Jornal do Commercio
A Ucrânia e a Rússia voltaram a trocar acusações ontem sobre a culpa pela interrupção no fluxo de gás para alguns países da Europa, e as reduções no fornecimento causadas pela disputa entre os dois países avançaram para a República Tcheca e a Turquia. O oferta de gás natural da Rússia caiu 5% para a República Tcheca, a mais recente vítima de um impasse que começou quando a Rússia cortou o fluxo de gás para a Ucrânia no feriado de ano-novo em meio a uma disputa sobre dívidas e preços. "Este é o primeiro sinal da crise Rússia-Ucrânia na República Tcheca", disse um porta-voz da importadora de gás RWE Transgas.
A Alemanha, maior economia da Europa, anunciou que o fluxo de gás continua normal. Companhias de energia da União Européia afirmaram que não haveria efeitos sobre seus consumidores desde as interrupções não durem tanto tempo a ponto de baixarem as reservas. Analistas disseram que, se isso se prolongar por semanas, as situação na UE pode ficar difícil. Mais cedo, a Turquia também informou uma baixa na oferta, juntando-se a Polônia, Hungria, Romênia e Bulgária.
A Rússia tem acusado Kiev de roubar o gás destinado à Europa, mas a Ucrânia devolve as acusações, alegando que Moscou está cortando em mais da metade o fluxo de um importante gasoduto de exportação.
"A Naftogaz considera as ações da Gazprom como ameaças à segurança energética da Ucrânia e da Europa, podendo ter consequências imprevisíveis para todo o trânsito de gás no sistema europeu", afirmou a companhia estatal ucraniana em um comunicado. "Sentimos que a situação evoluiu para um ponto que justifica um encontro extraordinário", disse Radek Honzak, porta-voz da República Tcheca, que ocupa a presidência rotativa da UE.
A Ucrânia está desviando uma parte do gás destinado à UE desde que a Rússia suspendeu as remessas para a ex-república soviética. Pelos dutos da ex-república soviética são transportadas 80% das exportações da gigante russa Gazprom para a Europa.
Praga classificou a crise como "problema bilateral", mas iniciou esforços diplomáticos para evitar o desabastecimento. Ontem, o premiê Mirek Topolanek encontrou funcionários do governo ucraniano. Além da reunião do bloco, nesta segunda-feira, a presidência da UE anunciou planos de reunir-se com Moscou.
A ucraniana Naftogaz afirma que o desvio, equivalente a 7% das exportações diárias para a UE, é uma exigência técnica para manter a pressão nos gasodutos e diz que não usará suas reservas para facilitar as exportações russas.
A Gazprom e Naftogaz não chegaram a um consenso sobre o preço a ser pago pelo gás em 2009 e sobre supostas dívidas que Kiev considera quitadas. A Gazprom anunciou que fixará o preço do gás natural para a Ucrânia em janeiro em US$ 450 por 1.000 metros cúbicos, mais que o dobro do nível do ano passado, para tentar atrair o país de volta a negociações sobre um novo acordo de oferta.
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