O Estado de S.Paulo
Em reunião com Lula hoje, vice de Evo ainda vai cobrar investimento de US$ 1 bi da Petrobrás
O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, discutirá hoje com o governo brasileiro a possibilidade de redução do volume de gás natural exportado ao Brasil, como meio de garantir um excedente para o suprimento da Argentina. Cobrará ainda o compromisso da Petrobrás de injetar US$ 1 bilhão na expansão da produção de gás em seu país.
Linera será recebido às 12 horas pelo presidente Luiz Inácio Lula da da Silva, no Palácio do Planalto. Devem participar da reunião também o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Uma nova concessão do governo Lula à Bolívia, desta vez, dependerá das perspectivas de geração das hidrelétricas para os próximos meses.
O vice boliviano virá com os ministros de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e da Fazenda, Luís Arce. Depois da audiência com Lula, as autoridades participam de uma reunião mais ampla com o governo brasileiro, no Itamaraty.
Ciente das incertezas sobre o abastecimento de energia no mercado brasileiro nos próximos meses, Linera tenderá a usar a possibilidade de aumento do preço do insumo como instrumento para arrancar a concessão do Brasil.
Ele espera conseguir do governo brasileiro uma decisão política - e não de teor técnico - sobre a redução das remessas de gás, atualmente de 27 milhões de metros cúbicos por dia. Desde o ano passado, a Bolívia cortou o fornecimento à TermoCuiabá e viu-se sem condições de cumprir o contrato com a Argentina, de 4,6 milhões de metros cúbicos diários.
O vice-presidente boliviano deve cobrar ainda a execução dos mais de 20 acordos de cooperação assinados em dezembro, durante visita de Lula a La Paz. Em especial, a promessa de construção de dois projetos rodoviários no país - um para conectar La Paz aos Estados do Norte e outro vinculado às ligações bioceânicas.
A discussão de hoje deve ser temperada pelo mal-estar causado na Bolívia por um artigo do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. No texto, ele defendeu o governo do boliviano Evo Morales e culpou as elites pelos dilemas vividos pelo país. A oposição reagiu. Ontem, em Santa Cruz de la Sierra, universitários da Juventude Cívica fizeram uma manifestação diante da sede da Petrobrás e gritaram “morte a Lula”.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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