Infraestrutura

Ciclo de investimento em energia é 32% maior

Valor Econômico
05/06/2012 20:01
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O setor elétrico vive atualmente novo ciclo de investimentos, com previsão de aporte de recursos da ordem de R$ 158 bilhões de 2012 a 2015, em projetos da União e da iniciativa privada em geração, distribuição e transmissão. O número foi informado ao 'Valor' pela chefe do departamento de energia elétrica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Márcia Leal, e representa um valor 32% superior ao alocado no ciclo imediatamente anterior, de 2009-2012, quando foram investidos R$ 119 bilhões, segundo cálculos do BNDES. O montante também é superior ao registrado no período 2008-2011 (R$ 101 bilhões).

O aumento no volume de recursos foi favorecido pela inflação no período. Cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atestam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 24,59% de 2009 até abril de 2012. Já de 2008 a 2011, o IPCA subiu 19,86%.

A nova projeção de recursos, que deve ser oficializada em breve pelo BNDES em seu próximo "Visão de Desenvolvimento", publicação que oferece panorama sobre macroeconomia e investimentos futuros no país, é superior à estimativa anterior feita pelo governo, em parceria com o banco. A projeção antiga era de R$ 139 bilhões para o setor elétrico de 2011 a 2014.

O BNDES não vai ficar de fora deste ciclo, embora o banco não informe qual será sua participação. Márcia explica que o apoio da instituição oscila entre 50% a 70% do total orçado para o empreendimento, dependendo da área (geração, distribuição e transmissão). Em horizonte de curto prazo, segundo ela, a expectativa é que os desembolsos do banco para energia elétrica atinjam em torno de R$ 18 bilhões este ano, valor 28% superior ao liberado em 2011 (R$ 14,721 bilhões).

No ano passado, os desembolsos do banco para o setor também atingiram crescimento semelhante, pois as liberações em 2010 foram de R$ 11,9 bilhões. "Eu diria que o crescimento é constante [o ritmo de liberações]. Há uma flutuação de um ano para o outro, mas o ciclo é sempre crescente", afirmou.

Os patamares de crescimento nos desembolsos do banco para o setor elétrico, até o momento, não indicam necessariamente que as taxas de elevação de concessão de empréstimos do banco para a área permanecerão nesta mesma magnitude, observada nos anos de 2011 e estimada para 2012, em um horizonte de longo prazo. Márcia explicou que muitos projetos de grande porte, principalmente usinas hidrelétricas, estão iniciando entrada em operação com o apoio do banco - e a carga de investimento é sempre maior no começo de um projeto de energia elétrica.

Para a chefe de departamento do banco, a perspectiva futura no ritmo de andamento de projetos, investimentos e financiamentos para o setor não foi diminuída nem mesmo pelos adiamentos recentes, para outubro, dos leilões de energia A-3 e A-5, marcados inicialmente para junho e para agosto, e destinados ao fornecimento de energia para três e cinco anos, respectivamente. As razões para os adiamentos foram atrasos em licença ambiental, e baixa procura. "Foram adiados, mas teremos [leilão] este ano", frisou. "Não esgotamos nossa matriz elétrica de necessidade de crescimento", completou.

Um dos grandes projetos que vão receber recursos do banco é a usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Pará, no Rio Xingu. As condições do financiamento do BNDES para o consórcio Norte Energia, que lidera o empreendimento de Belo Monte, estão em fase final de análise, segundo Márcia. "Ainda não encaminhamos para a diretoria", disse, acrescentando que o financiamento do banco ao empreendimento deve ficar em torno de R$ 20 bilhões. "Mas ainda não batemos o martelo [sobre o número]", afirmou.

As frequentes notícias de paralisação em canteiros de obras de projetos do setor elétrico apoiados pelo banco, como as usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, do rio Madeira, em Rondônia, tem sido acompanhadas de perto pelo banco. Mas Márcia considerou que, mesmo com as paralisações, o cronograma oficial de entrada em operação das usinas se manteve.

Os recursos voltados para o setor elétrico estão inseridos dentro do planejamento do banco para as áreas de logística e de energia em 2012. Em entrevista recente ao 'Valor', o superintendente da área de infraestrutura da instituição, Nelson Fontes Siffert Filho, afirmou que a previsão de desembolsos do BNDES em 2012 para estas duas áreas girariam em torno de R$ 23 bilhões, ou seja, R$ 18 bilhões somente para o setor elétrico. Este valor ajudaria na implementação de projetos cujos investimentos totais somariam em torno R$ 38 bilhões, até o final do ano.

Nos desembolsos para o setor elétrico este ano, as fontes de energia alternativa são representadas principalmente por projetos de energia eólica. Somente as liberações do banco para empreendimentos eólicos devem girar entre R$ 2,8 bilhões e R$ 3 bilhões este ano, em torno de 27% acima do liberado do ano passado (R$ 2,2 bilhões) informou o gerente do departamento de fontes de energias alternativas do banco, Luis André d'Oliveira, também em entrevista recente ao 'Valor'. Os projetos de energia eólica devem receber R$ 8,9 bilhões do BNDES até 2016.
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