Descarbonização

A longa e difícil transição das empresas de petróleo

Dow Jones Newswires, 31/05/2021
31/05/2021 09:02
Visualizações: 1724

Apesar da tensão de uma semana divisora de águas para as grandes petrolíferas, a mudança provavelmente será lenta e dolorosa para o setor.

PublicidadeNa quarta-feira (26), um acionista ativista conseguiu nomear dois membros para o conselho da Exxon Mobil. No mesmo dia, a Royal Dutch Shell recebeu uma ordem de um tribunal holandês para reduzir suas emissões totais de carbono. Na semana passada, Agência Internacional de Energia, uma defensora de longa data do setor, anunciou que investimentos em novos projetos de combustíveis fósseis devem ser cancelados para se atingir a meta de emissões de carbono zero até 2050.

A pressão sobre o setor de petróleo pela descarbonização está crescendo em múltiplas frentes. As gigantes do petróleo americanas que buscarem inspiração de seus pares mais avançados do outro lado do Atlântico vão encontrar algumas lições, mas nenhuma delas fácil.

As grandes petrolíferas europeias focaram sua atenção em áreas existentes de retorno mais alto em vez de abrir novos locais de exploração. Os investimentos em petróleo e gás foram drasticamente reduzidos durante a pandemia do novo coronavírus e continuam baixos.

Bilhões de dólares ainda serão gastos no negócio tradicional, mas provavelmente com uma taxa de risco maior por causa das incertezas com a demanda futura, custos de capital mais altos e aumento do preços do carbono.

O investimento verde vai crescer, mas isso não significa que Chevron e Exxon deveriam começar a construir parques solares ou eólicos. Projetos renováveis podem ser muito difíceis sem experiência relevante. A concorrência é feroz por novos locais e é um negócio com margem baixa — mais instalação que exploração. Há o risco de se pagar demais. A BP, a última das gigantes europeias a mudar a chave para a energia verde, pagou uma senhor ágio para entrar na exploração eólica no mar.

Biocombustíveis

As áreas mais promissoras para as americanas são aquelas que elas poderiam transferir parte de suas habilidades. Refinarias podem processar biocombustíveis assim como petróleo, combustíveis liquefeitos podem ser gás natural ou hidrogênio e dióxido de carbono capturado pode ser usado na recuperação de petróleo ou sequestrado. As europeias estão investindo nesses segmentos também.

InstitucionalOs investidores devem esperar baixas contábeis, tanto de capital investido em novos projetos de exploração de petróleo como em projetos especulativos em energia verde que não se materializam. Vender ativos de petróleo e gás pode ficar mais difícil.

No lado positivo, os preços e os fluxos de caixa devem se manter no médio prazo, apoiados tanto pelos menores investimentos em exploração quanto pela determinação da Arábia Saudita em manter o mercado equilibrado. Isso deve dar uma folga financeira que vai permitir que as superpetroleiras paguem por suas estratégias de transição.

Acionistas assustados

Mesmo com os preços em níveis saudáveis, a situação vai continuar difícil para os acionistas. Uma das lições do redirecionamento estratégico da BP é que mudar a forma de fazer negócio assusta os investidores tradicionais, mas raramente acontece rápido o suficiente para atrair o crescente número de investidores "verdes". Leva anos, até décadas, para que essas empresas enormes comecem a mostrar resultados significativos em seus portfólios. Veja o caso da Shell, que começou sua transição anos atrás, mas ainda enfrenta ataques de ativistas climáticos.

Os dividendos também estão na linha de tiro. Tanto Shell quanto BP reduziram seus pagamentos aos acionistas para bancar projetos de energia limpa no ano passado, apesar do colapso de preços não ter ajudado. O patamar mais alto, agora, pode ajudar as empresas americanas, se os níveis de endividamento permanecerem sob controle.

Outra boa notícia para Exxon e Chevron é que, hoje, já se sabe mais sobre essa transição do que quando a Shell e a francesa Total começaram. A descarbonização é, agora, uma prioridade quase universal, a produção de veículos elétricos está crescendo e as energias solar e eólica são geralmente mais baratas do que combustíveis fósseis.

As petroleiras americanas estão atrasadas, mas ao menos elas podem ter uma ideia mais clara do que pode vir a ser esse futuro verde.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Margem Equatorial
Rio-Macapá: novas fronteiras levam à região Norte
12/11/25
COP30
Petrobras e BNDES lançam primeiro edital do ProFloresta+...
12/11/25
Evento
ANP participa de conferência de Geofísica Sustentável, d...
12/11/25
Pré-Sal
PPSA aguarda decisão sobre aumento de participação da Un...
12/11/25
Bacia de Campos
PRIO assume operação do Campo de Peregrino com aquisição...
12/11/25
COP30
Portaria sobre embarcações sustentáveis entra em consult...
12/11/25
COP30
Eficiência energética é essencial para desacoplar cresci...
12/11/25
COP30
Embrapii abre chamada pública para capacitação de grupos...
12/11/25
PD&I
União de expertises
12/11/25
Gás Natural
GNLink e Bahiagás firmam contrato para levar gás natural...
11/11/25
Pré-Sal
P-79 deixa estaleiro na Coreia do Sul rumo ao campo de B...
11/11/25
Amazonas
Petrobras e Amazônica Energy firmam primeiro contrato pa...
11/11/25
Refino
Complexo de Energias Boaventura terá unidades de refino ...
11/11/25
COP30
Soluções baseadas na Natureza: mitigar mudanças climátic...
10/11/25
Combustíveis
Etanol registra alta na primeira semana de novembro, apo...
10/11/25
Brandend Content
Oil States participa da OTC Brasil 2025 e reforça seu co...
07/11/25
Resultado
Lucro líquido da Petrobras chega a US$ 6 bilhões no terc...
07/11/25
ANP
XIII Seminário de Segurança Operacional e Meio Ambiente ...
07/11/25
Indústria Naval
Transpetro lança licitação para contratação de navios de...
07/11/25
COP30
Embrapii participa de atividades sobre inovação na indústria
07/11/25
ANP
Combustível do Futuro: ANP fará consulta e audiência púb...
07/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.