Bioenergia

Bioenergia será estratégica para a economia sustentável

Redação/Assessoria Fapesp
18/10/2017 11:17
Visualizações: 1422

Especialistas estimam que iniciativas em diferentes setores serão necessárias para reduzir as emissões de gases estufa, manter o aquecimento global abaixo de 2 ºC até o fim do século e, dessa forma, minimizar os impactos da mudança climática para a humanidade. Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, a bioenergia tem lugar garantido nesse conjunto de soluções.

A avaliação foi feita nesta terça-feira (17/10) durante a palestra de abertura da terceira edição da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST). Organizado no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), o evento segue até o dia 19 de outubro em Campos do Jordão e tem como foco principal discutir a bioenergia no contexto da bioeconomia, ou seja, na construção de uma economia sustentável.

“Energia é essencial para o desenvolvimento. Nos próximos anos, países como China, África, Índia, Oriente Médio, Rússia e Brasil vão precisar de mais energia para criar uma vida melhor para sua população. Isso torna ainda maior o desafio de conter as emissões e, portanto, será preciso buscar novas formas de lidar com esse problema”, disse Brito Cruz.

A bioenergia, acrescentou, pode ajudar a mitigar as emissões de gases de efeito estufa principalmente no setor de transportes – que atualmente é o que mais demanda energia no mundo (27% de toda a energia consumida).

Para Brito Cruz, a ideia de que os carros elétricos vão substituir totalmente os motores a combustão interna precisa ser vista com cautela. A indústria automobilística ainda precisaria superar o desafio de aumentar a densidade energética das baterias – que determina a autonomia dos veículos entre uma recarga e outra.

“A conveniência de usar combustível líquido é relevante e ainda há espaço para os motores a combustão se tornarem menores e mais eficientes. A eletricidade e os biocombustíveis são soluções complementares e terão de trabalhar juntos. A demanda por biocombustíveis no futuro estará associada principalmente à aviação, navegação oceânica e viagens rodoviárias de longa distância”, afirmou.

A fatia representada pelas fontes renováveis na matriz energética cresce em quase todos os países. Em locais como Nova Zelândia, Suécia, Noruega e Islândia já representa mais de 40%.

“No Brasil esse índice é de 41%, algo que poucos conseguem alcançar. A principal fonte renovável brasileira é a cana-de-açúcar, que atende a 17,2% da demanda. Quase 9% da energia elétrica gerada no Brasil hoje é oriunda da queima de biomassa, o que mostra que além dos transportes a bioenergia tem espaço em outros setores”, disse Brito Cruz.

Projetando uma Bioeconomia Sustentável

Presente na Cerimônia de Abertura da BBEST 2017, o presidente da FAPESP, José Goldemberg, destacou que até 2050 a bioenergia corresponderá a quase 30% de toda a energia usada no mundo. Atualmente, esse índice está em torno de 10%, segundo dados da International Energy Agency (IEA), organização intergovernamental autônoma criada no âmbito da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

“Por estar ciente dessa situação a FAPESP criou o BIOEN, que desde sua criação em 2008 já recebeu R$ 80 milhões de investimento”, disse à Agência FAPESP.

Gláucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN, afirmou que a BBEST nasceu praticamente ao mesmo tempo que o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia com o intuito de congregar a academia, a indústria e fazer um esforço de comunicar os avanços no campo da ciência e da tecnologia para os formuladores de políticas públicas do setor.

“Nas edições anteriores da BBEST, conseguimos mostrar como a bioenergia pode interagir com questões como segurança alimentar, segurança ambiental, segurança climática e com o desenvolvimento sustentável. Nos últimos três anos, começamos a pensar em todas essas questões de uma maneira mais integrada, buscando o desenvolvimento de uma bioeconomia. Por meio do BIOEN, estamos desenvolvendo tecnologias para usar a biomassa e para fazer muitas outras coisas além do bioetanol, como combustíveis de aviação e bioprodutos que substituam aqueles hoje produzidos pela indústria petroquímica”, afirmou.

Para Luuk van der Wielen, diretor do Biotechnology based Ecologically Balanced Sustainable Industrial Consortium (BE-Basic) e organizador da BBEST ao lado de Mendes Souza, a bioeconomia é um caminho para o Brasil superar a turbulência e as dificuldades econômicas atuais. “Há muitas iniciativas nesse sentido que serão mostradas ao longo destes três dias”, afirmou.

Também participaram da cerimônia de abertura Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), e Marcio de Castro Silva Filho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) – ambos secretários-gerais da BBEST 2017.

Mais informações sobre o BBEST: www.bbest.org.br

Mais Lidas De Hoje
veja Também
COP30
Setor de óleo e gás usa tecnologia para acelerar a desca...
15/11/25
COP30
Encontro promovido pelas distribuidoras de energia elétr...
15/11/25
COP30
Fórum do IBP debate novas tecnologias e desafios na insp...
14/11/25
Apoio Offshore
Svitzer Copacabana chega para fortalecer operações de GN...
14/11/25
BRANDED CONTENT
Merax, 20 anos de confiança em soluções que movem o seto...
14/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Mossoró Oil & Gas Energy terá debates estratégicos em 10...
14/11/25
COP30
IBP promove painéis sobre descarbonização, metas globais...
14/11/25
Eólica Offshore
Japão e Sindienergia-RS: em visita a Porto Alegre, embai...
14/11/25
Bacia de Campos
Novo prazo de recebimento de propostas para o FPSO do pr...
14/11/25
Royalties
Participação especial: valores referentes à produção do ...
14/11/25
COP30
Indústria brasileira de O&> atinge padrões de excelência...
14/11/25
Pré-Sal
União aumenta sua participação na Jazida Compartilhada d...
14/11/25
COP30
Líderes e negociadores da COP30 receberão cartas de 90 a...
13/11/25
Energia Elétrica
Projeto Meta II: CCEE e PSR apresentam proposta para mod...
13/11/25
COP30
ANP participa do evento e avança em medidas para a trans...
13/11/25
Nova marca
ABPIP moderniza identidade visual e reforça alinhamento ...
13/11/25
Firjan
Enaex 2025 debate reindustrialização, competitividade do...
13/11/25
Entrevista
Rijarda Aristóteles defende protagonismo feminino na era...
13/11/25
COP30
IBP defende setor de O&> como parte da solução para desc...
13/11/25
COP30
Transpetro recebe o Selo Diamante do Ministério de Porto...
13/11/25
Bacia de Campos
PRIO assume operação do Campo de Peregrino com aquisição...
13/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.