Redação TN Petróleo/Assessoria
Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável e podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. São fontes de energia alternativa que apresentam baixo índice de emissão de poluentes.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol obtido a partir de cana-de-açúcar e o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis.
Atualmente, segundo o Ministério de Minas e Energia, 20% do consumo do setor de transporte é de combustíveis renováveis e o Brasil tem caminhado para ampliar o consumo com o apoio da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho (foto), fez um balanço sobre o biocombustível no país e comentou sobre as perspectivas para o futuro.
Como está a produção e o uso de biocombustíveis no Brasil? O país vem contribuindo para diminuir a emissão de poluentes na atmosfera?
O setor de biocombustíveis do Brasil apresentou resultados expressivos em 2020. Os números, como veremos a seguir, mostram os avanços desse segmento da economia, o que demonstra a vocação brasileira para a produção e o uso da bioenergia. Um dos resultados mais relevantes foi o do RenovaBio, a nossa Política Nacional de Biocombustíveis. O RenovaBio, considerado o maior programa do mundo de descarbonização da matriz de transportes, estabelece um mercado de créditos de descarbonização, o nosso CBio. Cada CBio equivale a uma tonelada de emissões de gás carbônico evitada na atmosfera. Na nossa Política Nacional de Biocombustíveis, os distribuidores constituem a parte obrigada a adquirir os CBios. Nesse sentido, em 2020 foram negociados na nossa bolsa de valores, a B3, cerca de 14,9 milhões de CBios, gerando volume financeiro de mais de R$ 650 milhões. Assim, os distribuidores de combustíveis cumpriram cerca de 98% da meta de descarbonização estabelecida para o ano passado.
Um dos principais biocombustíveis do Brasil é o etanol. Como está a produção desse produto?
O pujante mercado de biocombustíveis do Brasil conta atualmente com 361 usinas supraenergéticas. Processamos, em 2020, mais de 660 milhões de toneladas de cana e produzimos aproximadamente 34 bilhões de litros de etanol. Somos o maior produtor do mundo de etanol a partir da cana-de-açúcar. Mas, além da cana, temos o milho. E a produção desse biocombustível, a partir do milho, cresceu mais de 84% no ano passado, com volume de 2,4 bilhões de litros.
E sobre o biodiesel que faz parte da nossa matriz energética?
A nossa produção de biodiesel, em 2020, cresceu 8,7%. E a capacidade instalada, 9,4%, com consumo de 6,4 bilhões de litros, fazendo do Brasil o segundo maior produtor mundial desse importante combustível renovável. São 49 unidades produtivas em operação no país. O setor de biodiesel também contribui para a inclusão social com mais de 98% do volume comercializado proveniente de usinas com selo biocombustível social, o que exige a inclusão de agricultores familiares na cadeia produtiva.
Mais alguma matriz energética renovável que merece destaque?
Temos ainda um outro importante combustível renovável, o biogás, que purificado, leva ao biometano. O país, em 2020, apresentou 638 usinas de biogás em operação, que produziram cerca de 5 milhões de metros cúbicos por dia desse biocombustível. Em relação ao biometano, são três usinas em funcionamento, que produziram 330 mil metros cúbicos por dia no último ano. É importante destacar que a produção de biogás e biometano utiliza como matéria-prima resíduos agroindustriais ou provenientes de aterros sanitários, contribuindo para a preservação do meio ambiente e no combate ao aquecimento global.
Como o incentivo aos biocombustíveis ajuda o país em programas de longo prazo?
Os combustíveis renováveis, os nossos biocombustíveis, contribuem para que o país venha a confirmar os cenários previstos por programas mais abrangentes e de longo prazo, como o nosso Plano Nacional de Energia, o PNE 2050. O PNE mostra a importância dos biocombustíveis para a descarbonização do setor de transportes. Destaco que o Brasil pratica hoje 27% de etanol anidro na gasolina comercializada no país. Além disso, temos a maior frota de veículos flex fuel do mundo, podendo usar gasolina e etanol hidratado, em qualquer proporção na mistura.
Quais são as expectativas para este ano?
Para o ano corrente de 2021, a expectativa é muito positiva. Com o avanço da vacinação, teremos a diminuição das medidas de restrição à mobilidade, o crescimento da economia e, consequentemente, o aumento do consumo de combustível. Importante ressaltar também a recente aprovação, no Conselho Nacional de Política Energética, do Programa Combustível do Futuro. Esse novo programa promoverá uma ainda maior inserção dos biocombustíveis em nossa matriz energética. Não só no modo rodoviário, mas também no aquaviário e aéreo. Além do desenvolvimento de tecnologia veicular nacional que privilegia a vocação do Brasil na produção e no uso da bioenergia.
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