Mercosul

Brasil e Venezuela socorrem Argentina

O governo argentino precisou pedir ao Brasil, no meio da madrugada de ontem, que fossem enviados imediatamente 500 megawatts de energia, em caráter emergencial. Havia risco de blecaute.

Valor Econômico
31/03/2004 03:00
Visualizações: 227 (0) (0) (0) (0)

O governo argentino precisou pedir ao Brasil, no meio da madrugada de ontem, que fossem enviados imediatamente 500 megawatts de energia, em caráter emergencial. Havia risco de blecaute. O pedido foi feito pela empresa administradora do mercado atacadista de energia argentina Cammesa ao Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS). A remessa, em caráter de urgência, se encerra hoje, segundo a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.
Enfrentando a crise em mais uma frente, a Argentina fechou na noite de anteontem um acordo para receber óleo combustível e diesel da Venezuela. Os produtos, trocados por alimentos, serão usados para abastecer usinas termelétricas em substituição ao gás.
O acordo, fechado entre o ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, e o presidente da estatal de petróleo venezuelana PdVSA, Ali Rodriguez, prevê o envio de 700 mil toneladas de óleo combustível e 250 mil metros cúbicos de diesel. De Vido disse que os combustíveis serão destinados apenas ao fornecimento de usinas.
Com o socorro do Brasil, a redução de voltagem, que entrou em vigor na segunda, foi interrompido ontem. Dilma explicou que a exportação emergencial não é uma operação comercial e, portanto, não será cobrada.
O acordo de integração envolve a troca de excedentes elétricos entre os dois países por meio de duas linhas de transmissão já existentes, responsáveis hoje apenas pela importação de energia argentina. O intercâmbio envolve ainda a futura construção de uma hidrelétrica binacional, batizada de Garabi, e um gasoduto da Argentina até Porto Alegre.
O Brasil havia fechado acordo semelhante com o Uruguai em 2001, auge do racionamento elétrico no país, quando precisou pegar "emprestado" 70 megawatts médios. A idéia do acordo cooperativo é "emprestar" a energia, e, quando houver necessidade, cobrar o empréstimo.
Segundo Dilma, o pedido do governo argentino a pegou de surpresa: "Quando as autoridades argentinas ligaram à uma da madrugada, o ONS primeiro analisou se havia condições de enviar essa quantidade, se não haveria comprometimento ao abastecimento local. Depois de constatada a possibilidade, foi enviada progressivamente a energia. Mas nós não estávamos preparados para isso. A idéia era começar a enviar apenas em maio", afirmou Dilma.
Ela explicou que, a partir do momento em que a energia for mandada regularmente à Argentina, será caracterizada a transação comercial e o país vizinho pagará por isso. "Já fizemos uma análise prévia e vimos que em maio os reservatórios das hidrelétricas do Sul estarão vazios. Então, para não comprometer o suprimento local, teremos que acionar a produção de termelétricas, mais caras, e a Argentina terá que pagar".
Até ontem, o Brasil importava energia do país vizinho. Três empresas nacionais compravam essa energia: Furnas, Copel e Tractebel. Para passar a comprar eletricidade nacional regularmente, o governo argentino pediu que o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elaborem uma lista de empresas geradoras que poderiam prestar o serviço, em uma espécie de pré-qualificação. O objetivo, acredita-se, seria fazer um leilão, onde a Argentina compraria de quem oferecesse o menor preço.
Poderão ser usadas duas linhas de transmissão: uma que liga diretamente a subestação de Garabi, na Argentina, à Itá, em Santa Catarina; e outra que liga esses dois pontos passando por Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Segundo Dilma, a capacidade de transmissão de energia por essas linhas no sentido Brasil-Argentina é de até 500 megawatts médios no pico de consumo. Essa capacidade é inferior ao 1.000 megawatts que podem ser passados da Argentina para o Brasil. A diferença decorre das limitações da Argentina para escoar essa energia dentro do país.
Uma das causas da escassez de gás na Argentina é o grande aumento do consumo, motivado em parte pela conversão de automóveis para gás natural. Anteontem, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, sugeriu que uma das medidas possíveis para amenizar a crise energética seria limitar a venda do gás natural apenas a táxis, obrigando os veículos particulares a adquirirem gasolina, mais cara.
A medida seria extremamente impopular, já que a Argentina possui hoje a maior frota de veículos movidos a gás, com cerca de 1,3 milhão de veículos. Um funcionário da Secretaria do Petróleo desautorizou ontem Lavagna e afirmou que o governo não considera a possibilidade de restringir a venda de gás natural.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Rio de Janeiro
Firjan e INFIS promovem 3º Seminário de Questões Tributá...
08/04/25
Chamada Pública
Comgás abre chamada pública para aquisição de biometano
08/04/25
Relatório
ANP publica Relatório Anual 2024 com avanços em inovação...
08/04/25
MME
Mistura de 30% de etanol anidro à gasolina foi cientific...
08/04/25
Vitória PetroShow 2025
Lideranças do setor de empreendedorismo e energia convid...
06/04/25
Vitória PetroShow 2025
Márcio Felix destaca a importância estratégica do Vitóri...
05/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória Petroshow destaca o Espírito Santo como referênc...
05/04/25
PD&I
Embrapii firma primeira parceria com Engie Brasil Energi...
05/04/25
OTC 2025
OTC divulga os vencedores do prêmio Spotlight on New Tec...
04/04/25
Acordo
Petrobras e Braskem assinam acordo para estudos de captu...
04/04/25
Energia Elétrica
KPMG: Brasil é responsável por mais de 40% da demanda de...
04/04/25
Premiação
2º Prêmio Foresea de Fornecedores premia melhores empres...
04/04/25
Transição Energética
Setor de petróleo e gás reforça seu compromisso com a tr...
04/04/25
Evento
Cana Summit 2025 busca avanços e políticas eficazes em n...
04/04/25
Onshore
Produção em campos terrestres de petróleo e gás deve cre...
03/04/25
Economia
Os produtos mais voláteis do mercado e os principais fat...
03/04/25
Evento
Cana Summit: tarifaço dos EUA, PL da Reciprocidade e seg...
03/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória PetroShow 2025 dá início ao maior evento capixab...
03/04/25
ANP
Reservas provadas de petróleo no Brasil cresceram 5,92% ...
03/04/25
E&P
Investimentos em exploração podem chegar a US$ 2,3 bilhõ...
02/04/25
Evento
Merax apresentará novidades tecnológicas e serviços inte...
02/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22