Jornal do Commercio - PE
A falta de crédito do setor sucroalcooleiro – que foi uma das consequências da crise global – fez com que a Areva Koblitz tomasse a iniciativa de entrar como sócia em dez empreendimentos que vão gerar energia de biomassa (bagaço da cana-de-açúcar) dentro das usinas. A empresa pretende construir essas centrais elétricas e entrar com 40% do investimento necessário. “Serão criadas Sociedades de Propósito Especifico (SPEs) e a Areva vai dar ao banco a garantia de 100% do empreendimento, desde que ele seja construído pela empresa”, explicou o diretor comercial da empresa, Romero Rego.
A implantação de cada central para gerar energia vai demandar, em média, um investimento de R$ 120 milhões, o que significa que o projeto inteiro deverá custar R$ 1,2 bilhão. “O setor está passando pela dificuldade de crédito, mas não de demanda. Ele vai continuar vendendo álcool e açúcar e isso não vai cair. Acreditamos nesse setor, que tem futuro”, comentou.
Das 10 centrais elétricas que a empresa está planejando construir em parceria com as usinas, cinco estão sendo estudadas em Pernambuco. “Não revelamos os nomes das empresas, que ainda estão em fase de negociação”, afirmou. A companhia que já assinou o memorando de intenções com a Areva Koblitz foi a Usina Seresta, localizada em Teotônio Vilela, Alagoas. Todas as empresas que vão participar da iniciativa estão nos Estados de Alagoas e Pernambuco.
“A nossa previsão é ter todos os memorandos de intenção assinado até o final de maio”, disse. Depois disso, serão constituídas as SPEs. O segundo passo será obter a autorização da Agência Nacional de Energia (Aneel) para se tornar produtor de energia e depois disso participar dos leilões feitos pela agência, nos quais as empresas compram energia.
Cada central terá uma potência instalada de 50 megawatts (MW), unidade que mede a energia. Para o leitor ter uma ideia, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) tem uma potência instalada superior a 10 mil MW. “É importante a implantação dessas centrais, porque estão sujando a nossa matriz elétrica. As térmicas que venderam energia nos leilões usam matérias-primas como o óleo, carvão e coque de petróleo”, argumentou.
A implantação dessas centrais de energia vão trazer um incremento de 15% na receita bruta de cada usina, segundo cálculos feitos pela Areva. Se as empresas passarem a usar a palha para fazer energia, esse aumento da receita pode chegar a 22%. No Nordeste, atualmente a palha da cana é queimada antes de fazer o corte da planta.
A energia gerada será renovável, porque ela é gerada a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar, que sobra na produção do açúcar e do álcool. Esses projetos poderão vender crédito de carbono via Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Para isso, é calculado o quanto aquela atividade contribui para a não-emissão dos gases do efeito estufa, sendo comercializado (em toneladas) a quantidade de carbono resgatada da atmosfera.
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