Valor Econômico/Ag.
A Venezuela vai investir US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos em projetos de infra-estrutura, disse ontem o presidente Hugo Chávez. O dinheiro para isso viria da receita com petróleo.
Chávez afirmou ontem, em seu programa semanal de TV, que os investimentos do governo nos próximos cinco anos ficarão numa média anual de US$ 20 bilhões. Esses "plano de investimentos extraordinários" acontecerá à margem do orçamento normal do governo e vai priorizar o setor de transportes.
"Vamos construir uma segunda ponte sobre o Lago Maracaibo", prometeu o presidente, que apresentou seu programa de Maracaibo, cidade no oeste do país. "Vamos construir um novo porto, Porto Bolívar. Vamos limpar o Lago Maracaibo", continuou.
Segundo Chávez, que disputa a reeleição no final do ano que vem, essas obras serão financiadas pelo estatal petrolífera Petroleos de Venezuela (PDVSA), assim como por um fundo estatal constituído por parte das reservas internacionais do país.
A PDVSA deve contribuir com cerca de US$ 10 bilhões por ano. O governo já vem usando recursos da estatal para financiar programas sociais. Analistas do setor dizem que esse uso do caixa da empresa vem restringindo a capacidade de investimento da principal companhia de petróleo da América Latina e que isso já estaria causando uma redução na produção, o que o governo nega. A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo do mundo.
O orçamento do governo da Venezuela é de aproximadamente US$ 40 bilhões por ano. Nos cada um dos últimos dois anos, a PDVSA destinou cerca de US$ 4,5 bilhões para gastos não relativos à indústria de petróleo.
O país já tem hoje US$ 8 bilhões separados em dois fundos governamentais para gastos fora do orçamento. O Fonden, que é financiado pelas reservas internacionais, possui atualmente US$ 6 bilhões. O Fondespa, fundo de desenvolvimento financiado pela receita do petróleo, dispõe de US$ 2 bilhões.
Analistas já esperavam que Chávez tivesse um amplo programa de obras públicas antes das eleições presidenciais de dezembro de 2006, para as quais ele é favorito. Economistas advertiram que esse gasto extra pode causar pressões inflacionárias no médio prazo. E alertam também que a Venezuela está vulnerável a uma queda nos preços do petróleo, que responde por 80% de todas as exportações do país e por 50% das receita fiscal do governo. Não se espera, porém, que a cotação do petróleo possa sofrer uma queda abrupta nos próximos anos, devido à elevada demanda.
A Venezuela deve acertar hoje a compra de US$ 2 bilhões em equipamentos militares da Espanha. O contrato inclui oito fragatas e doze aviões de transporte de tropas. O governo dos EUA, que busca conter a influência de Chávez, tentou, sem sucesso, dissuadir a Espanha de concretizar o negócio.
Fale Conosco
22