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Valor EconômicoTrês dos quatro grupos selecionados pela Transpetro para construir 26 navios, encomenda orçada em US$ 2,48 bilhões, estão enfrentando dificuldades para financiar a construção das embarcações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os estaleiros Mauá Jurong (RJ) e Itajaí (SC) têm controladores que discutem dívidas antigas com o banco de fomento. Já a Iesa, que integra o consórcio Rio Naval, esbarra em pendências do grupo Inepar, ao qual é ligada, com o BNDES.
As dificuldades destes grupos em obter garantias bancárias para lastrear os empréstimos do BNDES podem atrasar o início da construção das embarcações da Transpetro, empresa de logística da Petrobras. Como o valor dos navios é superior ao dos ativos dos estaleiros, o que dificulta a obtenção das garantias, a Transpetro decidiu colocar mais dinheiro na construção dos navios, confirmaram fontes do setor.
No início a estatal anunciou que iria entrar com 20% dos recursos na construção. Agora a participação da Transpetro na montagem dos navios será de 46% e a dos estaleiros, de 54%, afirmou um executivo. A decisão aumenta o risco da Petrobras no projeto. O Valor procurou ontem o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mas não conseguiu contato.
Hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de evento, em Pernambuco, no qual será assinado contrato entre a Transpetro e o consórcio Atlântico Sul para a construção dos dez primeiros navios da estatal, em um pacote que custará R$ 2,7 bilhões. A encomenda total, com 26 embarcações, soma R$ 5,5 bilhões.
O Atlântico Sul, a ser construído no complexo industrial portuário de Suape (PE), é o único dos estaleiros escolhidos pela Transpetro que já teve o financiamento aprovado pelo BNDES. Fontes do setor avaliam que o caso do Atlântico Sul é mais simples por tratar-se de empreendimento novo e pelo fato de ter por trás, como líder do consórcio, o grupo Camargo Corrêa. Também participam a Queiroz Galvão e a Aker Promar, com assistência técnica da Samsung. A Andrade Gutierrez abandonou o projeto.
Os maiores problemas estão nos estaleiros antigos, que têm histórico de dívidas com o BNDES, agente financeiro do Fundo de Marinha Mercante (FMM), principal fonte de financiamento da indústria naval no país. Um exemplo é o do Synergy Group, cujo presidente do conselho é o empresário German Efromovich.
O Synergy controla os estaleiros Mauá Jurong, de Niterói, e Eisa - Estaleiro Ilha S.A, na Ilha do Governador (RJ). O Mauá Jurong ganhou o direito de construir quatro navios para transporte de derivados para a Transpetro, no total de US$ 277 milhões, mas o financiamento do FMM ao projeto envolve negociações sobre dívidas que o Eisa tem com o BNDES. Procurado, o Synergy informou que não se manifesta enquanto as conversações com o banco estiverem em andamento.
Os executivos da Eisa também não se posicionaram, ontem, em relação às dificuldades da empresa para fechar o pacote de garantias com o BNDES. Fontes da indústria disseram ao Valor que existe a possibilidade de a Iesa deixar o consórcio Rio Naval, do qual participa com o grupo MPE e com a Sermetal. Um interlocutor afirmou que o problema da Iesa no projeto passa pelo cadastro ruim que o seu controlador, a Inepar, tem com o banco de desenvolvimento.
Apesar das dificuldades, os estaleiros do Rio têm a expectativa de que os contratos de construção com a Transpetro sejam assinados em 6 de fevereiro, com a presença do presidente Lula. A Metalnave, cujo estaleiro, o Itajaí, ganhou a licitação da Transpetro para construir três navios gaseiros, confia na liberação dos recursos pelo BNDES. A empresa, controlada por Frank Wlasek, arrendou a sua frota de quatro navios para a Companhia de Navegação Elcano.
Na operação, a Elcano assumiria as dívidas da Metalnave com o BNDES, o que poderia abrir espaço para novos créditos. Uma fonte afirmou, porém, que o caso é complexo pois a Metalnave manteria uma ação contra o BNDES no Tribunal Regional Federal, no Rio.
Fonte: Valor Econômico
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