Redação TN Petróleo/Assessoria CTC/PUC-Rio
Pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), Antônio Márcio Tavares Thomé, Marcelo Seeling, Carlos Maligo e Allan Cormack, acabam de lançar o estudo "Competitividade no mercado de gasolina e diesel no Brasil: uma nova era?". Ele foi financiado pela Brasilcom e teve como motivação o anúncio pela Petrobras, de venda de 50% da capacidade de refino, em cumprimento ao acordo celebrado com o CADE em junho/19.
O estudo (em anexo) trata da possibilidade de formação de monopólios privados regionais, sem garantia de aumento de competitividade que possa ser refletido em redução do custo aos consumidores finais, a partir do desinvestimento da Petrobras, no que se refere às suas refinarias.
Eles conseguiram avaliar a área de influência de cada refinaria em processo de desinvestimento e apontar os principais riscos, do ponto de vista de competitividade e garantia do abastecimento, associados aos desinvestimentos em curso. Foi uma análise técnica imparcial, através de informações públicas disponibilizadas pela Petrobras, ANP, Ministério de Minas e Energia e Ministério de Infraestrutura, sobre os possíveis impactos e riscos de monopólios regionais da venda de Gasolina A e Óleo diesel A, após a concretização da estratégia de desinvestimento da Petrobras de suas refinarias. Como resultado da primeira fase do estudo, os pesquisadores identificaram a possibilidade entre moderada e alta, dependendo da refinaria, de formação de monopólios privados regionais, sem garantia de aumento de competitividade que possa ser refletido em redução do custo aos consumidores finais. Estas conclusões preliminares estão sendo validadas na segunda fase do estudo (em curso) por entrevistas com especialistas de mercado com ampla experiência no setor. Os resultados desta segunda fase do trabalho serão comunicados em breve.
Este estudo foi apresentado remotamente no dia 28 de abril para o Ministério de Minas e Energia junto ao grupo CTCB Abastece Brasil, com participação de técnicos dos Ministérios da Economia, Infraestrutura, Tribunal de Contas da União e Agência Nacional de Petróleo. Em 15 de maio, uma nova apresentação remota foi feita para a Comissão Parlamentar sobre Abastecimento.
O que acha de explorar os resultados, entrevistando o Prof. Márcio Thomé, integrante do grupo de pesquisadores da PUC-Rio?
Seguem abaixo alguns detalhes do estudo.
Competitividade no mercado de gasolina e diesel no Brasil: uma nova era?
• Identificação das refinarias, dutos longos, ferrovias e portos na área de influência – Refinarias: REFAP/RS, REPAR/PR, REGAP/MG, RLAM/BA, RNEST/PE e REMAN/AM
• Análise quantitativa das áreas de influência para análise dos diferenciais de custo e análise de sensibilidade
• Análise qualitativa da possibilidade de avanço e capacidade de proteção do mercado
• Análise dos riscos de todas as áreas de influência sob o ponto de vista logístico, competitividade e relação com o mercado consumidor
Conclusões:
• O livre acesso aos terminais aquaviários e aos dutos de transporte deve ser fiscalizado de perto pela ANP de modo a incentivar ao máximo a utilização da infraestrutura por diversos agentes, sempre que possível;
• O investimento em infraestrutura logística (principalmente terminais aquaviários, ferrovias e dutos) que possibilite aumentar a superposição de áreas de influência das refinarias teria impacto positivo imediato na competitividade;
• Considerando a possibilidade de grande impacto no mercado devido à venda das refinarias, sugere se o estabelecimento de regras de transição, válidas por período determinado suficiente para que os novos agentes estabeleçam relações comerciais adequadas, visando principalmente a manutenção dos contratos existentes e a previsibilidade dos volumes disponíveis para os agentes em atividade;
• As limitações indicadas no início do presente estudo devem ser objeto de pesquisas futuras pelo potencial impacto concorrencial na distribuição e revenda Em particular os riscos de redução da produção nacional (por possível fechamento de refinarias), regulamentação que estabeleçam os monopólios regionais e a possibilidade de a privatização permitir a descontinuidade dos contratos vigentes;
• A possibilidade de o comprador de refinaria ser verticalizado para a distribuição apresenta um risco real de vantagem competitiva desta distribuidora em detrimento de suas competidoras, e possivelmente dos consumidores.
PDF do Estudo, CLIQUE AQUI!
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