<P>O transporte de cabotagem — navegação entre portos de um mesmo país — deve ser o segmento da cadeia de transporte mais afetado pela alta do preço do óleo bunker. O temor do setor é que a modalidade perca ainda mais competitividade em relação ao modal rodoviário.</P><P>A previsão de ...
A Tribuna - SPO transporte de cabotagem — navegação entre portos de um mesmo país — deve ser o segmento da cadeia de transporte mais afetado pela alta do preço do óleo bunker. O temor do setor é que a modalidade perca ainda mais competitividade em relação ao modal rodoviário.
A previsão de dificuldades para a operação de cabotagem foi feita pelo vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Armadoras (Syndarma), Roberto Galli, em entrevista a A Tribuna.
‘‘O bunker tem aumentado de forma dissociada do diesel para o caminhão. Então, o sistema rodoviário não sofre tanto com esse aumento de preço porque o bunker não aumenta na proporção do diesel’’, comentou Galli.
O vice-presidente do Syndarma também explicou que a cabotagem sai mais uma vez em desvantagem ao modal rodoviário devido à política tributária do País. ‘‘Quando o navio está fazendo seus serviços somente no Brasil, ele tem que pagar esse consumo (de óleo bunker) como exportação. Na navegação de longo curso — entre países e continentes —, há isenção dos impostos. Então, ao invés da cabotagem surgir com força total, ela fica menos competitiva’’, exemplificou o executivo.
LOG IN
De acordo com o diretor de Logística da armadora Log In, Rômulo Otoni, se a política de transporte do Governo já favorece o modal rodoviário, as dificuldades aumentam com o aumento do preço do bunker. ‘‘A competição não é justa. De 2004 para cá, o preço do bunker cresceu 200%, enquanto o diesel só teve 13% de aumento. Ou seja, o discurso de incentivo à cabotagem, de retirar a carga dos caminhões e de transferir para modais mais eficientes, não se traduz na prática. A gente não quer deixar de pagar os impostos, só queremos equidade nos custos’’, desabafou, ao criticar que somente a Petrobras comercializa o produto no Brasil.
O executivo ainda afirmou que sua empresa está prestes a concluir um estudo sobre os impactos do reajuste do bunker. Uma das possíveis alternativas que o levantamento oferecerá será reduzir a velocidade dos navios entre 2% e 3%, passando de um consumo de 30 toneladas por viagem para 28 toneladas. ‘‘Numa conta de anuidade, pode ser significativo. E desse estudo nós vamos ver como pode ficar a frequência de escalas’’, concluiu.
SAIBA MAIS:
O que é o bunker
O bunker é o derivado do petróleo utilizado para o abastecimento de navios em todo o mundo. Extraído da mistura do petróleo nacional e do importado, o combustível marítimo tem um baixo teor de metais, como alumínio e silício, e de enxofre. No Brasil, seu fornecimento é feito pela Petrobras, através do seu serviço Petrobras Bunkering, que abastece embarcações na América do Sul e em Cingapura. Geralmente, esse produto é repassado a empresas de abastecimento, que o vendem nos portos brasileiros.
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