América do Sul

Anel energético pode ter ajuda financeira do BID

Valor Econômico
20/06/2005 03:00
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Os países sul-americanos que podem sofrer problemas com o abastecimento de gás devido à crise boliviana vão se reunir na quarta-feira (22/06) em Washington para discutir com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) alternativas de financiamento para o chamado anel energético sul-americano. A idéia é construir um gasoduto de 1.200 quilômetros, do Peru ao norte chileno, que se interligaria com tubulações já existentes para permitir que Brasil, Argentina, Uruguai e Chile possam ser abastecidos pelo gás proveniente da área peruana de Camisea.
Segundo o presidente do BID, Enrique Iglesias, a entidade financeira está "muito interessada" no projeto e pretende dar assistência financeira e técnica para que ele possa ser viabilizado. O custo estimado é de US$ 2,5 bilhões. Iglesias, que esteve no fim de semana em Assunção para a formalização de um empréstimo de US$ 280 milhões ao país, afirmou que a Bolívia também foi convidada para o encontro de quarta-feira.
A questão energética e os problemas na Bolívia foram os principais temas discutidos paralelamente às reuniões realizadas ontem em Assunção, que antecedem a cúpula de chefes de Estado do Mercosul, que será realizada hoje. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou no fim da tarde à capital paraguaia, acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim; das Minas e Energia, Dilma Roussef; e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. À noite, participou de encontro com os outros três presidentes dos países do bloco.
Foi a única reunião entre os chefes de Estado do Mercosul, já que o presidente argentino, Néstor Kirchner, permaneceu apenas algumas horas em Assunção e não participará da cúpula de hoje, que contará com a presença dos representantes dos países do Mercosul e das nações associadas ao bloco.
O chanceler boliviano, Armando Loayza, disse que seu país quer participar de iniciativas de integração energética do continente, mas admitiu que a questão do gás é delicada e não quis fazer mais do que comentários genéricos sobre o assunto.
O ministro de Relações Exteriores peruano, Manuel Rodríguez Cuadros, disse que o projeto não exclui a Bolívia e qualificou a construção do anel energético como a iniciativa mais importante sugerida até agora para a integração dos países sul-americanos. "Pode ser uma espécie de comunidade do carvão e do aço (em referência à organização que foi o embrião da União Européia) e a obra mais importante de coordenação econômica já feita entre os países da América do Sul", disse Cuadros.
Sobre a participação boliviana no projeto, Cuadros disse que "a Bolívia é o principal produtor de gás da região e sua participação no projeto é indispensável". "O Peru tem um acordo com a Bolívia para que o gás do país possa sair por um porto peruano e consideramos que o projeto de interconexão dos gasodutos tem de ser feito de acordo com os convênios existentes", disse o chanceler.
Segundo ele, também é possível que o Paraguai se junte à iniciativa, o que implicaria a construção de um gasoduto no país. A declaração final da cúpula de Assunção deve fazer uma referência ao projeto. "Vamos aprovar um pronunciamento na reunião de chefes de Estado que esperamos marcar o início da instrumentação deste projeto", disse Cuadros. Ele ressaltou a importância de efetuar ações como o anel, que permitam que os cidadãos dos países envolvidos em iniciativas de integração possam perceber algum beneficio prático.
No restante dos assuntos abordados na reunião, o resultado esperado é bastante tímido. O principal deles deve ser o anúncio, hoje, da criação de um fundo para diminuir as diferenças de desenvolvimento entre os sócios. Estima-se que os recursos serão de US$ 100 milhões anuais, com os países maiores contribuindo mais e recebendo menos. O Brasil deve entrar com 70% dos recursos, a Argentina com 27%, o Uruguai com 2% e o Paraguai com 1%. A distribuição dos recursos não está totalmente fechada, mas a expectativa é que o Paraguai receba 36% e o Uruguai, 25%.
Outras questões que estavam na agenda da reunião devem ficar sem solução. As discussões sobre a criação do Parlamento do Mercosul ficaram travadas devido à exigência paraguaia de que todos os países tenham o mesmo número de representantes. Os quatro sócios haviam decidido que a representação seria proporcional ao tamanho dos países.
Também não deve haver decisão sobre o pedido da Argentina de instituir barreiras para o comércio intrabloco de alguns produtos. Na semana passada, o Paraguai propôs a cobrança de tarifas para o comércio no Mercosul caso algum dos países desvalorize sua moeda.

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