Reestruturações no setor de mineração.
Valor Online
A AngloGold Ashanti aderiu à onda de reestruturações no setor de mineração como reação à queda dos preços e ao enfraquecimento das perspectivas de crescimento.
A mineradora anunciou plano que prevê a cisão corporativa respaldada por uma emissão de direitos preferenciais de subscrição de US$ 2,1 bilhões.
A companhia, a terceira maior mineradora mundial de ouro em termos de produção, vai desmembrar as divisões em operação fora de seu país de origem, a África do Sul, e registrará uma nova produtora multinacional de ouro na Bolsa de Londres.
A AngloGold vai manter suas minas na África do Sul, responsáveis por cerca de um terço de sua produção, e manter uma participação de 65% no capital da empresa resultante da cisão.
A emissão de direitos foi necessária para reduzir a dívida líquida da AngloGold, de US$ 3,1 bilhões, e será levada a cabo mesmo se os acionistas rejeitarem o plano de desmembramento, disse o principal executivo Srinivasan Venkatakrishnan.
As ações da AngloGold caíram mais de 11% ontem. As mineradoras que se apressaram em acumular ativos durante uma década de crescimento da demanda por commodities tentam gerar valor para acionistas decepcionados por meio da reversão desse processo: livrando-se de ativos secundários, reduzindo as dívidas e pressionando os custos.
"Uma cisão pode ser uma solução imediata relativamente rápida para gerar valor", disse Alexander Keepin, codiretor de mineração do escritório internacional de advocacia Berwin Leighton Paisner.
A proposta da AngloGold ocorre após a BHP Billiton, maior mineradora do mundo em valor de mercado, informar no ano passado que pretende vincular ativos avaliados entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões a uma empresa australiana registrada em bolsa.
Ela espera com isso simplificar sua estrutura e tornar-se mais atrativa aos investidores.
As mineradoras de ouro estão sendo pressionadas desde a queda de 18% no preço do metal, no ano passado, expondo uma década de inflação de custos no setor.
No caso da AngloGold, os investidores encaram com restrições suas ligações com a África do Sul, onde a reestruturação tende a ser interpretada como mais um golpe sobre o setor minerador.
A mineração tem sido pressionada pela insatisfação da mão de obra, a expansão dos custos, os gargalos de infraestrutura e, no caso do ouro, pela queda da produção.
A produtora sul-africana Gold Fields anunciou em 2012 uma grande reestruturação, e manteve apenas uma mina na África do Sul, seu carro-chefe South Deep.
As minas mais antigas foram desmembradas em uma empresa chamada Sibanye Gold.
A África do Sul já foi responsável por cerca de dois terços da produção mundial de ouro, mas o volume anual extraído caiu de mil toneladas em 1970 para 167 toneladas em 2012 - o menor desde 1905. A AngloGold espera que a tecnologia melhore a produção.
Ao cindir seu portfólio de ativos, a AngloGold tem esperanças de que a classificação da nova empresa - que ela espera habilitar para integrar o índice FTSE 100 de "blue-chips" britânicas - suba junto aos investidores.
"Essa é a melhor oportunidade de reclassificação para os ativos não operantes na África do Sul", disse Venkatakrishnan.
A nova empresa será diferente de outras mineradoras de ouro com ações registradas em Londres, que tendem a se concentrar em um país ou região.
Ela tem minas nas Américas, na Austrália e na África, mas suas principais perspectivas de crescimento estão na Colômbia, onde há muito subexplorada devido à agitação civil.
Analistas do banco e gestora de investimentos Investec sugeriram que o desmembramento poderia, "de modo simplista", ser avaliado em cerca de 3 bilhões de libras esterlinas.
Por outro lado, após a emissão de direitos e a cisão, a AngloGold ficará livre de dívidas - uma condição fixada pelo banco central da África do Sul para que a reestruturação continue.
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