A empresa russa Gazprom assinou nesta segunda-feira um contrato com a Companhia Pública de Petróleo do Azerbaijão (GNKAR) sobre o fornecimento de gás à Rússia, o que é visto como mais uma passo para inviabilizar a construção do gasoduto Nabucco.
Segundo as agências russas, “o documento, que fixa as condições fundamentais da aquisição de gás natural, foi assinado pelo diretor da Gazprom, Alexei Miller, e pelo dirigente da GNKAR, Rovnag Abdullaev, depois das conversações entre o presidente russo, Dmitri Medvedev, e o seu homólogo azeri, Ilkham Aliev”.
O contrato prevê o fornecimento de 500 milhões de metros cúbicos por ano a partir de 1° de janeiro de 2010, mas os fornecimentos deverão aumentar.
“Planejamos, posteriormente, aumentar os fornecimentos de gás à medida que aumentarmos a extração de gás azeri”, declarou o presidente Aliev.
Segundo Aliev, o volume de extração de gás no Azerbaijão deverá subir de 27 bilhões de metros cúbicos em 2009 para 30 bilhões em 2010.
“Hoje, lançamos uma boa base para a cooperação na esfera gasífera. Penso que será uma cooperação com muito êxito e mutuamente vantajosa”, frisou.
A agência Ria-Novosti frisa que “até agora a Gazprom não comprava gás azeri”.
Segundo alguns analistas, este documento é mais uma das tentativas russas de neutralizar o projeto “Nabucco”.
Este gasoduto, que deverá ser financiado pela União Europeia, ligará a Ásia Central e a bacia do Mar Cáspio à Europa, ladeando o território russo.
Alguns analistas consideram que o acordo russo-azeri vem juntar-se ao interesse da Rússia em participar na construção do gasoduto Transsariano, que irá ligar a Nigéria à Europa através do deserto do Saara, como forma de controlar as fontes de fornecimento de gás à União Europeia.
Durante a visita à Nigéria, realizada na semana passada, o presidente Medvedev declarou que a construção do Transsaariano “é um projeto interessante para a Rússia”.
Porém, Boris Tumanov, analista do diário digital gazeta.ru, chama a atenção para as palavras de Alexei Miller, dirigente da Gazprom, durante a mesma visita.
“Tudo isso foi estragado por Alexei Miller, que, quase paralelamente ao presidente russo, preveniu a Europa das tentativas de diversificar as fontes de fornecimento de gás, porque, como ele explicou, isso pode deteriorar a sua segurança energética”, considera o analista.
O analista defende que Moscou “simplesmente deseja controlar não só os recursos gasíferos turcomenos e azeris, mas também nigerianos”.
Os presidentes russo e azeri analisaram também o problema de Nagorno-Karabakh, enclave no território azeri com maioria da população armênia.
Em 1989, Nagorno-Karabakh proclamou a independência em relação ao Azerbaijão, provocando uma longa guerra entre azeris e armênios. Em 1994, o conflito foi congelado, mas ainda não foi encontrada solução até hoje.