Valor Econômico
Mesmo não tendo nenhum projeto novo de grande porte no horizonte próximo, o setor petroquímico deverá dobrar o volume de captação de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em relação ao ano passado. De acordo com dados do banco, em 2006, até este mês, foram aprovadas seis operações, totalizando R$ 937 milhões. Outros R$ 670 milhões estão em vias de aprovação, devendo elevar o volume total até o final do ano a R$ 1,607 bilhão. No ano passado, o volume contratado foi de R$ 817 milhões.
Além disso, três empresas petroquímicas - Ultra, Copesul e Petroflex - tiveram acesso este ano a uma espécie de cheque especial: um limite de crédito, para uso em cinco anos, no volume total de R$ 1,183 bilhão. Isso eleva o volume de aprovações já feitas e previstas para este ano a R$ 2,89 bilhões, mais do que o triplo do valor do ano passado. O limite de crédito é uma linha criada no ano passado pelo BNDES que pré-aprova, para empresas que tenham histórico de longo relacionamento sem problemas com o banco, créditos no volume máximo de R$ 900 milhões.
"Embora, realmente, não haja um grande projeto para execução imediata, há expansões e mesmo unidades novas com obras em andamento", ressalta Gabriel Gomes, gerente do Departamento de Indústria Química do banco. De fato, o próximo grande projeto do setor é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, centralizado na refinaria de Itaboraí, cuja conclusão está prevista para 2012 ou 2013.
Entre as novas unidades está a Petroquímica Paulínia, projeto de 300 mil toneladas de polipropileno da parceria Braskem (Odebrecht)/Petrobras, no valor de US$ 240 milhões, que está sendo tocado sem financiamento do BNDES.
Dos os projetos com financiamento do banco, as expansões da Petroquímica União (PQU) e de suas coligadas Polietilenos União e Carbocloro estão levando a maior fatia, R$ 775 milhões. Os dois primeiros têm como objetivos ampliar a produção da PQU (central petroquímica) de 500 mil para 700 mil toneladas de eteno e a da Polietilenos União de 120 mil para 320 mil toneladas, obras em andamento. Já o projeto da Carbocloro vai ampliar a produção de soda cáustica de 283 mil para 395 mil toneladas e a de cloro de 255 mil para 355 mil toneladas, com investimentos de R$ 250 milhões.
A Suzano Petroquímica está levando do banco estatal R$ 93 milhões para os projetos de expansão das unidades de polipropileno de Duque de Caxias (RJ), de 200 mil para 300 mil toneladas; e de Mauá (SP), de 360 mil para 450 mil toneladas, com conclusão total prevista para 2008. Os menores financiamentos são para obras de expansão da Degussa e da Companhia Nitroquímica Brasileira.
A linha de "cheque especial" por cinco anos de maior porte obtida pelo setor foi do Ultra, um total de R$ 728 milhões. A vantagem desse produto, criado em 2005, é reduzir a burocracia quando a empresa resolve colocar um projeto em andamento. A Copesul, que passou por uma duplicação nos anos 90, obteve limite de crédito de R$ 338 milhões e a Petroflex, fabricante de borracha sintética controlada pelos grupos Suzano, Unipar e Braskem, recebeu "cheque especial" de R$ 117 milhões.
A obra de maior parte do setor inaugurada nos últimos anos foi a Rio Polímeros (Riopol), unidade integrada de eteno e polietilenos inaugurada em 2005, mas que só entrou efetivamente em produção este ano. A unidade tem capacidade para produzir anualmente 520 mil toneladas de eteno, 75 mil de propeno e 540 mil toneladas de polietilenos, usando gás natural como matéria-prima para a produção do eteno. A Riopol custou US$ 1,2 bilhão e pertence a Suzano, Unipar, Petrobras e ao BNDES.
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