O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior está preparando para outubro a terceira grande missão empresarial deste ano à África, que incluirá Angola, Moçambique, Namíbia e África do Sul.
"Queremos incentivar ao máximo a internacionalização das empresas brasileiras, e a África é uma das nossas prioridades", afirmou o ministro Miguel Jorge.
De acordo com o Governo, estas missões, que usam aviões da Força Aérea Brasileira, facilitam o deslocamento dos empresários na África, carente em ligações aéreas, e estão captando um número cada vez maior de interessados.
A próxima delegação deverá ter, a exemplo das anteriores, pelo menos 100 empresários de vários setores, como construção civil, defesa e alimentos.
Miguel Jorge afirmou que "não faltará dinheiro" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar empresas brasileiras que queiram se instalar na África e na América Latina.
"Da mesma forma, não faltará dinheiro para financiar a compra de bens, produtos e serviços brasileiros para estas regiões, apesar da crise mundial", disse.
"Ousadia"
O ministro declarou que é muito mais fácil vender para a África, que precisa de produtos de primeira necessidade, do que para França ou Alemanha e instou os empresários a terem "mais ousadia".
Miguel Jorge admitiu que o Brasil está perdendo oportunidades na África, principalmente diante dos chineses.
Apesar disso, lembrou que o país tem vantagens competitivas e que os africanos percebem bem a diferença dos interesses dos brasileiros, dispostos a transferir tecnologia, conhecimento e formar mão-de-obra, e os dos chineses em relação ao seu continente.
"A África tem uma proximidade emocional, cultural, histórica com o Brasil. A minha impressão é de que muitos países africanos gostariam de ser o Brasil e nós temos que ajudá-los para que isso aconteça", defendeu.
Questionado sobre o setor de biocombustíveis, o ministro do Desenvolvimento disse que o Governo brasileiro busca convencer os africanos de que tanto o biodiesel como o etanol abrem boas possibilidades para geração de emprego e de receitas no continente.
Miguel Jorge revelou que já há empresários interessados em construir fábricas de açúcar e álcool na África, entre os quais um grupo de portugueses, mas não quis revelar o nome.
Esse grupo pretende instalar em breve um grande projeto de etanol em Moçambique e está buscando parcerias com o Brasil para transferência de tecnologia e financiamento de equipamentos.