Redação/Datagro
As negociações entre Mercosul e Canadá visando o fechamento de um acordo de livre comércio estão "intensas", com possibilidade de serem finalizadas até 2020. Esta foi a informação levada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado pelo diplomata Pedro Henrique Lopes Borio nesta quinta-feira (24), quando foi sabatinado e teve seu nome aprovado para chefiar a embaixada brasileira no Canadá.
"O interessante é que o coordenador das negociações no lado canadense, David Usher, deve ocupar um lugar de destaque no novo gabinete do primeiro-ministro Justin Trudeau, que acaba de ser reeleito. Isso mostra a importância que o Canadá dá ao Mercosul, pois eles querem diminuir a dependência que têm da economia dos EUA. Querem diversificar seus intercâmbios comerciais. Mas este acordo também é de suma relevância pro Brasil. Vai abrir o mercado de compras governamentais do Canadá para nós, que chega a US$ 300 bilhões [cerca de R$ 1,2 trilhão] por ano", disse Borio.
Para o diplomata, o Brasil encolheu-se nos últimos anos no que tange à inserção internacional de suas empresas. Mas ele enxerga um potencial real para que companhias de engenharia e de material pesado, ou outras que já possuem boa inserção internacional como a Embraer e a Weg, aproveitam-se do acordo para aprofundarem negócios no Canadá.
"O fechamento do acordo deve potencializar os investimentos mutuamente, somos nações que possuem afinidades entre si. O Canadá já tem um estoque de investimentos que chega a US$ 15 bilhões no Brasil. E admito que não sabia que o estoque de investimentos de brasileiros no Canadá já é de US$ 30 bilhões, com a ressalva de que US$ 10 bilhões provém de contas em paraísos fiscais controladas por brasileiros. São montantes expressivos, mas há condições concretas para que estes investimentos sejam bem maiores mutuamente", informou, diz nota da "Agência Senado".
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) ressaltou que o governo brasileiro trabalha atualmente na elaboração de um novo marco regulatório para a exploração de recursos minerais no país. Ele pediu que Borio priorize a atração de investimentos de empresas canadenses para este setor no Brasil, devido à alta expertise que elas possuem. A análise da indicação do diplomata segue agora ao plenário do Senado.
Cazaquistão e Sri Lanka
A CRE também aprovou as indicações dos diplomatas Rubem Antonio Correa Barbosa para a chefia da embaixada brasileira no Cazaquistão, cumulativamente com a República Quirguiz e com o Turcomenistão, e Sergio Luiz Canaes para a chefia da embaixada do Brasil no Sri Lanka, cumulativamente com a República das Maldivas.
Na sabatina, Barbosa destacou que o Cazaquistão é um dos países que mais crescem no mundo atualmente, graças à exploração de suas "absurdas reservas naturais".
"É um país que vem experimentando um desenvolvimento extraordinário desde o ano 2000. São extremamente ricos em recursos, já estão entre as maiores reservas do mundo de petróleo e urânio. O Cazaquistão já é o maior exportador de urânio no mundo, exporta inclusive pra nós. Mas eles também tem reservas absurdas de barita, tungstênio, prata, diamantes e carvão. E vendem 1,3 milhão de barris de petróleo por dia", ressaltou.
Já Canaes disse que pretende retomar a exportação de açúcar do Brasil para o Sri Lanka. Este comércio foi interrompido em 2016, depois que autoridades do país asiático encontraram 300 kg de cocaína escondidos num contêiner de açúcar proveniente do Brasil, no que foi a maior apreensão de drogas da história daquela nação.
A quebra da corrente comercial fez com que, em 2018, pela primeira vez na história, o Brasil registrasse déficit nas trocas bilaterais com o Sri Lanka. O tráfico de drogas é considerado um crime de grande gravidade neste país, podendo gerar prisão perpétua. Hoje três brasileiros estão presos no Sri Lanka devido ao crime, e a embaixada do Brasil negocia a sua extradição. Agora as análises das indicações dos diplomatas Barbosa e Canaes também seguem ao Plenário do Senado.
Fale Conosco
21