Jornal do Commercio
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está envolvida em duas grandes negociações em andamento no setor elétrico. Numa delas, a estatal mineira tenta ampliar sua participação na distribuidora Light, do Rio, comprando fatias de seus sócios. Na outra ponta, a Andrade Gutierrez, sócia da Cemig na Light, tenta adquirir o consórcio SEB (Southern Electric Brasil), que detém 33% das ações da companhia mineira (ou 14% do capital total). No primeiro caso, a estatal estaria em negociação para comprar as participações do Pactual e da Andrade Gutierrez na concessionária fluminense, o que representaria dar à companhia mineira o controle da empresa.
A entrada da Cemig no grupo controlador da Light ocorreu em 2006, por meio do consórcio Rio Minas Energia (RME), que detém 49,39% do capital da Light. O RME é formado por Cemig, Andrade Gutierrez, JLA Participações e Pactual Latin America Power Fund, cada um com uma participação de 25%.
As participações da Andrade Gutierrez e Pactual estariam sendo negociadas por R$ 700 milhões cada. A Equatorial Energia, empresa controlada pelo Pactual, confirmou que está em "conversas preliminares com terceiros para uma eventual venda da participação indireta que detém na Light".
Em nota, a empresa ressaltou, no entanto, que até o momento não foi firmado nenhum acordo sobre os ativos. "A companhia está sempre pronta a discutir, com potenciais interessados, novas oportunidades que possam reverter em benefício de seus acionistas, respeitando seus compromissos estatutários, contratuais e legais." Procurada, a Cemig informou que não faria comentários sobre o assunto, por estar em período de silêncio (quiet period), motivado pela conclusão da compra da Terna Participações.
A companhia iniciou este mês uma captação de R$ 2,7 bilhões, que deverão ser usados na transação. Mas uma fonte confirmou que as negociações com a Equatorial estão mais avançadas do que com os outros sócios do consórcio RME. A empresa tem participação na Light e na Cemar, companhia elétrica do Maranhão. A dúvida é saber se a Cemig fecha um pacote com os dois ativos ou se negocia só a participação na distribuidora fluminense.
Por outro lado, a Andrade Gutierrez poderia usar os recursos de uma eventual venda de sua fatia na Light para a compra da participação do consórcio SEB na Cemig. Dessa forma, a empresa teria uma participação direta na Cemig, com direito a decisões importantes dentro da empresa. O consórcio SEB foi criado na década de 90 para participar do leilão de venda de 33% das ações de capital votante da Cemig.
O consórcio SEB é formado pelas americanas AES e Mirant, além do Opportunity. O grande problema, diz uma fonte, é que a Mirant, por exemplo, nem tem mais representante no Brasil. A AES negou qualquer negociação.
APETITE. A Cemig vem mostrando um grande apetite por aquisições este ano. Em abril, a empresa anunciou a aquisição da italiana Terna Participações, em um negócio que vai envolver um desembolso de R$ 3,5 bilhões. Foi a segunda compra da companhia no ano, depois da confirmação de investimentos da ordem de R$ 213 milhões na aquisição de três usinas eólicas no Ceará.
No ano passado, a Cemig ampliou a participação na Transmissoras Brasileiras de Energia (TBE), que reúne cinco empresas de transmissão. Ontem, em entrevista a uma emissora de rádio, o governador de Minas, Aécio Neves, voltou a reiterar que a Cemig é uma "compradora no mercado".
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