigindo que os ingleses usem fontes de energia pouco eficientes para que possam cumprir a meta. No lugar de colocar metas de uso do biocombustível, os especialistas indicam que o governo deveria ter metas de redução de emissões.

Segundo John Pickett, um dos autores do projeto, isso irá incentivar os produtores a incrementarem os combustíveis já existentes e acelerar o desenvolvimento de novos produtos.

Para concluir, o estudo ainda pede que a UE adote leis que garantam que apenas biocombustíveis que reduzam as emissões de CO2 tenham autorização de ser desenvolvidos no continente.
 
Fonte: DCI - Comércio, Indústria e Serviços

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Descarbonização
EPE lança análise sobre a Descarbonização do E&P brasile...
13/06/25
Firjan
No lançamento do Anuário do Petróleo no Rio, empresários...
13/06/25
Oferta Permanente
ANP realiza 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão n...
13/06/25
Negócio
ANP fará consulta e audiência públicas sobre atualização...
12/06/25
RenovaBio
ANP aprova nova norma para certificação de biocombustíveis
12/06/25
E&P
ANP aprova resolução com requisitos para cumprimento do ...
12/06/25
Bahiagás
Luiz Gavazza destaca expansão da Bahiagás e protagonismo...
12/06/25
Evento
SP Offshore 2025: segunda edição impulsiona nova fase da...
12/06/25
ANP
PRH-ANP: resultado final da edição 2025 será divulgado e...
12/06/25
Pessoas
Ana Lia Ferrero é a nova CEO da Prime Energy
11/06/25
Energia Eólica
Complexo Eólico Ventos de São Zacarias é inaugurado na d...
11/06/25
Parceria
ORPLANA e IAC firmam parceria para inovação e sustentabi...
11/06/25
Internacional
Brasil recebe o principal evento global de hidrogênio a ...
11/06/25
Pré-Sal
ABB vai fornecer elétrica e automação para próxima geraç...
10/06/25
Fertilizantes
Petrobras produz primeiro lote de ARLA 32 na Ansa, em Ar...
10/06/25
Evento
Fenasucro & Agrocana 2025 reforça compromisso ambiental ...
10/06/25
Internacional
Petrobras apresenta declaração de interesse em blocos ex...
10/06/25
Firjan
Edição especial do Anuário do Petróleo no Rio, da Firjan...
09/06/25
E&P
ANP publica painel dinâmico de atividades e investimento...
09/06/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Bahia Oil & Gas Energy consolida sua relevância para o setor
09/06/25
Mercado
ANP altera formato para acompanhamento ao vivo das reuni...
09/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22