A Petrobras e Firjan SENAI uniram esforços para ampliar a capacidade de realização de testes de diagnóstico de Covid-19 no Brasil. A parceria prevê pesquisa para o desenvolvimento de uma nova metodologia de testes, batizada de “pooling multiplex”, com potencial de aumentar em cerca de 10 vezes a capacidade de análises e reduzir em até 85% os custos dos ensaios. Para dar uma dimensão, o teste do tipo RT-PCR, de alta acurácia e considerado padrão ouro, custa em média R$90, ao passo que, com a nova abordagem, o valor poderá chegar até R$13.
“A inovação é na metodologia de realização das testagens. A nova abordagem vai acelerar o protocolo de testes RT-PCR, pois permite a avaliação em pool, e não individual, da presença do vírus”, disse um dos líderes do projeto na Petrobras, Rubens Akamine. O método prevê a análise, em tempo real, das amostras para detecção da Covid-19 num mesmo grupo de pessoas - de uma mesma empresa, por exemplo. Com esse formato, o laboratório ainda otimiza a quantidade de reagentes químicos nos ensaios – de três para apenas um - e aumenta a escala das testagens, barateando o processo. Outro ganho é o melhor aproveitamento da infraestrutura de laboratórios.
Para se ter uma ideia, uma máquina de testes RT-PCR consegue fazer 1.500 testagens por dia, ao passo que a nova abordagem permitirá a realização de até 15 mil testes diariamente. “Essa estimativa ainda é conservadora. Com o avanço da metodologia e no melhor cenário, podemos aumentar em até 24 vezes o número de testes. A expectativa é implementá-la nos próximos meses”, complementou Alex dal Pont, à frente do tema de Inovação Aberta no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e na estrutura científica de resposta à crise.
Testes em massa
Com a nova metodologia, a intenção é tornar viável os testes em massa no país. “O Brasil enfrenta dois problemas: a demanda por testes supera a capacidade de execução e os preços são muito altos. Com o multiplex, o ganho em escala será muito maior. Nosso objetivo é reduzir a dependência à importação e ajudar a virar o jogo no combate à pandemia”, disse o líder de produção das esteiras técnicas da frente científica de combate ao coronavírus na Petrobras, André Concatto.
A intenção é tornar a nova metodologia acessível a todos os laboratórios, como contrapartida da cooperação à sociedade, de forma que possam usar livremente o protocolo otimizado no país e no mundo. “Nossa expectativa é replicar essa abordagem para viabilizar as testagens em massa. A inovação é aberta. A intenção é que os fornecedores de insumos ajustem os kits com este novo método e adaptem suas linhas de produção”, complementou Concatto.
“A metodologia RT-PCR - considerada padrão ouro pela OMS para detecção do vírus SARS-CoV2 - requer que uma amostra seja testada em três diferentes reações para validação dos resultados. Além de o protocolo ser relativamente longo, a disponibilidade de insumos no mercado está limitada em todo o mundo. A ideia visa otimizar protocolos, combinando as três reações, de maneira que os testes individuais sejam realizados apenas após a detecção de um positivo neste grupo de amostras”, explica o pesquisador-chefe do Instituto SENAI de Inovação em Química Verde, Antonio Fidalgo, destacando a participação na pesquisa de Luciana Jesus Costa, professora associada do laboratório de Genética e Imunologia das Infecções Virais/UFRJ.
Estrutura científica de combate à pandemia
Essa parceria é mais uma iniciativa da frente científica da companhia de combate ao coronavírus. “O objetivo da nossa Estrutura Científica de Resposta (ECR) é acelerar soluções para ajudar a salvar vidas, seja com iniciativas internas, ou em parceria com universidades, empresas e instituições de pesquisa, como neste caso”, comentou Antonio Vicente de Castro, líder da ECR da Petrobras. Para a iniciativa, a Firjan SENAI implantará a nova metodologia de testes em seu laboratório de PCR no Instituto SENAI de Inovação em Química Verde, que servirá de hub para disseminar o método a todos os laboratórios que se interessarem para imediata implantação.
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