Redação/Broadcast
O despacho termoelétrico fez o consumo total de gás natural crescer no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual etapa do ano passado, apesar da redução da demanda observada na maior parte das demais classes de consumo do setor, num movimento que já indicou os primeiros reflexos da pandemia de covid-19.
De acordo com dados Abegás, o consumo total de gás natural chegou a 62,923 milhões de metros cúbicos diários entre janeiro e março deste ano, acima dos 51,199 milhões de m³/d de igual etapa do ano passado. Somente o consumo pelas termelétricas chegou a 25,14 milhões de m³/d no período, o que corresponde a um aumento de 23,6%.
A entidade diz que a alta é explicada, em grande medida, pela base de comparação mais baixa de 2019, uma vez que entre novembro e 2018 e o início de 2019 muitas térmicas foram desligadas por determinação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Por outro lado, neste ano, diante a estiagem que afeta especialmente o Sul do País, algumas térmicas foram acionadas de maneira a tentar evitar redução muito drástica no nível de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas da região.
Já dentre as demais classes de consumo, destaque para a queda de 6,7% da demanda das indústrias entre janeiro e março, frente aos mesmos meses do ano passado, para 26,491 milhões de metros cúbicos diários. Somente em março, o consumo médio das indústrias chegou a 25,3 milhões de metros cúbicos/dia, o menor patamar registrado desde dezembro de 2017, salientou a Abegás.
O segmento automotivo, de gás natural veicular (GNV), por sua vez, anotou redução de 8,5% no consumo, para 5,662 milhões de metros cúbicos/dia. Diante das medidas de distanciamento social a partir da segunda quinzena de março, que acarretaram na redução de movimento de veículos em grandes cidades do País, inclusive em veículos usados profissionalmente por motoristas de táxi e aplicativos, o consumo de GNV caiu 20,44% naquele mês, em relação a março de 2019.
A classe comercial, por sua vez, observou queda de 1,85% no consumo trimestral, frente o observado nos três primeiros meses do ano passado. Somente em março, a queda foi de 8,76%, refletindo o início das políticas de distanciamento adotadas em muitas localidades, que determinaram o fechamento de shoppings, bares e restaurantes, entre outros clientes das distribuidoras de gás.
“Esses dados de março já sinalizam uma queda que se acentuou. Em abril, observamos, extraoficialmente, pelas informações de algumas distribuidoras, uma queda de 35% no segmento industrial quando comparado com o mesmo período de 2019. O segmento comercial chegou a registrar uma queda de 60%”, afirmou o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon.
Por outro lado, o consumo residencial teve um salto de 18% no trimestre, motivado não só pelo fato de grande parte dos clientes passarem a ficar em casa na totalidade do tempo, ampliando a cocção e o uso de chuveiro com aquecedor a gás, mas também pela adição de mais de 160 mil novos clientes em 12 meses, explicou a entidade. Somente em março, a alta foi de 10,7% frente na comparação com o mesmo mês de 2019.
Em março, o número de unidades consumidoras de gás natural chegou a 3,69 milhões, considerando o número de medidores nas indústrias, comércios e residências e outros pontos de consumo.
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