Estudo

BP projeta crescimento da demanda global por energia de 39% até 2030

O relatório prevê que até 2030 o hemisfério ocidental será quase totalmente auto-suficiente, pelo crescimento de fontes não-convencionais, incluindo óleo e gás provenientes de xisto nos EUA; petróleo de areias betuminosas do Canadá e de águas profundas brasileiras. Já a Ásia, por exempl

Redação
19/01/2012 16:33
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De acordo com o relatório BP Energy Outlook 2030, divulgado pela empresa empresa britânica, O crescimento da demanda global por energia será provavelmente de 39% até 2030, ou 1,6% ao ano, quase que inteiramente nos países fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O aumento esperado do consumo nos países da OCDE é de apenas 4% ao longo de todo o período. A matriz energética global continuará sendo dominada por combustíveis fósseis; cuja participação será de 81%, de acordo com as estimativas da BP, cerca de 6% abaixo dos níveis atuais. Nesse período também deverá ser observado um aumento na substituição de combustíveis, com o uso de mais gás natural e fontes renováveis, em detrimento do carvão e do petróleo. Esta troca gradual deverá contribuir para que as energias renováveis, incluindo os biocombustíveis, continuem a ser as fontes energéticas com maior crescimento global, a uma taxa anual superior a 8%, muito mais rápida que a do gás natural, o combustível fóssil que mais crescerá, a uma taxa de 2% ao ano até 2030.

Para o executivo Chefe da BP, Bob Dudley, "este relatório é desafiante, fascinante e estimulante para todos os interessados no setor energético. Ele ajuda a ser tanto realista como otimista. Ele mostra que existem coisas que não podemos mudar - como as causas subjacentes da demanda energética - e coisas que podemos mudar - como a maneira de satisfazer essa demanda". “A principal mensagem é a de que precisamos ter um setor energético aberto, competitivo, que encoraje a inovação e, desta maneira, maximize a eficiência com a finalidade de desfrutar de fontes de energia suficientes, seguras e sustentáveis no futuro”, adicionou.

O economista Chefe da BP, Christof Ruehl, argumenta que o impacto da globalização e da competição continuará levando a uma convergência notável em todo o mundo da intensidade energética, uma medida do consumo de energia por unidade de produção econômica.

O crescimento de fontes não-convencionais, incluindo óleo e gás provenientes de xisto nos EUA; petróleo de areias betuminosas do Canadá e de águas profundas brasileiras, associados ao declínio contínuo da demanda por petróleo, colaborará para que o hemisfério ocidental se torne quase que totalmente auto-suficiente em 2030. Isto significa que o crescimento no resto do mundo, principalmente na Ásia, dependerá cada vez mais do Oriente Médio, em particular para a crescente demanda por petróleo.

O petróleo, principal combustível mundial hoje, continuará a perder mercado ao longo do período, embora a demanda por hidrocarbonetos líquidos deva atingir 103 milhões de barris por dia (b/d) em 2030, um crescimento de 18% a partir de 2010. Isto significa que o mundo ainda precisará produzir líquidos - petróleo, biocombustíveis e outros - para atender a projeção de 16 milhões de b/d de demanda extra até 2030, e substituir o declínio das fontes existentes.

Embora se espere que o carvão continue a ganhar mercado na década atual, seu crescimento decairá entre 2020-30. O crescimento do gás natural continuará estável e os combustíveis não-fósseis provavelmente responderão por quase a metade do crescimento a partir de 2020.

Espera-se que a geração de energia elétrica seja a forma de consumo de energia com mais rápido crescimento no período até 2030, responsável por mais da metade do crescimento total no consumo primário de energia. É neste setor que se projetam as maiores mudanças no consumo de combustíveis. Renováveis, nuclear e hidroeletricidade deverão ser responsáveis por mais de metade do crescimento na geração de energia elétrica.

O BP Energy Outlook 2030 deste ano examina mais detalhadamente algumas facetas importantes da história energética global: os caminhos para o desenvolvimento econômico e a demanda energética na China e na Índia, os fatores que impactam as perspectivas de exportação de energia do Oriente Médio e os vetores do consumo energético no transporte rodoviário.

Na China, projeta-se um recuo significativo do crescimento do consumo de energia após 2020, com o amadurecimento econômico do país. Apesar da população da Índia estar a caminho de ultrapassar a da China, seu ritmo de crescimento energético provavelmente não replicará o intenso crescimento energético da China. A Índia irá mais do que duplicar seu consumo de energia até 2030, fortemente baseado em carvão, mas ainda resultará no consumo de 1,3 bilhão de toneladas de equivalente de petróleo (toe), ou apenas um pouco mais de um quarto do total chinês.

Ainda existirá uma forte dependência por maiores volumes de exportações de petróleo de países do Oriente Médio integrantes da OPEP para suprir a demanda. A análise da BP sugere que os países do Oriente Médio detêm a capacidade de aumentar a produção para atender às novas demandas globais, mesmo que o uso de energia per capita na região permaneça mais de 3 vezes a do resto do mundo fora da OCDE.

A BP projeta um progresso nos contínuos esforços para substituir o petróleo pelo gás e para aprimorar a eficiência energética na região. Arábia Saudita, Iraque e produções de líquidos de gás natural dominarão o crescimento da oferta, levando a um aumento de 34 por cento na participação da região na oferta global de petróleo.

O setor de transporte provavelmente será o setor com menor crescimento global no consumo. Melhorias significativas na eficiência dos combustíveis (incluindo veículos híbridos) compensarão parcialmente o forte e contínuo crescimento na venda de veículos nos mercados emergentes. Veículos híbridos (incluindo os elétricos) oferecem flexibilidade no consumo e parecem capazes de atender metas de economia de combustível para 2030. O petróleo provavelmente responderá por 87 por cento do uso de energia no setor de transporte, menos que os 95 por cento atuais, com os biocombustíveis preenchendo a maior parte deste recuo e chegando a 7 por cento do uso energético deste setor.

As emissões globais de CO2 provavelmente aumentarão em 28% até 2030 - menos do que a taxa de crescimento da demanda energética - devido a um aumento rápido de renováveis e gás natural. Se políticas mais agressivas forem introduzidas, as emissões de globais de CO2 poderão começar a cair até 2030.

Em 2030, os atuais importadores de energia precisarão importar 40% a mais do que hoje, mas com variações regionais. Na América do Norte, os esforços para reduzir a dependência de fornecedores externos mostrará resultados impressionantes nas próximas décadas. Apoiados pelo aumento na oferta de biocombustíveis, assim como óleo e gás não-convencionais, o déficit energético da região se tornará um pequeno superávit em 2030.

Em contraste, o déficit energético europeu permanecerá nos níveis atuais para petróleo e carvão, mas a demanda por gás natural crescerá cerca de dois terços, sendo suprida por GNL e gasodutos da antiga União Soviética.

O déficit energético chinês por todos os combustíveis irá aumentar em mais de 5 vezes, e a demanda da Índia, principalmente por petróleo e carvão, irá mais que dobrar até 2030.

O BP Energy Outlook 2030 complementa o BP Statistical Review of World Energy, cujo próximo lançamento está previsto para junho de 2012.
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