Valor Econômico
Em sua estréia ontem nas bolsas de São Paulo e Nova York, o grupo CPFL Energia levantou R$ 817,8 milhões. A empresa pretende usar os recursos na construção de novas usinas hidrelétricas e admite partir para aquisições de outras distribuidoras de eletricidade. A afirmação foi feita pelo presidente do grupo, Wilson Ferreira Júnior, de Nova York, em videoconferência com os jornalistas. Com a operação, o patrimônio da empresa subiu de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,09 bilhões.
No seu primeiro dia de negociação, a empresa movimentou R$ 90, 5 milhões (em 922 negócios com 5,2 mil ações). Em termos de volume financeiro, os papéis da CPFL foram o quarto mais negociado, atrás da Telemar, Petrobras e CSN. Apesar de ter atingido uma alta de 2,5% ao longo do dia, chegando a R$ 17,65, a ação fechou com um preço abaixo do previsto, de R$ 17,23, tendo valorização de apenas 0,06% sobre o valor inicial, de R$ 17,22. Assim o valor de mercado da empresa ficou em R$ 7,8 bilhões.
O preço inicial da ação, aliás, já havia ficado na ponta mais baixa das estimativas dos coordenadores, em US$ 18 por American Depositary Share (ADS) e em R$ 17,22 por ação ordinária. Cada ADS representa 3 ações ordinárias. Na semana passada, a holding havia estreitado a faixa de preço da oferta da ADS para entre US$ 18 e US$ 19,90, ante o plano inicial de US$ 17,50 a US$ 20,40 por ADS. O preço inicial estabelecido para as ações ordinárias no Brasil havia sido entre R$ 17 e R$ 20.
Segundo um analista de banco que não quis ser identificado, o preço ofertado pelos vendedores estava alto, daí o motivo da baixa valorização do papel. "O mercado é racional. Não quer só ficar com um bom ativo, mas ganhar dinheiro. Se o preço estiver alto, ele não compra", disse o analista.
Com a distribuição pública de ações, a quantidade inicial de ações da companhia em circulação no mercado ficou acima de 10%. Porém, como a holding está listada no Novo Mercado - maior nível de governança corporativa da Bovespa - ela tem até três anos para atingir um índice de 25%, patamar mínimo exigido pelo Novo Mercado.
Com capital 100% nacional, a CPFL Energia tem como principais acionistas a VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), a 521 Participações (formada pela Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil) e a Bonaire - que reúne os fundos de pensão Petros (da Petrobras), Funcesp (das empresas paulistas de energia) e Sistel (das companhias de telecomunicações).
O presidente da companhia vê uma consolidação futura da holding no setor por meio de aquisições e investimentos maciços. O novo modelo do setor elétrico, que está em fase de implementação, será um fator positivo para o setor, na visão do executivo.
Com a estabilização do marco regulatório, deverá haver um processo de consolidação no setor, principalmente na distribuição, segundo Ferreira Jr. "O novo modelo estabelece condições de desenvolvimento com a diminuição dos riscos regulatórios", disse, reforçando que isso deve levar a um processo de reavaliação dos ativos por parte das empresas.
Nesse sentido, complementou, como a CPFL é um dos maiores grupos na área elétrica, é um candidato a ser "consolidador" nesse processo, ou seja, a adquirir outras empresas. Ferreira Jr. afirmou, entretanto, que ainda não houve conversas a esse respeito com outras companhias de distribuição. O mercado aponta a distribuidora Light, posta à venda por seu controlador, o grupo francês EDF, como possível alvo do interesse da CPFL.
Ferreira Jr. afirmou que como a CPFL já tem presença forte nas regiões Sul e Sudeste do país, qualquer movimento vindouro será nessas regiões.
A CPFL é atualmente o maior investidor privado em novos projetos de geração, com seis usinas hidrelétricas sob o seu controle. Destas, três estão em construção e outras três terão as obras iniciadas nos próximos meses. As usinas entram em operação ao longo dos próximos 3 a 4 anos, segundo o presidente da companhia.
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